Graça no Bem Bom.
Imagem enviada pelo amigo Giani Fernandes
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Cristina Maria Rosa
Recebi
um e-mail de Rildo Cosson, hoje de manhã, sexta-feira, dia 11 de setembro. Nele, Rildo menciona uma troca de e-mails entre Graça e Aldo Lima, sobre a origem do termo Letramento Literário. Ao ler, em uma
nota de rodapé no livro "Letramento Poético", parte da
correspondência entre os dois, Rildo solicitou que Aldo partilhasse os e-mails
trocados. Rildo escreveu:
“Para além da generosidade intelectual
que sempre marcou a atuação da Graça, os e-mails mostram que ela nos oferece o
termo como parte do coletivo que o GPELL é e sempre foi para todos nós. Cordialmente,
Rildo Cosson”.
E Aldo, querido amigo, de Rildo, não se fez de rogado:
“Segue a resposta da nossa saudosa Graça
Paulino a respeito do conceito "letramento literário" criado por ela.
Como lhe falei pela manhã, fui aos 'enviados'.
Na verdade, é uma troca de e-mails sobre
o precioso assunto e o meu pedido da autorização dela para colocá-lo,
inicialmente, num ensaio que eu construía e avançou para o livro
"Letramento poético no Ensino Fundamental". Este seu pedido, Rildo, é
oportuno porque me alertou para a necessidade de ter este e-mail sempre
comigo como uma prova irrefutável de que a citação em meu livro é expressão de
verdade, transcrição ipsis litteris das palavras de Graça. Isso descarta qualquer dúvida acerca da
citação. Agradeço você encaminhar estes e-mails para nossa
colega. Abraço fraterno com saudações literárias. Aldo".
O diálogo
Em 16 de outubro de 2015, o professor Aldo escreveu:
“Prezada
Graça, tudo bem? Lembra-se de mim? Aldo, da UFPE. Gostaria de fazer-lhe uma
pergunta sobre a criação do termo “letramento literário”. Foi você que o criou?
Preciso confirmar essa informação para colocá-la em um ensaio que escrevi e no
qual cito estas suas palavras: “Usamos hoje a expressão letramento literário
para designar parte do letramento como um todo, fato social caracterizado por
Magda Soares como inserção do sujeito no universo da escrita, através de
práticas de recepção/produção dos diversos tipos de textos escritos que
circulam em sociedades letradas como a nossa. Sendo um desses tipos de textos o
literário, relacionado ao trabalho estético da língua, à proposta de pacto
ficcional e à recepção não-pragmática, um cidadão literariamente letrado seria
aquele que cultivasse e assumisse como parte de sua vida a leitura desses
textos, preservando seu caráter estético, aceitando o pacto proposto e
resgatando objetivos culturais em sentido mais amplo, e não objetivos
funcionais ou imediatos para seu ato de ler” (PAULINO, Graça. Letramento
literário: por vielas e alamedas. Revista da Faced, nº 5. Salvador, 2001, p.
117, 118). Aguardo sua resposta. Saudações literárias, Aldo de Lima”.
A resposta da Graça...
Em 19 de outubro de 2015, segunda-feira, às 15:20, Graça Paulino escreveu:
“Olá, Aldo. Em 1998 fui convidada para
uma palestra no meu Grupo de Trabalho da ANPED. Dei-lhe o título
de "Letramento literário: cânones estéticos e cânones
escolares". Já estava estudando a questão dos multiletramentos e
considerei que, dada a especificidade de formação e atuação de um leitor
literário, dada a especificidade do texto e dado o caráter estético do objetivo
maior da leitura, deveria ser explicitado tudo isso numa expressão exata:
"letramento literário". Após a palestra, muitos colegas me
procuraram, dizendo que não conheciam essa expressão, de onde eu a tinha tirado,
etc. Expliquei que tinha sido apenas uma ideia boa que me surgiu na mente
quando escrevia o texto e por isso a assumi. Quem gostou, também assumiu.
Depois de certo tempo, alguns passaram a me citar como criadora da expressão.
Nunca pesquisei seu ineditismo, pois não tinha tempo para isso. Agora, 17 anos
depois, a língua tomou sua direção contumaz: tornar coletivo tudo aquilo que é
coletivo de raiz. Rildo me perguntou se poderia usá-la como título de um livro
seu. Ri muito de nosso amigo escrupuloso. Eis a referência: PAULINO, Graça. Letramento
literário: cânones estéticos e cânones escolares. Caxambu: ANPED, 1998 (Anais
em CD ROM, Trabalho encomendado, GT 10)”.
O que aprendi...
Agradeço a Rildo por essa imensurável contribuição ao "Projeto um ano com Graça". Que preciosidade essa troca de correspondência! Que gentil seu compartilhamento!
E...
Que delícia ler um e-mail de Graça!
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