quinta-feira, 29 de março de 2018

Listas incríveis, malucas e inventadas recebe catalogação


Inspirado na obra Listas Fabulosas, de Eva Furnari (Moderna, 2013), a proposta de criação deste e-book foi desenvolvida na disciplina Metodologia da Alfabetização, ofertada à Licenciatura em Pedagogia no segundo semestre de 2013.
A proposição inicial foi ouvir a leitura integral do livro e, depois, em grupos, criar listas que tivessem uma palavra para cada letra do alfabeto, inclusive o K, o W e o Y.
Em 2017, o livro recebeu a catralogação organizada pela Bibliotcária Leda Lopes, da BCS/UFPel. A partir daí, pôde ser compartilhado, uma vez que é um livro digital, sem fins lucrativos e integra os projetos da Sala de Leitura Erico Verissimo. Para solicitar o seu, envie email para cris@ufpel.tche.br.
O objetivo do trabalho – que teve início com um estudo sobre abecedários antigos e modernos – foi evidenciar os vínculos com a ordem alfabética que tudo, ou quase tudo pode ter. O argumento central para a proposição foi perceber que, ao criar listas, estamos oportunizando aos nossos alunos o ingresso no “mundo dos conceitos”, ou seja, na escrita e na compreensão do significado de palavras e expressões que foram cunhadas por alguém e que podem ou não estar inseridas no léxico de uma língua. Desse modo, possibilitamos que se tornem usuários competentes da língua escrita e que aprimorem seus saberes.
Ao confrontarem escritas e significados oriundos de seu entorno cultural, colocam em pauta o que já sabem e o que os demais sabem, mediados pelo professor e, também, pelo dicionário, alcançando assim, o conhecimento científico, objetivo da escola e do processo educativo.
Ao inventar palavras, as crianças, jovens e/ou adultos, nossos alunos, precisam saber que elas devem ser compreendidas por todos, demandando uma “explicação coerente” para que sejam aceitas, e incluídas no léxico.
O resultado de nosso trabalho, o e-book com seiscentas e setenta e seis palavras distribuídas em vinte e seis listas – uma para cada letra do Alfabeto – você conhece a seguir.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Crianças pequenas leem?

        Qual é a função da Educação Infantil no acesso das crianças à cultura escrita? Qual é o seu papel na formação de leitores? Como as crianças pequenas leem e escrevem? Que textos precisam ser disponibilizados para as crianças e de que forma eles podem ser trabalhados? O que as crianças de zero a cinco anos podem ler e escrever em casa, nas creches e pré-escolas?
É com essas questões que iniciei a conferência na sexta-feira, dia 16/03, para o grupo de professores do PNAIC Pré-Escola na UFRGS.

Literatura
Compreendo que a literatura infantil pode ser nomeada como literatura para...
Para as crianças.
E é representada por um grupo de textos, autores, temas, linguagem, práticas, procedimentos e eventos, imagens, cores e formatos criados, disseminados, comercializados, lidos, contados e disponibilizados para as crianças, escolarizadas ou não, de determinada época e local. Nas palavras de Peter Hunt (2010, p. 96):

“A literatura infantil, por inquietante que seja, pode ser definida como: livros lidos por; especialmente adequados para; ou especialmente satisfatórios para membros do grupo hoje definido como crianças”. Esse modo de pensar possibilita agregar a ideia de que livros infantis seriam apenas os “essencialmente contemporâneos” uma vez que os “conceitos de infância mudam tão depressa” que um livro “envelheceria” junto com a geração para a qual foi criado.


Lígia Cademartori afirma que, com frequência encontramos frases sobre esse tema que começam assim: “A criança é... ”; “A criança sente... ”; “A criança reage...” . Esquece-se que A criança não existe. Como não existe A mulher e, contrariando o que certa corrente psicanalista afirma, tampouco existe O homem, dito assim, desse modo que nivela individualidades. Mas existem, sim, crianças, como existem mulheres, como existem homens em múltiplas individuações. Quando generalizamos, presumimos. Quando presumimos, observamos pouco. Quando observamos pouco, não aprendemos. Se não aprendemos, o que podemos ensinar? A primeira infância é alvo das mais diferentes teorias. Distintas contribuições delas, certamente, serão entrecruzadas aqui. Isso é bom. Nosso suposto saber será abalado, e, se tivermos sorte, haverá lugar para a formulação de hipóteses novas. Não voltaremos para casa com a mesma bagagem.

O que recomendo?
Para responder a diversas perguntas sobre quais textos precisam ser disponibilizados para as crianças e de que forma eles podem ser trabalhados eu elenquei um grupo de atitudes.
Leia e, se tiveres dúvida, escreva para mim. Eu gosto muito de conversar sobre livros, leitura, brianças, bebês leitores...

Atitudes para ensisar a gostar de ler:

ü  Convide o teu bebê a ouvir com atenção;
ü  Permita e incentive-o a escolher o que quer ler;
ü  Apresente capa, tamanho, indique figuras, letras, formas, cores, formato, entre outros elementos que compõem o livro;
ü  Leia com voz adequada a cada momento da narrativa: em voz alta, com entonação, com rima, imitando ou inventando vozes para os personagens e cante, quando há canções;
ü  Convide a folhear ou permita que o bebê te ajude a folhear;
ü  Permita e incentive-o a segurar sozinho o livro;
ü   Narre os ritos de abrir, observar, fechar, trocar, guardar. Assim: Vamos abrir nosso livro? Olha só, a menina está andando de bicicleta! Será que ela vai passear na praia? Vamos folhear a próxima página e descobrir?
ü  Aponte e nomeie o livro entre outros objetos (brinquedos, por exemplo) ou imagens nele, para identificá-lo para a criança;
ü  Indique e mencione se ele foi danificado e lamente, solicitando que se cu Pergunte ao bebê olhando e/ou apontando para imagens ou escritos, sobre o que ele está vendo e ajude-o a identificar essas imagens;
ü  Compare, escolha, devolva, guarde, cuide e narre cada uma dessas atitudes, para que o bebê saiba que o livro e sua presença na família e na escola é importante;
ü  Presenteie livros, leve o bebê a ritos e eventos de letramento e mencione a coleção que ele está iniciando;
ü  Dê ou leia a ele os teus livros de infância e diga há quanto tempo estes livros estão entre vocês;
ü  Indique pessoas que leem, elogie os benefícios da leitura e usufrua da companhia do teu bebê ao ler os livros dele com ele;
ü  Escolha um lugar no quarto ou na casa e na sala ou na escola em que os livros do bebê serão armazenados, indique esse lugar para ele, dê acesso e elogie os cuidados que ele tem com o acervo;
ü  Por fim, deleite-se lendo com ele! 

Alfabeteando...

Um "Alfabeto à parte" foi criado em setembro de 2008 e tem como objetivo discutir a leitura e a literatura na escola. Nele disponibilizo o que penso, estudos sobre documentos raros e meus contos, além de uma lista do que gosto de ler. Alguns momentos importantes estão aqui. 2013 – Publicação dos estudos sobre o Abecedário Ilustrado Meu ABC, de Erico Verissimo, publicado pelas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo em 1936; 2015 – Inauguração da Sala de Leitura Erico Verissimo, na FaE/UFPel; 2016 – Restauro e ambientação da Biblioteca na Escola Fernando Treptow, inaugurada em 25 de novembro; 2017 – Escrita da Biografia literária de João Bez Batti, a partir de relatos pessoais. Bilíngue – português e italiano – tornou-se um E-Book; 2018 – Feira do Livro com Anna Claudia Ramos (http://annaclaudiaramos.com.br/). 2019 – Produção de Íris e a Beterraba, um livro digital ilustrado por crianças; 2020 – Produção de Uma quarentena de Receitas, um livro criado para comemorar a vida; 2021 – Ruas Rosas e Um abraço e um chá, duas produções com a UNAPI; 2022 – Inicio de Pesquisa de Pós-Doutorado em acervos universitários. Foco: Há livros literários para crianças que abordem o ECA? 2023 – Tragicamente obsoletos: Publicação de um catálogo com livros para a infância.

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