sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Graça e a origem do termo Letramento Literário

Graça no Bem Bom.
Imagem enviada pelo amigo Giani Fernandes
Graça e a origem do Letramento Literário
Cristina Maria Rosa

Recebi um e-mail de Rildo Cosson, hoje de manhã, sexta-feira, dia 11 de setembro. Nele, Rildo menciona uma troca de e-mails entre Graça e Aldo Lima, sobre a origem do termo Letramento Literário. Ao ler, em uma nota de rodapé no livro "Letramento Poético", parte da correspondência entre os dois, Rildo solicitou que Aldo partilhasse os e-mails trocados. Rildo escreveu:

“Para além da generosidade intelectual que sempre marcou a atuação da Graça, os e-mails mostram que ela nos oferece o termo como parte do coletivo que o GPELL é e sempre foi para todos nós. Cordialmente, Rildo Cosson”.

E Aldo, querido amigo, de Rildo, não se fez de rogado:

“Segue a resposta da nossa saudosa Graça Paulino a respeito do conceito "letramento literário" criado por ela. Como lhe falei pela manhã, fui aos 'enviados'.
Na verdade, é uma troca de e-mails sobre o precioso assunto e o meu pedido da autorização dela para colocá-lo, inicialmente, num ensaio que eu construía e avançou para o livro "Letramento poético no Ensino Fundamental". Este seu pedido, Rildo, é oportuno porque me alertou para a necessidade de ter este e-mail sempre comigo como uma prova irrefutável de que a citação em meu livro é expressão de verdade, transcrição ipsis litteris das palavras de Graça. Isso descarta qualquer dúvida acerca da citação. Agradeço você encaminhar estes e-mails para nossa colega. Abraço fraterno com saudações literárias. Aldo". 

O diálogo
Em 16 de outubro de 2015, o professor Aldo escreveu:

“Prezada Graça, tudo bem? Lembra-se de mim? Aldo, da UFPE. Gostaria de fazer-lhe uma pergunta sobre a criação do termo “letramento literário”. Foi você que o criou? Preciso confirmar essa informação para colocá-la em um ensaio que escrevi e no qual cito estas suas palavras: “Usamos hoje a expressão letramento literário para designar parte do letramento como um todo, fato social caracterizado por Magda Soares como inserção do sujeito no universo da escrita, através de práticas de recepção/produção dos diversos tipos de textos escritos que circulam em sociedades letradas como a nossa. Sendo um desses tipos de textos o literário, relacionado ao trabalho estético da língua, à proposta de pacto ficcional e à recepção não-pragmática, um cidadão literariamente letrado seria aquele que cultivasse e assumisse como parte de sua vida a leitura desses textos, preservando seu caráter estético, aceitando o pacto proposto e resgatando objetivos culturais em sentido mais amplo, e não objetivos funcionais ou imediatos para seu ato de ler” (PAULINO, Graça. Letramento literário: por vielas e alamedas. Revista da Faced, nº 5. Salvador, 2001, p. 117, 118). Aguardo sua resposta. Saudações literárias, Aldo de Lima”.

A resposta da Graça...
Em 19 de outubro de 2015, segunda-feira, às 15:20, Graça Paulino escreveu:

“Olá, Aldo. Em 1998 fui convidada para uma palestra no meu Grupo de Trabalho da ANPED. Dei-lhe o título de "Letramento literário: cânones estéticos e cânones escolares". Já estava estudando a questão dos multiletramentos e considerei que, dada a especificidade de formação e atuação de um leitor literário, dada a especificidade do texto e dado o caráter estético do objetivo maior da leitura, deveria ser explicitado tudo isso numa expressão exata: "letramento literário". Após a palestra, muitos colegas me procuraram, dizendo que não conheciam essa expressão, de onde eu a tinha tirado, etc. Expliquei que tinha sido apenas uma ideia boa que me surgiu na mente quando escrevia o texto e por isso a assumi. Quem gostou, também assumiu. Depois de certo tempo, alguns passaram a me citar como criadora da expressão. Nunca pesquisei seu ineditismo, pois não tinha tempo para isso. Agora, 17 anos depois, a língua tomou sua direção contumaz: tornar coletivo tudo aquilo que é coletivo de raiz. Rildo me perguntou se poderia usá-la como título de um livro seu. Ri muito de nosso amigo escrupuloso. Eis a referência: PAULINO, Graça. Letramento literário: cânones estéticos e cânones escolares. Caxambu: ANPED, 1998 (Anais em CD ROM, Trabalho encomendado, GT 10)”.

O que aprendi...

Agradeço a Rildo por essa imensurável contribuição ao "Projeto um ano com Graça". Que preciosidade essa troca de correspondência! Que gentil seu compartilhamento!
E...
Que delícia ler um e-mail de Graça!

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Alfabeteando...

Um "Alfabeto à parte" foi criado em setembro de 2008 e tem como objetivo discutir a leitura e a literatura na escola. Nele disponibilizo o que penso, estudos sobre documentos raros e meus contos, além de uma lista do que gosto de ler. Alguns momentos importantes estão aqui. 2013 – Publicação dos estudos sobre o Abecedário Ilustrado Meu ABC, de Erico Verissimo, publicado pelas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo em 1936; 2015 – Inauguração da Sala de Leitura Erico Verissimo, na FaE/UFPel; 2016 – Restauro e ambientação da Biblioteca na Escola Fernando Treptow, inaugurada em 25 de novembro; 2017 – Escrita da Biografia literária de João Bez Batti, a partir de relatos pessoais. Bilíngue – português e italiano – tornou-se um E-Book; 2018 – Feira do Livro com Anna Claudia Ramos (http://annaclaudiaramos.com.br/). 2019 – Produção de Íris e a Beterraba, um livro digital ilustrado por crianças; 2020 – Produção de Uma quarentena de Receitas, um livro criado para comemorar a vida; 2021 – Ruas Rosas e Um abraço e um chá, duas produções com a UNAPI; 2022 – Inicio de Pesquisa de Pós-Doutorado em acervos universitários. Foco: Há livros literários para crianças que abordem o ECA? 2023 – Tragicamente obsoletos: Publicação de um catálogo com livros para a infância.

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