Manoel de Barros, poeta brasileiro da mais
profunda delicadeza, é o meu escolhido para indicar como leitura a vocês, hoje.
Dele, há poemas muitos, em livrinhos tão pequenos
que parecem caber no bolso.
Cabem, na verdade, os poemas de Manoel de
Barros, na alma.
Na sensibilidade de quem ouve, olha, escuta, observa
e se encanta.
Manoel de Barros vive, sempre, em seus poemas.
A cada vez que leio um ou outro dos poemas, ouço
sua voz...
Esse é o talento de Manoel de Barros:
permanecer.
Ouça um, de poucas palavras e imensos silêncios.
Ouça Garça, esse que gosto muito e que
é para crianças:
Garça
A palavra garça em meu perceber é bela.
Não seja só pela elegância de ave.
Há também a beleza letral.
O corpo sônico da palavra e o corpo níveo da ave se comungam.
Não sei se passo por tantã dizendo isso.
Olhando a garça-ave e a palavra garça, sofro uma espécie de encantamento
poético.
Para conhecer mais de Manoel de Barros, procure
a editora LeYa. Há dezoito livros, todos eles juntos, em uma caixinha,
inventada como a “Biblioteca Manoel de Barros”.
Em cada um dos dezoito livros, coloridos nas
capas, letras pretas sobre papel creme no miolo, há palavras de conhecedores do
poeta Manoel. Nas orelhas, um bilhete ou uma carta de admiração de quem o leu antes
de mim. É um modo de saber mais dele, de suas antecedências...
Em uma dessas orelhas, Paulinho Assunção diz
que Manoel, em seus poemas, “flagrou os primeiros rumores da língua, da infância
da língua”. E ler essa declaração de amor aos poemas do Manoel é cumprir, a risca,
seu conselho: “Se a gente não der o amor, ele apodrece em nós”.
Leia o poeta Manoel de Barros.
Leia os escritores em língua portuguesa.
Leia este e os demais poemas desse poeta brasileiro que amou as coisas
desimportantes.
E ouça o programa Tons e Letras. Ele vai ao ar às 7 horas dos sábados,
na FM Cultura de Porto Alegre.
Ficha técnica:
Tons & Letras
Locução: Marcelo Bergter
Produção: Luís Dill
Horário: Sábados,
às 07h
Twitter: @fm_cultura
Facebook: fmcultura107.7
Contato: programacao@fmcultura.com.br
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