Escrita
Cristina Maria Rosa
A língua escrita é parte
constitutiva das interações entre adultos e crianças. Processos e estratégias
interpretativas integram essas interações.
A Escrita é um sistema de
representação da fala. Sim. Mas a escrita é muito mais do que isso.
A humanidade inventou importantes
sistemas notacionais. Um deles, a escrita alfabética. É uma “econômica e
complexa representação da fala” (Morais, 2014) e nós, Pedagogos, sabemos que a
aprendizagem das correspondências entre sons e suas grafias tem sido
preponderante para a autonomia na leitura e na produção de textos. Mas...
Escrever não é só rabiscar
(grafia) sons (fonemas).
Claro que não!
Escrever é mais. Muito mais...
Representar a fala é apenas um dos conceitos da escrita. Eu diria, um conceito “técnico”.
Há outros conceitos.
Há o conceito antropológico. Para ele, escrever é deixar marcas. Desde as inscrições rupestres sabemos disso. Escrever é herdar e legar.
Há o conceito histórico. Nele, escrever
é registrar muitas versões do mesmo acontecido. Algumas, para que aprendamos e não
repitamos massacres, violências, dores e mortes. Outras, para elogiar nossa caminhada
como espécie no planeta.
Para a Física, escrever é uma
forma de permanecer, de se transformar. Assim como a morte que, fisicamente,
não existe, escrever é estar, a todo momento, se transmutando. “Na natureza, nada
se cria, nada se perde, tudo se transforma", escreveu Lavoisier (Antoine Laurent
Lavoisier, 1743-1794) e, por isso mesmo, se transformou em lenda.
Aprendendo
Para poder se apropriar do Sistema
de Escrita Alfabética, de suas convenções e possibilidades de uso, qualquer
criança e ou adulto precisa compreender como ele funciona. Nesse início do
Século XXI, parte considerável dos educadores deseja e trabalha para que a
aprendizagem deste sistema integre as demais práticas letradas, o que inclui
conhecer e aprender a usar os diversos gêneros textuais que circulam na
sociedade.
Assim, o objetivo da alfabetização
escolar extrapola a apropriação do sistema de escrita alfabética, suas regras e
convenções.
Invencionice
Invenção recente na história
humana, a apropriação da escrita e
seus desdobramentos pode mudar a vida em sociedade. Por quê? O objeto
cultural – o alfabeto e suas convenções – passa a ser algo interno, disponível
na mente do aprendiz. E pode ser usado inusitada e infinitamente...
Educação infantil
A apropriação da linguagem
escrita na Educação Infantil designa o processo
educativo por meio do qual as crianças vão expandindo seus conhecimentos e suas
experiências relacionadas à cultura escrita, de acordo com Mônica Baptista
(2014). Esse processo pressupõe situações de aprendizagem planejadas,
sequenciadas, sistematizadas e desenvolvidas por profissionais qualificados e
devidamente habilitados, que, de um lado, garantam o contato cotidiano das
crianças com variados suportes e gêneros discursivos orais e escritos e, de
outro lado, incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o
questionamento e o conhecimento das crianças sobre a linguagem escrita.
Para a pesquisadora do CEALE, na escola
deve ser ofertada a continuidade a processos “de construção de conhecimento que
se iniciou antes da entrada da criança” nas instituições educativas. Para tal,
propõe que o adulto responsável pela educação de crianças pequenas, deve dispor
de saberes que estimulem o processo de apropriação da linguagem escrita e
afirma que cabe às instituições educativas o dever de assegurar à criança o seu
direito de interagir com a cultura letrada e dela participar desde a mais tenra
idade.
Princípios orientadores...
Um dos mais importantes princípios
é reconhecer que a apropriação da linguagem escrita é um trabalho contínuo que requer intensa elaboração cognitiva e que se constitui como fonte de interações e
de reflexão sobre si e sobre o mundo. Assim, conclui Mônica Baptista (2014), “promover
e intensificar o contato da criança com diferentes gêneros discursivos, em
especial com a literatura entendida como arte” é preponderante.
E os livros?
Escrever é herdar e legar. E a escrita
pode ser encontrada em diferentes suportes e com diferenciadas funções. São
exemplos de como esta conquista da espécie humana circula na cultura.
Os livros, em especial, são valorizados
suportes da escrita. Por serem longevos, reunirem e apresentarem parte
considerável da cultura e registrarem, pela própria existência, a conquista que
foi a invenção da escrita.
No dia nacional do livro infantil, nossa homenagem ao livro.
A todo e qualquer livro que torna nossa
existência uma transformação constante.
http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/oralidade-e-escrita
http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2020/07/25-de-julho-dia-do-escritor.html