Durante minha pesquisa, realizei várias descobertas.
Uma, foi a minha orientadora, Drª. Graça Paulino, da UFMG.
Em suas palavras, a descrição de meu intento ou o problema de pesquisa nas palavras de Graça Paulino:
Uma, foi a minha orientadora, Drª. Graça Paulino, da UFMG.
Em suas palavras, a descrição de meu intento ou o problema de pesquisa nas palavras de Graça Paulino:
"Ao acompanhar o Estágio Pós-Doutoral da Professora da Universidade Federal de Pelotas, Cristina Maria Rosa, com Mestrado e Doutorado em Educação, conheci seu Projeto de Pesquisa que teve como objeto a análise de aspectos pedagógicos e culturais de quatro cartilhas escritas na primeira metade do século XX por escritores gaúchos: Pedro Wayne (Histórias da Teté), João Simões Lopes Neto (Artinha da Leitura), Mario Quintana (O Batalhão das Letras) e Erico Verissimo (Meu ABC). Os dois primeiros nunca chegaram a publicar essas obras ligadas à alfabetização. E, se o livro de Mario Quintana é até hoje prestigiado, o de Erico Verissimo não só nunca é citado em sua bibliografia como nunca deu origem a um estudo especializado, tendo desaparecido dos acervos a ponto de serem encontrados apenas dois exemplares em bibliotecas abertas ao público ou a pesquisadores. Esse fato deu origem à curiosidade intelectual de Cristina Maria Rosa, que se propôs entender razões que teriam levado três ficcionistas e um poeta a se dedicarem à escrita de obras de alfabetização e o possível impacto cultural que essa atitude teria, especialmente no Rio Grande do Sul. A escolha da FaE/UFMG para realizar tal pesquisa se deveu não só ao acervo de trabalhos sobre alfabetização do Ceale como também à existência de uma forte Linha de Pesquisa sobre Educação e Linguagem na Pós-Graduação. O pedido de supervisão foi a mim dirigido pela formação literária e interesse pelo ensino de literatura que meu currículo evidenciou para ela. Combinamos, então, que ela ficaria em Belo Horizonte, com imersão nas atividades da FaE, durante o segundo semestre de 2010, voltando a Pelotas em 2011 para escrever um livro sobre o foco de sua pesquisa".
Outra descoberta foi a Drª. Maria da Glória Bordini.
Intelectual gaúcha fortemente vinculada à obra de Verissimo, Glória Bordini leu os originais de meu livro e, entre outras coisas, escreveu:
Intelectual gaúcha fortemente vinculada à obra de Verissimo, Glória Bordini leu os originais de meu livro e, entre outras coisas, escreveu:
"O mérito principal da investigação de Cristina Maria Rosa está em que ela não envereda pela pedagogia da leitura, embora solidamente plantada nesse chão. A própria trajetória de sua pesquisa a orienta para a dimensão de um projeto literário que legitima o abecedário, mesmo que as teorias de letramento atuais possam descartá-lo como instrumento de ensino. A pesquisadora não analisa o conteúdo do livro desaparecido: ela constrói uma hipótese sobre por que foi escrito, fundada nas experiências de Erico Verissimo com a literatura infantil e juvenil – que ela descreve passo a passo – para delinear o que chama de projeto literário e pedagógico do escritor. Com base nos protocolos de leitura encontrados tanto no interior das obras infantis de Erico quanto em paratextos dessas edições Globo, ela propõe que o escritor, diante da rarefação da leitura na época, teria buscado conquistar a infância, desde tenras idades, por um diálogo em que se colocava à sua altura, visando a formação de um público leitor, o que se comprova igualmente pela poética de seu romance, voltada para a comunicação com o leitor médio. Numa hábil análise desses protocolos, em suas diversas formas de indução à leitura, Cristina Maria Rosa demonstra que o autor tinha um inventivo projeto pedagógico, de cariz republicano, que o leitor desta investigação irá encontrar nas suas últimas páginas e que faz jus à utopia da plena emancipação do homem que sempre animou a literatura de Erico".
Pude entrevistar Flávio Loureiro Chaves, amigo e grande conhecedor de Verissimo. Uma de minhas questões foi a respeito do desaparecimento do Abecedário Meu ABC, de Erico Verissimo. Ele escreveu:
"A crítica da época não se interessava por essa área, considerando-a
talvez subliteratura. Quanto à crítica ulterior, penso que ele ficou
"imprensado" ou "esquecido" por dois motivos. Antes dele
ocorrera a hiper-valorização de Monteiro Lobato. Depois, a partir dos 70,
deu-se o "boom" dos livros infantis e com eles a hiper-valorização das
"novidades" (muitas vezes sem observar-se a qualidade). Acho que a
contribuição de EV situou-se historicamente entre os dois fenômenos e, assim,
desprovida de maior avaliação crítica. Aliás, muitos o consideravam, nesse
segundo momento, já ultrapassado. Será?" (CHAVES, 2011, s/nº).
Chaves (2011) acredita que “Erico Verissimo não
se interessava muito em promover os velhos livros escritos nos anos 30” uma vez
que estava “mais preocupado com os romances produzidos de "O
Continente" (1949) em diante e, disto sim, fui testemunha em mais de uma ocasião”.
Não foram grandes descobertas?
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