segunda-feira, 29 de maio de 2017

Menina: muito mais que exemplar do sexo feminino

Na pesquisa informal, via rede de familiares, amigos e colegas através do aplicativo WhatsApp que realizei no dia 25 de maio e que encerro hoje, dia 29, recebi interessantes opiniões.
Endereçada a 124 pessoas, publico abaixo as respostas recebidas por, entre outras pessoas, uma menina de sete anos e uma de quinze. As demais respostas foram majoritariamente de mulheres entre 18 e 70 anos.
Se para o Dicionário, menina é “uma pessoa do sexo feminino desde o nascimento até a idade adulta, quando então, se torna mulher”, para a única menina que respondeu à pesquisa, “menina é uma bailarina” (Ana Clara, 7 anos). Para a adolescente Fernanda, 15 anos, menina é “o símbolo da inocência, da ingenuidade, longe no entanto, de pensamentos machistas, em que meninas são criaturas mais fracas e sua inocência vem do não saber as coisas. Meninas lembram beleza, luz, tudo de mais lindo que o mundo trás. E, com certeza, a sabedoria e a inteligência”.
Menina, garota ou guria é um termo usado frequentemente como um sinônimo para filha e, antes de responder, algumas pessoas ficaram impactadas com a pergunta, não se furtando a comunicar seu espanto: “Interessante questão, Cris...”, “Humm, vou pensar, já te respondo”, “Nossa! Hoje me falaram o seguinte: embora tenhas 44 anos, tu pareces uma menina. E sabe que eu fiquei pensando no que significaria "ser uma menina", “Há que se tirar a fralda para saber. Talvez nem assim!” e “O primeiro pensamento é um sinônimo: uma guria! Depois há muitos desdobramentos. Em relação ao gênero? Quando nasce? Depois de um tempo? Os hábitos? A vestimenta? O comportamento? Pergunta complexa...”.
Uma das pessoas que respondeu considerou a pergunta difícil e declarou que não sabia responder, mas escreveu: “Ser menina é estar vivendo o momento de encantamento e "pureza" de ser mulher. E o momento em que a doçura de ser mulher prevalece frente a preocupação de não ser. É ser sem expectativas aquilo que esperam daquela que um dia será mulher. É ser flor enquanto os espinhos não nascem”.
Logo depois desse primeiro momento de hesitação, os “conceitos” começaram a inundar minha tela e, além de me fazerem pensar, me tornaram mais sábia. Leia os depoimentos que recebi:
1.      A palavra em si já denuncia: inocência, pequenina, desabrochar de sentimentos, descobertas.
2.      Afetiva, delicada, guerreira, forte, menina/mulher.
3.      Alguém do sexo feminino que se compreende menina. O gênero é dado pelo sexo, sendo que menino/menina ou homem/mulher são construções culturais. Você nasce macho/fêmea e se torna homem ou mulher.
4.      Aquela criança que se define menina.
5.      Aquela que é a eterna criança, independentemente da idade, a que dança, canta, pinta, e não tem a vergonha de ser feliz.
6.      Bah, que difícil responder! Um ser humano tomado de possibilidades infinitas, de amorosidade, de força argumentativa e muita alegria.
7.      Cristina, você cutuca com as suas perguntas. Fico aqui refletindo. Eu entendo menina: uma criança, menina remete a alguém inocente. Pode ser considerada uma adulta com poucas vivências. Como a expressão "uma menina ainda". Foi o que veio a mente no primeiro momento.
8.      Difícil hoje. Uma menina, uma pessoa, do sexo feminino, genoma Xx.
9.      É a criança que se identifica no sexo feminino. Não obrigatoriamente tendo que se vestir de rosa e brincar de boneca.
10. É uma criança do sexo feminino. Simples assim!
11. É uma pessoa que, independente de ser criança, merece respeito. Sempre pensei e quis isso quando criança.
12. Eu penso, quando me dizem que pareço uma menina, que sou jovem, curiosa, leve, destemida, apaixonada. Acho que vou ter 80 anos e vou ser assim: uma menina.
13. Falando da parte genética, menina é aquela que nasce com pepeca. Mas para mim, menina é aquela pessoa sonhadora, sensível e com olhar doce, imatura que esta descobrindo o mundo. Muitas vezes escuto “tu és uma mulher, mas parece uma menina”. E tem muitos meninos com esse sentimento de menina e muitas vezes nossa sociedade é preconceituosa.
14. Infante humano fêmea. Mais do que tudo uma criança. Nada de lacinhos e frufru. A menina que eu fui era dona dum mundo imaginário infinito, fortemente fundado na leitura que os outros faziam para mim e quando finalmente aprendi a ler, pude me encerrar secretamente com meus favoritos. Enfim, o que quero dizer é que a questão de gênero nunca foi muito marcada na minha criação (na praia, íamos de calção e peito de fora, por exemplo, era uma primalhada misturada, difícil definir meninos e meninas...
15. Luz, alegria, felicidade completa! Tudo de bom!
16. Menina é a imagem que tenho de uma criança meiga delicada, de traços e jeitos femininos.
17. Menina é criança do sexo feminino.
18. Menina é o ser humano que se identifica com o sexo feminino, ainda criança.
19. Menina é poder sorrir, brincar e sonhar!
20. Menina é um jovem ser humano do sexo feminino, antes de atingir a puberdade, quando passará a ser uma moça.
21. Menina lembra inocência. É delicada, meiga.
22. Menina para mim é uma pessoa do sexo feminino. Quando atinge uma maturidade ou certa idade, se torna mulher.
23. Menina para mim sempre foi sinônimo de felicidade. Tive uma filha menina, "Beatriz“, que sempre fez justiça ao significado do nome. Agora tenho três netas: Ana Beatriz, Ana Júlia e Heloisa e continuo associando "menina" com "felicidade".
24. Não sei responder. Responderia biologicamente: Um ser humano do sexo feminino em idade restrita.
25. Para mim uma menina é uma criança do sexo feminino! Cada dia mais o significado de ser menina muda sob minhas lentes! Criança em sua essência é quase como um anjo, assexuado! A sociedade traça percursos em que "a menina" hoje pode decidir. Viver em uma sociedade como a nossa, digo ainda, sulista, impõe às meninas, certos tabus surreais, se pararmos para pensar com profundidade.

26. Para mim, menina é aquela pessoa que nasce com o sistema reprodutor feminino.
27. Para mim, menina é uma criança do sexo feminino, que gosta de brincar, fazer travessuras, inventar brincadeiras, cantar, dançar à vontade, sem vergonha, aproveitar tudo o que a vida lhe dá e assim curtir sua família e amigos.
28. Para mim, menina é uma criança do sexo feminino, que gosta de brincar, fazer travessuras, inventar brincadeiras, cantar, dançar à vontade, sem vergonha, aproveitar tudo o que a vida lhe dá e assim curtir sua família e amigos.
29. Para mim, menina é uma pessoa que se considera do sexo feminino.
30. Quando penso em menina só consigo pensar em minha filha. E pra mim ela é tudo!
31. Que interessante pesquisa. Menina é uma criança do gênero feminino. Segue com isso algumas características como ser delicada, alegre, meiga, inocente, esperta, enfim, estereótipos. Quando penso em menina, lembro de mim quando pequena, brincando de professora, de comidinha, de Barbie, como era bom ser menina!
32. Ser menina é possuir um jeito moleca de ser...
33. Um ser dotado de sensibilidade e inteligência aguçadas e peculiares. Na realidade utilizo esse termo para identificar o gênero feminino, que admiro muito pelas qualidades que referi, sensibilidade e inteligência, particularmente a emocional, que acredito ser muito superior a do homem.
34. Um ser humano do sexo feminino, menor de idade - em geral - mas também uso afetivamente para minhas alunas de qualquer idade. Já ouvi ser usado o termo em relação às travestis e às prostitutas.  Depende das circunstancias.
35. Uma criança do sexo feminino.
36. Uma criança quase igual a um menino. Não gosto de muitas convenções de gênero. Gostou da minha definição?
37. Uma menina é a definição que a nossa cultura atribuiu à criança que nasce com o sexo feminino, isto é, diferenciou "menina e menino" pela formato das partes íntimas (não sei se pode colocar vagina e pênis). É o mesmo que "guria" para nós gaúchos. Após certa idade indefinida – pois não se sabe quando começamos nos chamar mulher - deixamos de ser meninas e passamos a ser mulheres. Nascemos mulheres (por causa da definição biológica), mas, para suavizar a carga e adoçar chamamos "meninas" as crianças do sexo feminino.  Muitas mulheres, adultas são chamadas de meninas. Em qualquer idade. E muitas acham difícil ser chamadas de mulheres, pela carga que este nome tem. Às vezes pejorativo. Menina adoça, mas queremos ser doces pelo resto de nossas vidas? Acredito que a resposta venha de outra pergunta: Queremos ser amargas pelo resto de nossas vidas?
38. Uma menina é um ser lindo dotado de alegria, atitude e doçura, como todas as crianças.
39. Uma menina é uma criança ou adolescente do sexo feminino.
40. Uma menina é uma pessoinha particularmente especial. Com características atávicas, doçura nos trejeitos, instinto maternal desde os primeiros passos. Sua curiosidade com o mundo passa por essa doçura! São tão encantadores quanto os meninos, mas de um jeitinho bem particular!
41. Uma pessoa dotada de super poderes, mas impossibilitada de usufruir os mesmos. Inviabilizada é melhor.
42. Vida, alegria, mudança, criatividade, energia, esperança...

A partir de todas essas opiniões, com a riqueza das meninas que aqui se presentificaram através das escritas de amigas, irmãs, mães, avós e alguns pais e admiradores, encerro essa pequena pesquisa, agradecendo novamente. Percebe-se claramente que menina é muito mais que um "exemplar do sexo feminino": é um ser repleto de siginifcados.
A menina que fui, de infância estendida e adolescência plural, com brinquedos de menina (bonecas e casinhas) e de menino (bolinha de gude, carrinho de lomba e bicicleta), com amigas e amigos, protagonista de invenções e armações, com muitas festas de aniversário, banhos de rio, aventuras no sítio, primas e irmãos, teve a oportunidade de rever, em cada palavra enviada, o passado, pleno em meu presente.
Agradeço também este presente.
Obrigada!

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Alfabeteando...

Um "Alfabeto à parte" foi criado em setembro de 2008 e tem como objetivo discutir a leitura e a literatura na escola. Nele disponibilizo o que penso, estudos sobre documentos raros e meus contos, além de uma lista do que gosto de ler. Alguns momentos importantes estão aqui. 2013 – Publicação dos estudos sobre o Abecedário Ilustrado Meu ABC, de Erico Verissimo, publicado pelas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo em 1936; 2015 – Inauguração da Sala de Leitura Erico Verissimo, na FaE/UFPel; 2016 – Restauro e ambientação da Biblioteca na Escola Fernando Treptow, inaugurada em 25 de novembro; 2017 – Escrita da Biografia literária de João Bez Batti, a partir de relatos pessoais. Bilíngue – português e italiano – tornou-se um E-Book; 2018 – Feira do Livro com Anna Claudia Ramos (http://annaclaudiaramos.com.br/). 2019 – Produção de Íris e a Beterraba, um livro digital ilustrado por crianças; 2020 – Produção de Uma quarentena de Receitas, um livro criado para comemorar a vida; 2021 – Ruas Rosas e Um abraço e um chá, duas produções com a UNAPI; 2022 – Inicio de Pesquisa de Pós-Doutorado em acervos universitários. Foco: Há livros literários para crianças que abordem o ECA? 2023 – Tragicamente obsoletos: Publicação de um catálogo com livros para a infância.

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