Luíza Mocinha
Cristina Maria Rosa
Quinze anos!
Luíza, a menininha
que eu conheci, já não mais...
Eu, que sempre
dizia “ainda não és moça, Luíza, és criança, isso não pode” agora vou ter de
pensar bem e admitir: Luíza não é mais uma menininha.
Na festa de quinze
anos, a menina – vestido cor-de-rosa, rasteirinhas nos pés, a tiara nos cabelos
– dá lugar à mocinha que nasce.
Vestido vermelho,
cabelo cuidado, sapato de salto, batom.
É a Luíza.
Agora, uma moça!
Vi essa data se
aproximar.
Estive pertinho em
cada um dos dias que antecederam os quinze anos da Luíza.
Partilhei suas conquistas:
na família, na escola, entre amigas.
Observei seus
gostos – pela leitura, pelo alimento simples, por água, pelo sossego, por um
abraço e por palavras verdadeiras – definirem-se.
Entendi suas
declarações de amor por aqueles que a cercam – Celso, Gil, Otávio – e outros
que escolheu.
Sorri e dancei com
ela mais de uma vez, eu e ela desajeitadas que só, olhando e imitando a Júlia,
nossa delicada professora de passos.
Li para ela e com
ela.
Penteei seus
cabelos quando esteve em minha casa.
Arrumei a cama para
que dormisse.
Andei com ela de
mão, comprando coisas para nosso café da manhã, querendo que todos pensassem
que era minha aquela menina. Não faço segredo, sempre quis uma mocinha de filha
e Luíza cabia bem nesse sonho.
Comemoramos com
bolo o dia em planejou dirigir aos dezoito. Pois é, nem bem quinze e Luíza
deseja os dezoito.
As fotos que fiz da
Luíza, quase todas, mostram uma menininha lendo. E eu tenho certeza de que se
alguém me fotografasse nesses momentos revelaria o meu contentamento...
Sempre admirei os
leitores!
É por isso que
estou escrevendo.
Sobre a Luíza e
para a Luíza.
Para dizer-te,
Luíza, que muitos dias se passaram entre o primeiro, em que te conheci – uma
sorridente e amorosa menininha – e este, o dia de teu aniversário de quinze
anos. Cinco mil, quatrocentos e setenta e cinco dias. Um tempão, na verdade.
Nesses cinco mil e
tantos dias, pode ser que ainda não tenhamos aprendido a dançar tão bem quanto
a Júlia. Pode ser, também, que ainda não tenhamos aprendido a gostar tanto dos
outros como de estar sós para ler. Pode ser, ainda, que preferimos pão com
manteiga a outros pratos que dizem maravilhosos. Pode ser...
O que sei, Luíza, é
que temos mais muitos dias para aprender: a dançar, a ouvir, a conviver.
E sei também, que o
essencial, já aprendemos.
Aprendemos, tu e
eu, que um copo de água é melhor que qualquer bebida.
Que um olhar é mais
profundo que um discurso.
Um abraço é melhor
que mil palavras.
E é isso que te
desejo, nesse dia que vai ficar marcado como o dia em que tu, Luíza, tornou-se
uma moça.
Que todos os
abraços te envolvam calorosamente e te proporcionem o prazer de um copo de
água.
Parabéns, Luíza!
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