Fidedignidade:
uma questão de pesquisa
Cristina
Maria Rosa
Na aula de Literatura Infantil do dia 08 de
agosto de 2017 dialogamos sobre fidedignidade.
O assunto surgiu a partir dos resultados de pesquisa comunicados em recente
evento, quando parte das informações disponibilizadas pelos pesquisadores foram
contestadas. Esse episódio – rico para quem pesquisa – evidenciou, para nós autores,
o quanto um público culto, bem informado e atento é importante para que
aprendamos mais e mais.
Mas vamos ao que nos propusemos...
É ser fiel à verdade, ser leal, exato, verídico.
Em pesquisa, é ser capaz de expressar o que se os dados revelam. Para o dicionário
Aurélio, é a “Qualidade daquele ou daquilo que é fidedigno” e fidedigno, é “digno de
todo o crédito”.
Todo pesquisador, mesmo que discorde
de resultados de pesquisas a partir de evidências que os dados revelam, deseja
ser fidedigno. Deseja ser capaz de revelar, a si mesmo e aos demais, as informações
que, em entrevistas, questionários e observações pode colher como retrato de um
tempo, um momento, uma realidade.
Mas pesquisar é muito mais do que ser fidedigno, uma vez
que pressupõe relação entre dados. E essas relações são de vários tipos, entre
eles, as relações de inteligência (pensar) sobre as revelações, de dúvida
(questionar) sobre os dados e suas revelações, de ponderação (supor) sobre
o evidenciado, de afirmação (concluir) de pequenas “verdades” e de estabelecimento
de parâmetros (generalizar) para pesquisar mais e com maior afinco.
No entanto, nenhuma pesquisa pode deixar de ser
fidedigna, sob o risco de perder a credibilidade.
Pesquisa Qualitativa
A pesquisa e, especialmente, a pesquisa
de cunho qualitativo, de acordo com Van Zanten (2004) pressupõe que o ponto de vista do investigador seja
“um pouco mais válido do ponto de vista científico” que os demais olhares a respeito
do mesmo fenômeno, pois este olhar – o do pesquisador – “representa rigor no
trabalho de investigação”.
Por ser um trabalho no qual se
aplica técnicas, seus resultados se inscrevem em um campo de produção
científica, mesmo quando se trata de um estudo pequeno, localizado. Assim, sua validade
diz respeito à contribuição que oferece a um conhecimento já existente.
É bom lembrar que toda
investigação aponta algo novo ao campo total de conhecimento e esse “novo”
pode ser um olhar a respeito de um fenômeno, uma forma de olhar, um recorte que
revela algo inusitado, uma peculiar relação estabelecida entre dados e mesmo, a
negação de tudo que anteriormente se sabia a respeito do estudado.
A questão central em pesquisa
qualitativa não é o tamanho do grupo que se estuda e, sim, o enfoque que se
pode dar aos dados revelados. E não se pode ignorar que a maneira como são restituídos
os resultados também produzem efeitos nas idéias e em sua generalização. Ou seja,
a cada vez que se disponibilizam dados coletados, estes se integram ao público
que os conhece que, desta forma, se torna mais culto em relação ao fenômeno.
Fidedignidade: os títulos lembrados
Na aula de hoje o tema foi Fidedignidade. Para
exemplificar o que é e como essa expressão aparece no campo da pesquisa qualitativa,
realizei, com as alunas presentes, uma mini investigação: solicitei que todas respondessem
se alguém já havia lido um texto, um livro ou mesmo um fragmento de livro para
elas na Universidade. Todas responderam que sim.
O próximo passo foi solicitar que escrevessem, em
seus cadernos, quais os títulos e autores do texto ou dos textos que lhes
haviam sido apresentados. Poderiam também, utilizar os gêneros conhecidos na disciplina,
uma vez que o foco da Literatura Infantil I ofertada de forma optativa na Licenciatura em Pedagogia, é o contato intenso com gêneros, autores e obras.
Depois de certo tempo, uma a uma, todas leram, em
voz alta e para as colegas, os títulos que lhes ficaram na memória. E foram setenta
e cinco os títulos lembrados, entre clássicos da literatura universal,
clássicos brasileiros, regionalistas, poetas encantadores e autores moderníssimos.
Do total de textos mencionados, 38 (50,66%) representaram a variedade, uma vez
que muitos leram ou lembraram as mesmas obras.
Quer conhecer os mencionados? A seguir, em ordem
alfabética de títulos e com fidedignidade, o resultado da pesquisa de hoje.
Títulos
e seus autores:
1.
A cozinha encantada dos
contos de fada, de Katia Canton;
2.
A história mais triste
do mundo, de Mário Corso ;
3.
A revolta dos
gizes de cera, de Drew Day Walt e Oliver Jeffers;
4.
A vida do Elefante
Basílio, de Erico Verissimo;
5.
Artinha de Leitura, de
João Simões Lopes Neto;
6.
As aventuras do avião
vermelho, de Erico Verissimo;
7.
Assim assado, de Eva
Furnari;
8.
Azul e
lindo planeta terra nossa casa, de Ruth Rocha;
9.
Baú de espantos, de
Mário Quintana
10.
Biblioteca, de Manoel de
Barros;
11.
Chapeuzinho Amarelo, de
Chico Buarque;
12.
Chapeuzinho Vermelho, de
Charles Perrault;
13.
De fora da Arca, de Ana
Maria Machado;
14.
Dona Baratinha, de Ana
Maria Machado;
15.
Fadas no Divã, de Diana
e Mário Corso;
16.
Histórias do Mundo para
crianças, de Monteiro Lobato;
17.
Lobato em Quadrinhos, de
Monteiro Lobato;
18.
Lulu, de Fabrício
Carpinejar;
19.
Mania de explicação, de
Adriana Falcão
20.
Memórias da Emília, de
Monteiro Lobato;
21.
Monstruário, de Mário
Corso
22.
Não confunda, de Eva
Furnari;
23.
Negrinha, de Monteiro
Lobato;
24.
O gato de bombachas, de
R. S. Keller e Marcio Melgareco;
25.
O mágico
de Oz, de Lyman Frank Baum
26.
O noivo ladrão, de Jacob
e Wilhelm Grimm;
27.
O príncipe sapo, de Jacob
e Wilhelm Grimm;
28.
O sítio do Picapau
Amarelo, de Monteiro Lobato;
29.
O soldadinho de chumbo
de Hans Christian Andersen;
30.
Os fantásticos livros
voadores de Modesto Máximo, de William Joyce;
31.
Os três porquinhos
pobres, de Erico Verissimo;
32.
Os três porquinhos
preguiçosos, de Jacob e Wilhelm Grimm;
33.
Poemas que escolhi para
crianças, de Ruth Rocha;
34.
Reinações de Narizinho,
de Monteiro Lobato;
35.
Rosa Maria no castelo
encantado, de Erico Verissimo;
36.
Sapato furado, de Mário
Quintana;
37.
Sapo amarelo, de Mário
Quintana;
38. Um violão e uma viola, de Ana Maria Machado
38. Um violão e uma viola, de Ana Maria Machado
Concluindo
A fidedignidade pressupõe, também, dignidade e ser digno é ser merecedor do respeito de nossos orientandos. Ser digno, é ser merecedor do olhar admirado do outro. Ser digno é qualificar e preservar o maior bem público: o conhecimento.
Ao concluir este pequeno exercíco de pesquisa, em uma manhã de inverno em agosto de 2017, aprendi e ensinei. Dividi o que sei e observei o que ainda preciso aprender.
Minhas alunas, atualmente, serão colegas, em breve. Pedagogas que, como eu, precisam aprender a ouvir para, com dignidade e fidedignidade, falar.
Estamos no caminho!
Referências:
A fidedignidade pressupõe, também, dignidade e ser digno é ser merecedor do respeito de nossos orientandos. Ser digno, é ser merecedor do olhar admirado do outro. Ser digno é qualificar e preservar o maior bem público: o conhecimento.
Ao concluir este pequeno exercíco de pesquisa, em uma manhã de inverno em agosto de 2017, aprendi e ensinei. Dividi o que sei e observei o que ainda preciso aprender.
Minhas alunas, atualmente, serão colegas, em breve. Pedagogas que, como eu, precisam aprender a ouvir para, com dignidade e fidedignidade, falar.
Estamos no caminho!
Referências:
ROSA, Cristina. Perfil leitor do estudante de Pedagogia
2017-2019. Projeto de Pesquisa. Disponível em: http://peteducacao.blogspot.com.br/p/planejamento-2017.html
Van Zanten, Agnès. Pesquisa qualitativa em educação:
pertinência, validez e generalização. PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 22, n.
01, p. 25-45, jan./jun. 2004. Disponível em: http://josenorberto.com.br/03_artigo_zanten.pdf
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