Cristina Maria Rosa
Pedagoga –
Docente na UFPel
Patronesse
da 49ª Feira do Livro
Pelotas –
Centro Histórico, 26/10 a 19/11/2023.
Uma entrevista...
A convite da Jornalista Cíntia Piegas (cintiap@diariopopular.com.br) em em 27/10/2023, respondi, durante a 49ª Feira do Livro de Pelotas, a um grupo de questões que foram publicadas em modo online e no jornal impresso. A seguir, perguntas e repsostas:
1. Como é ser patrona da Feira do Livro para quem há 30 anos fomenta a leitura?
É instigante, uma emoção que me faz sorrir, uma indescritível sensação de presente de aniversário! Sim, neste ano completei 30 anos de docência na educação. Sou Pedagoga desde 1990. Professora na FaE/Ufpel desde 1993. Leitora, desde pequena. O que significa que, pessoalmente, a leitura, o encantamento pelo texto literário, antecedeu minha formação profissional. Quando tive a oportunidade de conhecer professoras em formação – em salas de aula, escolas, cursos de aperfeiçoamento e especializações – percebi que a “chave” de minha profissão, o atributo mais importante da docência pedagógica, em qualquer instância de aprendizagem e ensino, era a habilidade de tornar alunas e alunos apaixonados pela leitura. Então, ser “patronesse” é, de algum modo, um elogio ao apaixonamento. Pela leitura, pela literatura, e pela Pedagogia, uma profissão que só pode ser exercida quando se conhece a arte literária.
2. Este ano o projeto Grupo de Estudos em Leitura Literária, que está presente na feira desde 2006, vai ter um gostinho especial?
Neste ano, o GELL estará, sim, na 49ª Feira do Livro. Preparamos alguns momentos de “vida na praça”, ou seja, passeios, interações, lançamentos de livros, diálogos e presença leitora. O primeiro, ocorreu na quinta-feira, dia 26/10, quando da inauguração da Alameda das Crianças. O GELL esteve representado pela Bruxa, uma de nossas mais instigantes personagens. Ela recebeu e dialogou com crianças, brincou e riu com o Palhaço Azulzinho, visitou livreiros, deu autógrafos, gravou vídeos para divulgação da feira (podes conferir no insta da feira), divulgou a campanha pública denunciando a violência contra as mulheres, conheceu todo o espaço da feira e recebeu palmas por onde andou. O GELL preparou ainda o lançamento de Violetas – um livro que a Patronesse escreveu e vai presentear as professoras – que será exposto como obra de arte, lido em voz alta e compartilhado por QRcode. Há mais...
3. Com a professora e pedagoga avalia o trabalho literário em Pelotas e sobre o fomento à leitura em casa e nas escolas?
Como professora, trabalho para que a leitura literária seja uma realidade diária para cada criança na escola. Defendo que a biblioteca escolar seja disponibilizada às crianças que, como brasileiros, têm direito a ela e a seus segredos e guardados. Pretendo que as professoras e os professores se apaixonem pelos livros que há nestas bibliotecas e comuniquem seu apaixonamento às crianças. Como pesquisadora do campo da leitura literária, sei que ainda nos falta conhecer o poder da literatura e reconhecer que todos temos direito a ela. Mas, todos os dias, trabalho para que esta “falta” seja minimizada. Como Pedagoga, avalio que o trabalho de formação literária em nossa cidade existe, especialmente aquele desempenhado por professoras e professores nas escolas e por professoras que atuam nas bibliotecas escolares. Não é anônimo, este trabalho! Como não é anônimo nenhum de seus resultados. Podemos fazer mais? Sim, podemos. Faremos? Em casa, nos lares, aos familiares cabe saber que o direito à literatura, embora não inscrito em nossa constituição, deve ser garantido aos pequenos. E a feira do livro é uma oportunidade, um evento no qual o livro e a literatura estão no centro do palco. É um momento de sensibilizar os que ainda não foram alfabetizados literariamente. Esse é um dos papeis da Feira e de todos que a pensaram e a estão realizando. 4. Como a tecnologia e os smartphones podem virar aliados de quem deseja entrar para o universo dos livros? Considero esse momento muito propício para a leitura. A tecnologia nos coloca em contato com autores, editoras, eventos de letramento de modo rápido, interativo e em locais inusitados e impensáveis para a maioria das pessoas. Isso é importantíssimo. Uma criança que habita na zona rural se corresponde comigo, que vivo em Pelotas e circulo por outras cidades do país. Dialogamos sobre contos meus, personagens que ela admira, sua vontade de ser escritora ou roteirista. Só a tecnologia pode fazer isso. E faz. Quanto aos smartphones, eu os tomo como aliados da leitura. São eles que aportam nas mãos dos usuários, importante “prova de sinceridade”. Ao mencionar um conflito no planeta – a morte do Rio Doce, por exemplo – crianças e jovens na escola, podem pesquisar o Instituto Terra, de Lélia e Sebastião Salgado e compreender que para cada ato político deplorável dos adultos, outros adultos, inconformados, podem inventar o futuro. Eu amo registrar momentos e os smartphones revelam novos “fotógrafos” da humanidade. E possibilitam que a escrita, antes restrita aos impressos, circule em outros meios e de outros modos, como grupos que leem nas madrugadas, textos com autoria disfarçada, trocas de poemas ou contos, redirecionamentos para páginas de autores inéditos, entre outras tantas formas de manifestação. Penso que “infinito” é uma palavra e um sentimento que se coaduna com esse momento. E eu gosto muito do infinito.
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