segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Aprender: uma incógnita...

 


Como eu aprendo?

Cristina Maria Rosa.

 

Pedagoga, hoje aprendo observando, ouvindo, lendo, experimentando, escrevendo, avaliando, planejando, refazendo. E lendo mais, conversando, questionando, criando argumentos para defender uma tese ou contrariar uma ideia. Costumo observar os efeitos de minhas ações na comunidade científica ou familiar e, através delas, agregar valor ao próximo argumento, defesa, crítica ou estudo.

Como tenho longa escolarização e experimentação no campo da educação, utilizo-me dos meus saberes. Quais? Os pessoais, da escolarização, da formação para o magistério, dos livros e da minha experiência, explorados no livro Saberes docentes e formação profissional, pelo filósofo e sociólogo canadense Maurice Tardif (2002). E utilizo-me dos meus saberes literários, uma vez que os reconheço como intimamente imbricados com a minha formação e atuação/trabalho. Penso, como Graça Paulino (2004), que minha “produção histórica e social” demandou, além de “competências cognitivas stricto sensu”, “sensibilidade, emoções, ligações afetivas e interações” que produziram “transformações pessoais”. Estas, com certeza, foram possíveis pela natureza literária de parte considerável dos saberes que usufruo.

Teses...

As teses sobre a aprendizagem que conheci na Universidade (Pedagogia/UFSM, 1986-1990) foram:

1. O behaviorismo de Skinner (1904-1990), para quem na experimentação que ocorre no processo de conhecimento dos fenômenos, é necessário ter rigor metodológico. Ele enfatiza o “comportamento operante”, uma ação do organismo no meio, ou seja, considera os humanos seres que agem no mundo e, nesse processo, modificam-no, sendo, do mesmo modo, modificados pelas consequências de suas ações;

2. Os mecanismos cognitivos utilizados pelo homem para conhecer o mundo postulados por Jean Piaget (1896-1980). Sua teoria do desenvolvimento cognitivo ou teoria científica do conhecimento integra os fenômenos cognitivos ao contexto da adaptação do organismo ao meio;

3. A tese da aprendizagem pelo trabalho, de Vigotsky e Leontiev, pois, para os autores, é nele que se encontra a essência genérica do homem. A atividade, o trabalho, para essa teoria, é atividade vital, criadora e produtiva e base para o enriquecimento e desenvolvimento dos seres humanos;

4. A tese de Henri Wallon (1879-1962) que postula a aprendizagem compromissada com o pleno desenvolvimento e humanização dos indivíduos em uma sociedade em que o sujeito humano tenha condições de se desenvolver plenamente.

Autorregulação da aprendizagem: o que é isso?

A autorregulação da aprendizagem pode ser compreendida como um processo (ininterrupto) de autorreflexão (pensar sobre e avaliar sempre) e ação (atitudes e trabalho) no qual o indivíduo planeja, organiza, realiza e avalia o seu aprender.

Observando as teses que aprendi, na Universidade em fins dos anos 80, eu diria que reconheço como mecanismos da aprendizagem, em mim, uma aprendizagem autorregulada, com elementos de:

a)                 Experimentação com rigor metodológico;

b)                 Uso da cognição para me adaptar ao meio;

c)                 Reconhecer que o trabalho é atividade vital, criadora e produtiva;

d)                 Foco da aprendizagem no pleno desenvolvimento e humanização.


Como eu aprendo?

Por fim, não resolver questões, ter dúvidas, também é aprender...

Ter dúvidas é ser impulsionado, sempre, para saber mais, caracterizando um processo infinito e, quem sabe que aprender é não ter certeza, é mais sábio.

As novas teses surgidas no século XX – estudos da mente, do cérebro, da psique, da moralidade, da espécie, por exemplo – agregam valor aos modos como aprendemos.

É impossível ignorá-las.

O conhecimento anterior fica como base, é a estrutura.

E, o prazer de saber é um elemento imensurável.

 


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