Le storie di Lupo
Cristina Maria Rosa
Escrito por Philippe Jalbert e traduzido para o italiano por Giulia Calandra Buonaura, Le storie di Lupo (2022), é uma storie divertente, ou seja, uma paródia. Não de uma história, mas, sim, de um grupo de referências que temos sobre o personagem lobo e suas aventuras na floresta.
A paródia tem como intuito criticar e/ou ridicularizar algo ou alguém e, assim, apresenta-se como uma forma de arte literária. O maior ganho no uso desta forma de escrita é a presença e o aprimoramento do senso crítico do leitor em relação a temas polêmicos.
Prometendo ao leitor acesso a uma “Storie divertente com del vero lupo dentro”, o livro oferece, na primeira e também na última capa, informações suficientes para ser lido, apreciado, adquirido. Como exemplo, em um dos paratextos impresso na última capa esta escito: “Il lupo è arcistufo dei soliti conigli selvatici. Qui ci vuole qualcosa di nuovo de mettere sul menù… Che por trovarlo debba avventurarsi fuori dal bosco?” Em uma tradução livre seria: O lobo está enjoado de só comer coelhos selvagens. Quer inserir algo novo em seu cardápio. Por que, para encontrar, deve aventurar-se fora do bosque? É um convite ao leitor para descobrir a trama. Mesmo assim, leia antes de comprar.
Formato
Nem grande, nem longa, a edição que avaliei foi impressa em junho de 2022 na França e Editada pela Franco Cosimo Panini Editore S.p.A em Modena, Italia, neste mesmo ano. Possui capa acartonada (24 cm de altura, 20,5 cm de largura e lombada de um centímetro), guarda ilustrada e vinte e cinco páginas de miolo em papel sulfite. Ilustrado em cores com destaque para o vemelho e o preto, seu grande “jogo” é a cara de nojo do lobo diante de suas “velhas” possibilidades alimentares: galinhas, carneirinhos, porquinhos e – não podia faltar – a Chapeuzinho Vermelho.
A maior parte das cenas contidas no livro estão alocadas em duas páginas e, nelas, o lobo sempre aparece forte, grande, assutador e com uma bocca più larga (muito grande). Ilustrada, a guarda – folhas que une a capa ao miolo – dá ênfase aos personagens em difentes momentos do livro, reproduzindo-os em um quadriculado que mais parece uma HQ.
Por que ler Le storie di Lupo…
Entre as boas razões para indicar a leitura, compreensão e posse do livro de Philippe Jalbert (2020) estão:
1. Conhecer o que é e como se faz uma excelente paródia. Neste caso, qualificada por se referir a vários momentos da vida do personagem que foi vencido, em diferentes a anteriores embates com outros personagens. O autor conta com esse saber do leitor, aciona seu repertório. Na verdade, precisa dele para brincar. Conhecer e se deliciar com o humor de Jalbert (2020) em Le storie di Lupo é usufruir do ridículo, do pedantismo e, por fim, do medo da personagem central da narrativa.
2. O segundo motivo é o investimento em uma atividade intelectual bastante intensa: compreender a obra. Único para cada leitor, o exercício de decodificar, pensar sobre, imaginar, inferir, depreender, conjecturar e comparar são atributos da leitura que instigam a inteligência humana e, desse modo, produzem sapiência, vínculo e gosto pela leitura.
No caso de Le storie di Lupo, de Jalbert (2020), a coerência advém da dieta real do personagem, ou seja, lobos comem coelhos, galinhas, porcos, carneiros. Essa “coerência” leva à aceitabilidade da paródia, um tipo de intertextualidade. São elementos que permitem e oportunizam a compreesão e até incentivam uma análise crítica. A pergunta imediata que surge é: Lobos enjoam de comer sempre a mesma coisa?
Por fim, defendo a aquisição da obra. Fenômeno vivido por mim – o riso – só pode ocorrer se tivermos Le storie di Lupo, de Philippe Jalbert (2020), em nossas bibliotecas, para ler e reler tantas vezes quantas desejarmos.