Lendo Graça em obras
Cristina Maria Rosa
Em uma resenha intitulada “Um passeio literário
pela educação”, Vania Marta Espeiorin[1] organiza
alguns apontamentos e reflexões extraídos do livro Literatura: saberes
em movimento, organizado pelos pesquisadores Aparecida Paiva, Aracy
Martins, Graça Paulino, Hércules Corrêa e Zélia Versiani, que integram o Centro
de Alfabetização, Leitura e Escrita da UFMG. Escreve a resenhista: "A
ideia de movimento sinaliza avanços, novos ensinamentos, mudanças. Na educação,
o ato de ensinar e de aprender por meio do literário provoca questionamentos e
articula desafios, ou seja, pressupõe ação. [...] O livro é "uma
coletânea de artigos que mostra justamente a associação do texto literário com
o processo de ensino e as leituras da vida"
Capítulos
Em onze capítulos distribuídos em duas partes:
"Saberes literários e a escola como instância de formação de
leitores" e "Saberes literários e outras instâncias socioculturais de
formação de leitores", quinze estudiosos das áreas da educação,
literatura, teatro e letras discutem os efeitos do jogo dos saberes que
permeiam a esfera literária. Hércules Corrêa e Aracy Martins, na apresentação
"Os jogos dos saberes literários", desmistificam a concepção de que a
literatura é algo sem compromisso com a educação e o conhecimento. Mesmo que
ela não nasça para ensinar, pode proporcionar ao leitor saberes que se “movem,
se entrecruzam, se somam, se multiplicam, se dividem e, porque não, se
subtraem" (Corrêa e Martins, 2007: 8).
A resenha
O olhar dos pesquisadores, no livro resenhado por Vania Marta refere-se à Aula (2004),
livro em que Roland Barthes afirma que a literatura assume muitos saberes, de acordo com o olhar da resenhista. Em suas palavras: "Esse
vigor da literatura pode sugerir que ela não combina com métodos conservadores".
Ao referir-se à introdução "Literatura e educação: diálogos", a resenhista cita Vera Teixeira de Aguiar que "recupera a etimologia do termo", "discute conceitos de literatura e enfatiza que a literatura como arte de ler e escrever sempre esteve atrelada ao poder e ao prestígio dos grupos dominantes".
Ao referir-se à introdução "Literatura e educação: diálogos", a resenhista cita Vera Teixeira de Aguiar que "recupera a etimologia do termo", "discute conceitos de literatura e enfatiza que a literatura como arte de ler e escrever sempre esteve atrelada ao poder e ao prestígio dos grupos dominantes".
No recorte em que refere o trabalho de Graça em “Um
passeio literário pela educação”, Vania Marta Espeiorin informa que tendo
ciência que a formação de leitores não se restringe à escola, Graça Paulino
registra o crescimento da indústria editorial, elaborando um capítulo
intitulado "O mercado, o ensino e o tempo: o que se aprende com a leitura
que se vende?".
De acordo com Espeiorin (2008), Graça Paulino
centraliza a discussão no livro Memórias de minhas putas tristes,
do colombiano Gabriel García Marques. Lançada no Brasil em 2005, a obra ficou
em primeiro lugar na lista das mais vendidas. Paulino salienta o tipo de leitor
que a obra é capaz de cativar e lembra: "leitores se formam mesmo é
através de suas próprias leituras" (Paulino, 2007: 146), ou seja, das
próprias escolhas literárias, que podem estar na prateleira dos livros mais
vendidos ou não.
[1]
Resenha publicada na revista online Ciências & Cognição (http://www.cienciasecognicao.org) em
10 de dezembro de 2008. O artigo, na íntegra, está disponível em: http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v13_3/m318305.pdf.
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