terça-feira, 16 de junho de 2015

Alfabetização Literária

Alfabetização literária: primeiro conceito
Cristina Maria Rosa      

Alfabetização literária é um processo de apresentação do mundo da literatura aos demais: bebês, crianças, adolescentes, adultos, velhos. Para tal, é preponderante a atitude de um mediador – uma pessoa que "estende pontes entre os livros e os leitores" (REYES, 2014). Ao selecionar “livros que fascinam”, os mediadores transformam pessoas em leitores. Leitores de imagens, leitores de textos, leitores de sentidos, leitores de vidas.
A alfabetização literária demanda um futuro leitor, um mediador e um livro. O pretenso leitor está em cada uma das pessoas que ainda não lê por prazer. O mediador, em cada uma daquelas que já descobriram o gosto de ler. Sim, pois ninguém nasce gostando de ler. Nem desgostando. De acordo com Antunes (2013), o gosto pela leitura não é um atributo genético. Precisa ser ensinado, produzido entre os seres humanos [...]".
Graça Paulino (2014) afirma que a leitura literária pressupõe “uma prática cultural de natureza artística, estabelecendo com o texto lido uma interação prazerosa” e é necessário um “pacto entre leitor e texto” que inclui, necessariamente, “a dimensão imaginária”, pois é através dela que “se inventam outros mundos, em que nascem seres diversos, com suas ações, pensamentos, emoções” (p. 177).

Assim, alfabetizar-se requer um sujeito que deseja - o futuro leitor -, um sujeito que ama - o leitor - e um objeto de desejo: o livro. É uma equação simples, tramada através de um pacto. O pacto é vivido no texto não escrito que Bartolomeu Campos de Queirós anunciou desejar conhecer. Para ele, o autor propõe um diálogo que necessita do leitor e este diálogo, esse entendimento, a nova obra que brota da interação autor/leitor é a verdadeira literatura, a obra (no sentido da manufatura) literária. Ao mesmo tempo insondável e experimentação, a obra não escrita revela o literário do pacto. Alfabetizar-se requer, também, vias de mão dupla: eu leio, tu ouves. Tu lês, eu ouço. Queres ler?

       


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Alfabeteando...

Um "Alfabeto à parte" foi criado em setembro de 2008 e tem como objetivo discutir a leitura e a literatura na escola. Nele disponibilizo o que penso, estudos sobre documentos raros e meus contos, além de uma lista do que gosto de ler. Alguns momentos importantes estão aqui. 2013 – Publicação dos estudos sobre o Abecedário Ilustrado Meu ABC, de Erico Verissimo, publicado pelas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo em 1936; 2015 – Inauguração da Sala de Leitura Erico Verissimo, na FaE/UFPel; 2016 – Restauro e ambientação da Biblioteca na Escola Fernando Treptow, inaugurada em 25 de novembro; 2017 – Escrita da Biografia literária de João Bez Batti, a partir de relatos pessoais. Bilíngue – português e italiano – tornou-se um E-Book; 2018 – Feira do Livro com Anna Claudia Ramos (http://annaclaudiaramos.com.br/). 2019 – Produção de Íris e a Beterraba, um livro digital ilustrado por crianças; 2020 – Produção de Uma quarentena de Receitas, um livro criado para comemorar a vida; 2021 – Ruas Rosas e Um abraço e um chá, duas produções com a UNAPI; 2022 – Inicio de Pesquisa de Pós-Doutorado em acervos universitários. Foco: Há livros literários para crianças que abordem o ECA? 2023 – Tragicamente obsoletos: Publicação de um catálogo com livros para a infância.

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