Cristina Maria Rosa
Alfabetização literária é um processo de apresentação do mundo da literatura aos demais: bebês, crianças,
adolescentes, adultos, velhos. Para tal, é preponderante a atitude de um
mediador – uma pessoa que "estende pontes entre os livros e os
leitores" (REYES, 2014). Ao selecionar “livros que fascinam”, os
mediadores transformam pessoas em leitores. Leitores de imagens, leitores de
textos, leitores de sentidos, leitores de vidas.
A alfabetização literária demanda um futuro leitor,
um mediador e um livro. O pretenso leitor está em cada uma das pessoas que
ainda não lê por prazer. O mediador, em cada uma daquelas que já descobriram o
gosto de ler. Sim, pois ninguém nasce gostando de ler. Nem desgostando. De
acordo com Antunes (2013), o gosto pela leitura não é um atributo genético.
Precisa ser ensinado, produzido entre os seres humanos [...]".
Graça Paulino (2014) afirma que a leitura literária
pressupõe “uma prática cultural de natureza artística, estabelecendo com o
texto lido uma interação prazerosa” e é necessário um “pacto entre leitor e
texto” que inclui, necessariamente, “a dimensão imaginária”, pois é através
dela que “se inventam outros mundos, em que nascem seres diversos, com suas
ações, pensamentos, emoções” (p. 177).
Assim, alfabetizar-se requer um sujeito que deseja
- o futuro leitor -, um sujeito que ama - o leitor - e um objeto de desejo: o
livro. É uma equação simples, tramada através de um pacto. O pacto é vivido no
texto não escrito que Bartolomeu Campos de Queirós anunciou desejar conhecer.
Para ele, o autor propõe um diálogo que necessita do leitor e este diálogo,
esse entendimento, a nova obra que brota da interação autor/leitor é a
verdadeira literatura, a obra (no sentido da manufatura) literária. Ao mesmo
tempo insondável e experimentação, a obra não escrita revela o literário do
pacto. Alfabetizar-se requer, também, vias de mão dupla: eu leio, tu ouves. Tu
lês, eu ouço. Queres ler?
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