terça-feira, 17 de maio de 2022

Importante é encontrar a magia que existe nas coisas...

 

Imagem: Cristina Rosa.
Museu Iberê Camargo, 2022.
Exposição Maria Lídia Magliani.

Três mulheres, três projetos...

Cristina Maria Rosa

 

Orientar estudantes de Pós-Graduação é um sonho para parte considerável dos docentes universitários e pesquisadores em particular. Observar como os temas se organizam, se oferecem ao olhar atendo de cada jovem pesquisador que “nasce” sob nossos cuidados é sempre uma maternidade. Foi assim também comigo neste momento na Especialização em Educação. 

Ter Ângela, Estefânia e Letícia sob minha guarda e poder oferecer a elas parte de meus saberes, me fez lembrar uma frase de Iberê Camargo: "Não conheço maior generosidade do que aquela de quem reparte a criação e a sua riqueza intelectual". Iberê foi mágico, nessa frase. Para ele, “importante é encontrar a magia que existe nas coisas, na vida”, pois, do contrário, ele dizia, “seria apenas um testemunho visual de um fenômeno ao alcance de qualquer um".

Iberê já não mais está entre nós. Mas sua obra – desenhos, pinturas, palavras – sim.

Permanecem.

Reverberam...

Outro Camargo – o cirurgião pulmonar J.J. Camargo, colunista de Zero Hora – pensa e divide conosco suas impressões sobre o que está pertinho de  nós, se apresentando como fenômenos "ao alcance da mão". Em suas palavras, “aparentemente, de tanto querer o desnecessário, acabamos perdendo o que sempre esteve ao alcance da mão, mas que por estar assim, oferecido, foi ignorado”.

Aqui, nada se ignora.

Cada descoberta, por pequena que seja, permanece como degraus, em uma escada; como tijolos, em uma edificação; como livros que lemos a vida toda e ao fim de um tempo longo, aparecem em nossas estantes.

A seguir, te apresento as três mulheres e os três projetos anunciados no título.

Ângela e a história da ciranda

Ângela Corrêa Papaiani pretende, em seu artigo final na Especialização, analisar diversas manifestações da Ciranda enquanto elemento lúdico. Tendo lido Ciranda das Loucas, de Juçara Dutra Vieira, inspirou-se para propor o Flor de Cacto

, um projeto desenvolvido em uma Escola Pública com estudantes no Ensino Médio. Ao escolher a Ciranda, Ângela deseja salientar a importância e permanência dessa manifestação cultural até hoje nos espaços escolares e, para que isso ocorra, pesquisou sua origem. Descobriu os caminhos percorridos pela Ciranda até chegar ao nosso país, mais especificamente, em Pernambuco e entendeu que esta “brincadeira” é, também, um símbolo de resistência não apenas na educação infantil. Em seu artigo final, a estudante de pós-graduação apresenta brevemente a história de Lia de Itamaracá, considerada Patrimônio Vivo de Pernambuco. A fundamentação teórica de seu texto está pautada em Homo Ludens, de Huizinga (1996), e as palavras-chave a partir das quais seu trabalho pode ser encontrado são: cirandas, ludicidade; empoderamento; feminismo e ambiente escolar.



Estefânia e a leitura literária no mundo on-line

Estefânia Alves Konrad apresenta, em seu artigo, a rede social Instagram como possível ferramenta para aprender e ensinar literatura. Tendo tido acesso a três profissionais que a utilizam, descobriu que, até 2020, não havia pesquisas que registrassem o trabalho de digitais influencer. Ao dissertar sobre o uso do aplicativo, sua influência na educação e os públicos que os posts sobre literatura atingem, elaborou uma reflexão teórica sobre o fenômeno.

Letícia e a alfabetização de crianças falantes de Pomerano.

         Letícia Sell Storch Venzke  revela, em seu estudo, parte da produção científica a respeito da alfabetização de pomeranos. Além da conservação da língua materna entre crianças pomeranas que, na escola, acessam a língua oficial como prioridade, a relevância de sua pesquisa está em entender o que tem sido estudado e qual a ênfase dada ao tema em diferentes áreas do conhecimento e contextos geográficos. Ao compor um “estado da arte”, deu ênfase a trabalhos indicados pela plataforma Google Acadêmico entre 2012 e 2022, tendo como critério utilizado títulos nos quais havia as palavras da expressão “alfabetização de pomeranos”. Ao todo, foram considerados quarenta produtos (artigos, dissertações e teses). No referencial teórico, Spinassé (2006) e Bahia (2011) que estudam a aquisição da língua materna e o ensino bilíngue.


Nenhum comentário:

Alfabeteando...

Um "Alfabeto à parte" foi criado em setembro de 2008 e tem como objetivo discutir a leitura e a literatura na escola. Nele disponibilizo o que penso, estudos sobre documentos raros e meus contos, além de uma lista do que gosto de ler. Alguns momentos importantes estão aqui. 2013 – Publicação dos estudos sobre o Abecedário Ilustrado Meu ABC, de Erico Verissimo, publicado pelas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo em 1936; 2015 – Inauguração da Sala de Leitura Erico Verissimo, na FaE/UFPel; 2016 – Restauro e ambientação da Biblioteca na Escola Fernando Treptow, inaugurada em 25 de novembro; 2017 – Escrita da Biografia literária de João Bez Batti, a partir de relatos pessoais. Bilíngue – português e italiano – tornou-se um E-Book; 2018 – Feira do Livro com Anna Claudia Ramos (http://annaclaudiaramos.com.br/). 2019 – Produção de Íris e a Beterraba, um livro digital ilustrado por crianças; 2020 – Produção de Uma quarentena de Receitas, um livro criado para comemorar a vida; 2021 – Ruas Rosas e Um abraço e um chá, duas produções com a UNAPI; 2022 – Inicio de Pesquisa de Pós-Doutorado em acervos universitários. Foco: Há livros literários para crianças que abordem o ECA? 2023 – Tragicamente obsoletos: Publicação de um catálogo com livros para a infância.

Arquivo do blog