Como eu aprendo?
Cristina Maria Rosa.
Pedagoga, hoje
aprendo observando, ouvindo, lendo, experimentando, escrevendo, avaliando, planejando,
refazendo. E lendo mais, conversando, questionando, criando argumentos para
defender uma tese ou contrariar uma ideia. Costumo observar os efeitos de minhas
ações na comunidade científica ou familiar e, através delas, agregar valor ao próximo
argumento, defesa, crítica ou estudo.
Como tenho longa escolarização
e experimentação no campo da educação, utilizo-me dos meus saberes. Quais? Os pessoais,
da escolarização, da formação para o magistério, dos livros e da minha experiência, explorados no livro Saberes docentes e
formação profissional, pelo filósofo e sociólogo canadense Maurice Tardif (2002).
E utilizo-me dos meus saberes literários, uma vez que os reconheço como
intimamente imbricados com a minha formação e atuação/trabalho. Penso, como
Graça Paulino (2004), que minha “produção histórica e social” demandou, além de
“competências cognitivas stricto sensu”, “sensibilidade, emoções, ligações afetivas
e interações” que produziram “transformações pessoais”. Estas, com certeza,
foram possíveis pela natureza literária de parte considerável dos saberes que usufruo.
Teses...
As teses sobre a aprendizagem
que conheci na Universidade (Pedagogia/UFSM, 1986-1990) foram:
1. O behaviorismo de
Skinner (1904-1990), para quem na experimentação que ocorre no processo de
conhecimento dos fenômenos, é necessário ter rigor metodológico. Ele enfatiza o
“comportamento operante”, uma ação do organismo no meio, ou seja, considera os
humanos seres que agem no mundo e, nesse processo, modificam-no, sendo, do mesmo modo, modificados pelas consequências de suas ações;
2. Os mecanismos
cognitivos utilizados pelo homem para conhecer o mundo postulados por Jean
Piaget (1896-1980). Sua teoria do desenvolvimento cognitivo ou teoria
científica do conhecimento integra os fenômenos cognitivos ao contexto da
adaptação do organismo ao meio;
3. A tese da
aprendizagem pelo trabalho, de Vigotsky e Leontiev, pois, para os autores, é nele que se encontra
a essência genérica do homem. A atividade, o trabalho, para essa teoria, é
atividade vital, criadora e produtiva e base para o enriquecimento e desenvolvimento
dos seres humanos;
4. A tese de Henri
Wallon (1879-1962) que postula a aprendizagem compromissada com o pleno
desenvolvimento e humanização dos indivíduos em uma sociedade em que o sujeito
humano tenha condições de se desenvolver plenamente.
Autorregulação
da aprendizagem: o que é isso?
A autorregulação da
aprendizagem pode ser compreendida como um processo (ininterrupto) de
autorreflexão (pensar sobre e avaliar sempre) e ação (atitudes e trabalho) no qual o indivíduo planeja,
organiza, realiza e avalia o seu aprender.
Observando as teses que
aprendi, na Universidade em fins dos anos 80, eu diria que reconheço como
mecanismos da aprendizagem, em mim, uma aprendizagem autorregulada, com elementos de:
a)
Experimentação com rigor metodológico;
b)
Uso da cognição para me adaptar ao meio;
c)
Reconhecer que o trabalho é atividade
vital, criadora e produtiva;
d) Foco da aprendizagem no pleno desenvolvimento e humanização.
Como eu aprendo?
Por fim, não resolver
questões, ter dúvidas, também é aprender...
Ter dúvidas é ser
impulsionado, sempre, para saber mais, caracterizando um processo infinito e,
quem sabe que aprender é não ter certeza, é mais sábio.
As novas teses surgidas no século XX – estudos da mente, do cérebro, da psique, da moralidade, da espécie, por exemplo – agregam valor aos modos como aprendemos.
É impossível
ignorá-las.
O conhecimento
anterior fica como base, é a estrutura.
E, o prazer de saber
é um elemento imensurável.
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