O que são
micropolíticas de leitura?
São políticas – arte ou ciência –
dedicadas a intervir na existência singular dos sujeitos, tornando-os entregues
à fantasia – libertos do agir prático e da necessidade
(Queirós, 2009) – através da fruição literária. Tem como objetivo a qualidade da existência humana, um bem inalienável.
Micropolíticas
de leitura são atitudes engendradas a partir de um projeto literário que intenciona
inserir crianças, estudantes e professores dos anos iniciais em uma sociedade
leitora. É um projeto literário
e também uma ação política.
Princípio
Parte-se
da certeza de que a fruição da arte literária é um direito que ainda não está
escrito e, para tal, precisa ser desejado, formulado e produzido entre os seres
humanos. As micropolíticas – ações organizadas com objetivos claros e
princípios éticos defensáveis universalmente – configuram o campo, tornando a
literatura indispensável à existência, elevando-a à condição de artesania
humana.
Objetivos
1.
Democratizar o poder de criar,
imaginar, recriar, romper o limite do provável;
2.
Acolher a todos e concorrer para o
exercício de um pensamento crítico, ágil e inventivo;
3.
Possibilitar à
infância acesso ao texto literário como essencial para o seu crescimento;
4.
Promover atividades
que tem a literatura como objeto central;
5.
Fazer do País
uma sociedade leitora;
6.
Sonhar um País
mais digno.
Sala de Leitura
Erico Verissimo
As micropolíticas de leitura desencadeadas pelo GELL – Grupo
de Estudos em Leitura Literária –, são representadas pela criação de um conceito – a alfabetização literária –
pela composição de um acervo literário,
pela disponibilização deste em um
local e em atividades como cursos curtos, leituras públicas, saraus literários
e visitas guiadas e pela criação de uma metodologia
de ensino – a mediação para o gostar de ler.
A materialidade
Inserido em uma estrutura acadêmica que integra ensino,
pesquisa e extensão, a Sala de Leitura
tem como centralidade a proposição de micropolíticas de formação do leitor
literário. Geograficamente localizada no térreo do ICH, é vinculada à Faculdade
de Educação.
Foco na formação de
professores
A formação do mediador literário é estruturador e primordial
no exercício cotidiano da docência nos anos iniciais da escolaridade. A
argumentação parte do princípio de que crianças que chegam à escola pública
precisam ser apresentadas à linguagem literária, alfabetizadas literariamente
(ROSA, 2015).
Ao referir-se à formação do leitor, Zilberman (2003, p. 30)
diz que a legitimidade do uso da literatura na sala de aula vem tanto “da
relação que estabelece com seu leitor, convertendo-o num ser crítico perante a
sua circunstância” quanto “do papel transformador que pode exercer dentro do
ensino, trazendo-o para a realidade do estudante”.
Outra das ideias compartilhadas é que a oportunidade de
entrar em contato com impressos que a escola e a sociedade valorizam deve
acontecer através do professor. Assim, a alfabetização literária requer a
atitude de um mediador – uma pessoa que "estende pontes entre os livros e
os leitores" (REYES, 2014).
O que é a leitura
literária?
Para Paulino (2014, p. 177) há, quando da leitura, um “pacto
entre leitor e texto” que “inclui, necessariamente, a dimensão imaginária, em
que se destaca a linguagem como foco de atenção, pois através dela se inventam
outros mundos, em que nascem seres diversos, com suas ações, pensamentos,
emoções”. A pesquisadora argumenta que a leitura literária constitui “uma
prática capaz de questionar o mundo já organizado, propondo outras direções de
vida e de convivência cultural”. Ao selecionar “livros que fascinam”, os
mediadores transformam pessoas em leitores. Leitores de imagens, leitores de
textos, leitores de sentidos, leitores de vidas.
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