O mediador pode ser conceituado como um carteiro, disse Mônica Baptista Correa.
E eu adorei.
Seu tesouro: as cartas.
Ele as entrega aos destinatários.
Alguns deles ainda não sabem decifrar e o carteiro é convidado a ler, em voz alta, as boas novas.
Às vezes tristes, as notícias unem dois mundos: o de quem planejou, providenciou, redigiu.
Planejou o envio, a entrega.
Providenciou papel, envelope, selos.
Redigiu cada uma das palavras, apagando algumas, exagerando outras, sonorizando cada uma.
As novas ali impressas, unem esses dois.
Mundos.
O de quem enviou.
E o outro.
De quem recebeu, ouviu, leu, se emocionou.
Assim, a mediação é a
apresentação de um texto a outrem, é um modo de dizer ao outro: "Escuta! Ouça só que interessante, que curioso esse autor! Ouça o que ele escreveu,
perceba a maneira única de dizer..."
A mediação é mais que a atividade de um carteiro.
O mediador é um curioso que espia todas as cartas que entrega.
Ele não obedece o princípio do sigilo: ele divulga o escrito.
E, não raras vezes, imprime voz ao emitente.
O destinatário chora após a emoção do carteiro que, tendo lido antes, não ameniza e sim imprime lágrimas na descrição do choro.
O mediador é um carteiro em desvio de função.
O mediador lê.
E não se fura de emocionar.
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