terça-feira, 23 de novembro de 2021

Por uma professoralidade com sentido e significado

 Professoralidade: encontro entre Condição, identidade e profissão docente

 

Cristina Maria Rosa[1]

Gabriel Martins Dos Santos[2]

 

O que é professoralidade? É a constituição da profissão no decorrer de seu exercício, considerada a formação, a identidade e a o exercício de tal profissão. Pode ser compreendido, de acordo com Hollweg & Vargas (2009), como o

 

“(...) desenvolvimento profissional consistente, organizado institucionalmente através da produção de lugares de sentido e significado, nos quais as redes de interação e de mediação possibilitem aos professores refletir, compartilhar e reconstruir experiências e conhecimentos próprios à especificidade da educação (...)”.

 

Esta reflexão só foi possível após a leitura e reflexão acerca de três textos: Condição docente, de Inês Teixeira; Identidade Docente, de Júlio Diniz-Pereira e Profissão Docente, de Ana Maria Falsarella, todos inseridos no Dicionário Crítico da Educação, publicado em 2014 pela Editora Dimensão, de Belo Horizonte. Proposta realizada na disciplina de Pré-Estágio em Física, a partir da reflexão de um dos estudantes da disciplina, recompusemos o texto e o estamos publicando-o a título de divulgação científica.

A leitura dos textos...

Após lidos os textos e considerada a questão central – há semelhanças entre os termos condição profissão e identidade docente? – passamos a uma leitura de compreensão das categorias para podermos afirmar que condição e identidade docente são os dois termos em que ocorre mais semelhança.

Segundo o texto Condição docente, de Inês Teixeira (2014), a condição docente depende das condições sócio históricas, materiais e simbólicas como o tipo de escola e materiais de trabalho, por exemplo, como também relaciona-se com a ação, a conduta e os comportamentos cotidianos dos sujeitos socioculturais implicados na relação docente-discente. Já a identidade docente, abordada por Júlio Diniz-Pereira (2014), constitui-se em relação ao outro, tanto às instituições – Estado, Universidades, Faculdades e programas de formação docente – quanto às pessoas (estudantes, familiares, professores, administradores de escolas, por exemplo.

Pensamos que, em ambas as categorias – condição e identidade docente – há similaridade quanto às relações entre pessoas e o ambiente ou os ambientes nos quais o professor está exercendo seu ofício. Embora essas relações tenham sido abordadas sob pontos de vista diferentes, percebemos nas formulações, similaridades. Quais?

ü  A identidade docente foi elaborada sobre o ponto de vista de como a pessoa se percebe como professor/professora, sendo essa “autodefinição”, nas palavras do autor, construída e desconstruída de acordo com as experiências que a pessoa teve, tem e terá. Conceito complexo, portanto. Como exemplo, poderíamos mencionar um graduado em Física que exerce suas atividades em um Curso de Licenciatura em Física e/ou Matemática na Universidade e que se percebe/deseja mais como pesquisador do que como professor. Ou, ainda, uma Pedagoga que exerce sua formação em uma Licenciatura que não a Pedagogia, tendo que selecionar temas e metodologias próprias da professoralidade para poder existir profissionalmente neste ambiente;

ü  Já no texto sobre a condição docente, a autora observa como a relação com as pessoas e o ambiente da prática docente afeta a condição de ensinar. Questões como o "espírito capitalista” no sistema educacional e interações afetadas pelo “novo” estilo de vida dos jovens, são mencionadas como intervenientes importantes;

 

Profissão docente: o que é isso?

Ao escrever Profissão Docente, Ana Maria Falsarella (2014) aborda, de forma ampla, a formação de professores e suas práticas. Para ela, professores são um grupo de profissionais em constante profissionalização, uma vez que independente da formação inicial (graduação e seus correlatos, pós-graduação e demais cursos). Professores, ainda, são um grupo de trabalhadores que usam suas habilidades e conhecimentos técnicos mesclados com sua habilidade intelectual para observar, detectar e propor soluções para os diversos problemas que podem surgir na vida escolar. A autora, ainda considera que, atualmente, a “técnica” que caracteriza a profissionalização está relacionada ao cumprimento de grande carga horária, dentre diversas outras exigências impostas pelas instituições aos professores, fragilizando sua professoralidade. No texto, ainda, Falsarella (2014) aborda, de forma ampla, a formação e sua prática. Segundo a autora, os professores são um grupo de profissionais em constante profissionalização, uma vez que independente da formação inicial (graduação e seus correlatos, pós-graduação e demais cursos), são um grupo de trabalhadores que usam suas habilidades e conhecimentos técnicos mesclados com sua habilidade intelectual para resolver os diversos problemas que podem surgir na vida escolar.

Para concluir...

Como estudar, descrever, abordar a professoralidade sem considerar os processos de identidade docente? Como discutir conceitos sem observar as condições de exercício da docência? Relacionada ao cumprimento de diversas exigências impostas pelas instituições aos professores, pela necessidade de qualificação constante e pelos desafios que cada nova geração de humanos aporta nas salas de aula, o que realmente caracteriza a profissionalização docente? O que seria a professoralidade neste “jogo” que parece ser de palavras/conceitos?

Sabemos que a fragilidade e a força
da professoralidade advém desta equação: formação, exercício e identificação. Mais sensibilidade, letramento e reconhecimento social, uma vez que todos nós, docentes ou futuros professores somos produtores de sentido e significado e deles dependemos.

Continuemos...

 

Referências:

DINIZ-PEREIRA, Júlio. Identidade Docente.  Dicionário Crítico da Educação. Belo Horizonte: Dimensão, 2014.

FALSARELLA, Ana Maria. Profissão Docente.  Dicionário Crítico da Educação. Belo Horizonte: Dimensão, 2014.

HOLLWEG A.C. & VARGAS, D. P. A construção da professoralidade do professor do ensino superior. Disponível em: https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/373/2019/02/8c900d9697f071bfb615f5f1b8e94cbf.pdf

TEIXEIRA, Inês Teixeira. Condição docente.  Dicionário Crítico da Educação. Belo Horizonte: Dimensão, 2014.



[1][1] Pedagoga, Doutora em Educação, docente responsável pela Disciplina de Pré-Estágio em Física na FaE/UFPel

[2] Estudante na Licenciatura em Física do IFM/UFPel.

Alfabeteando...

Um "Alfabeto à parte" foi criado em setembro de 2008 e tem como objetivo discutir a leitura e a literatura na escola. Nele disponibilizo o que penso, estudos sobre documentos raros e meus contos, além de uma lista do que gosto de ler. Alguns momentos importantes estão aqui. 2013 – Publicação dos estudos sobre o Abecedário Ilustrado Meu ABC, de Erico Verissimo, publicado pelas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo em 1936; 2015 – Inauguração da Sala de Leitura Erico Verissimo, na FaE/UFPel; 2016 – Restauro e ambientação da Biblioteca na Escola Fernando Treptow, inaugurada em 25 de novembro; 2017 – Escrita da Biografia literária de João Bez Batti, a partir de relatos pessoais. Bilíngue – português e italiano – tornou-se um E-Book; 2018 – Feira do Livro com Anna Claudia Ramos (http://annaclaudiaramos.com.br/). 2019 – Produção de Íris e a Beterraba, um livro digital ilustrado por crianças; 2020 – Produção de Uma quarentena de Receitas, um livro criado para comemorar a vida; 2021 – Ruas Rosas e Um abraço e um chá, duas produções com a UNAPI; 2022 – Inicio de Pesquisa de Pós-Doutorado em acervos universitários. Foco: Há livros literários para crianças que abordem o ECA? 2023 – Tragicamente obsoletos: Publicação de um catálogo com livros para a infância.

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