sábado, 9 de janeiro de 2021

Um abraço e um chá...

 


Véspera de Natal

Cristina MAria Rosa

Manhã, em meu jardim. Como de costume, eu lia o jornal e tomava café. Perto de mim, as orquídeas que pela primeira vez floresceram, o ipê amarelo prometendo e minha gata, Áfia Libni, fazendo manha.

Em uma coluna que noticia fatos do passado, li que, há 50 anos, uma jovem de 15 anos, saiu para entregar presentes para a vó.

Era véspera de Natal.

Em minha casa e na notícia lida.

Esse ano, sem meu filho querido por perto e sem poder visitar a família, estávamos só nós dois, Alex e eu, arrumando o presépio, a árvore, as guloseimas. Eu já fizera Sagu – uma receita da Tereza –, me preparava para fazer um Bolo de Natal e andava feliz da vida, inventando com minha nova Batedeira.

No jornal, a morte da jovem foi noticiada.

Morte não combina com Natal, que é a festa do nascimento. Em minha família, Natal é uma data forte, sempre foi comemorada, visto que Stefano Guiseppe, meu pai, amava presépios.

Li novamente a coluna: “Há 50 anos, uma jovem de 15 anos, que saiu na véspera do Natal para entregar presentes para a vó...”

E fiquei pensando:

Morta. Soterrada sob a neve. Nos arredores de Londres. Na moderna Inglaterra?

A manhã, em meu jardim, apesar do verão, se tornou cinza.

Até flocos de neve senti...

Me recolhi.

A batedeira, sobre a bancada, já não mais me convidava a mais e novas guloseimas.

Passei a confabular comigo mesma: Que presentes entregaria a jovem? Por que saíra sozinha? Teria encontrado no caminho a neve, em uma tempestade violenta?

Segundo a notícia, o mau tempo dificultou o trabalho da polícia, que acreditou se tratar de um caso de assassinato.

Assassinato? Como assim? Por que matariam uma jovem, quase menina, às vésperas do Natal? Quiseram seus presentes? Eu insistia em não acreditar...

Resolvi desbaratar esse crime.

Não sosseguei enquanto não convidei meus alunos, da UNAPI, a encontrarem hipóteses plausíveis para essa morte.

Há hipóteses plausíveis para a morte de uma jovem?

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Alfabeteando...

Um "Alfabeto à parte" foi criado em setembro de 2008 e tem como objetivo discutir a leitura e a literatura na escola. Nele disponibilizo o que penso, estudos sobre documentos raros e meus contos, além de uma lista do que gosto de ler. Alguns momentos importantes estão aqui. 2013 – Publicação dos estudos sobre o Abecedário Ilustrado Meu ABC, de Erico Verissimo, publicado pelas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo em 1936; 2015 – Inauguração da Sala de Leitura Erico Verissimo, na FaE/UFPel; 2016 – Restauro e ambientação da Biblioteca na Escola Fernando Treptow, inaugurada em 25 de novembro; 2017 – Escrita da Biografia literária de João Bez Batti, a partir de relatos pessoais. Bilíngue – português e italiano – tornou-se um E-Book; 2018 – Feira do Livro com Anna Claudia Ramos (http://annaclaudiaramos.com.br/). 2019 – Produção de Íris e a Beterraba, um livro digital ilustrado por crianças; 2020 – Produção de Uma quarentena de Receitas, um livro criado para comemorar a vida; 2021 – Ruas Rosas e Um abraço e um chá, duas produções com a UNAPI; 2022 – Inicio de Pesquisa de Pós-Doutorado em acervos universitários. Foco: Há livros literários para crianças que abordem o ECA? 2023 – Tragicamente obsoletos: Publicação de um catálogo com livros para a infância.

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