A construção do termo Letramento Literário
Cristina Maria Rosa
Na manhã de 06 de novembro,
nos reunimos para conhecer, aprofundar e comemorar a presença de Graça entre
nós.
O convidado, Rildo Cosson,
em sua fala, lembrou-nos de como Graça e ele redigiram o conceito de Letramento
Literário[1], a partir de um convite de
Regina Zilberman e Tania Rösing à Graça. Isto em 2009. Rildo ressaltou:
Como Graça havia cunhado o
termo, cabia a ela, escrever. Generosa, me convidou. Fizemos um rascunho. E...
Começamos a escrever. A definição, o termo, o conceito e outra parte, o
letramento literário na escola.
E...
Atentamos os ouvidos para
receber as memórias de Rildo, que, imediatamente, leu para nós a primeira linha
do conceito de Letramento Literário.
Aquele que está registrado no Glossário CEALE (2014), ás páginas 186 e 187: “Letramento
literário é o processo de apropriação da literatura enquanto linguagem”.
E nos indicou que, cada
palavra, foi discutida intensamente, com Graça. Aos poucos, foi explicitando
como cada uma das palavras dessa frase – processo de apropriação da literatura
enquanto linguagem – foi sendo inserida. Assim:
1. Processo, no sentido de ação
continuada, permanente. Não é habilidade, algo automatizado... É um processo que
não começa e nem termina na escola. É um processo social, de apropriação...
2. Apropriação, no sentido de tornar
próprio, incorporar, tornar seu o que recebes, pois não tem leitura igual para o
mesmo texto. Cada leitor tem seu universo literário e participa da manutenção/transformação
– o movimento da literatura – da literatura em seu contexto. A literatura está
sempre se movimentando, em transformação, as pessoas é que fazem a literatura
se movimentar. É o leitor que faz a literatura existir, se o leitor não se
apropria, ela desaparece!
3.
Literatura enquanto construção
literária de sentidos, pois a Literatura
não é um apanhado de textos: é um modo de ler e é ter um repertório cultural.
Neste momento, Rildo revelou como,
hoje, observa essa imensa contribuição de Graça. Ele destacou:
Graça postulava, insistia,
redizia, teimava: Construção literária
de sentidos! Pleonasmo, eu pensava. Ela: “Não! Tem que...” Graça tinha razão. Aceitei.
Mais tarde, percebi que Graça tinha razão. A construção é singular, própria da
literatura, essa é a grande contribuição da Graça. Construção literária de
sentidos, pois Graça denunciava a dificuldade que as pessoas tinham de ler
literariamente a literatura!
Dois conceitos?
Para Rildo, há dois conceitos.
Um, genérico, que se refere ao letramento que se faz com textos literários.
Outro, o conceito profundo, para o qual o letramento é uma apropriação
singular, única, de construção própria de sentidos. É o que faz a literatura ser
diferente de todas as outras maneiras que usamos para ler e ler outros textos. E
é por isso que precisa ser ensinada, para que se adquira o “traquejo”, uma das
palavras que Rildo atribuiu ao repertório de Graça Paulino.
[1]
PAULINO, G. Cosson, R. Letramento Literário: para viver a literatura dentro e
fora da escola. ZILBERMAN, R.; RÖSING, T. Escola e Leitura: velha crise, novas
alternativas. São Paulo: Global, 2009.
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