sábado, 16 de julho de 2022

Crianças vendem, pedem, cuidam: apontamentos em 2022

 

Crianças vendem, pedem e cuidam. Brincam, pensam e desenham a cidade. Migram, aprendem, são artistas: apontamentos para a aula em 14/07/2022.

Cristina Maria Rosa

Qual texto? A antropologia e as crianças: da consolidação de um campo de estudos aos seus desdobramentos contemporâneos de Fernanda Cruz Rifiotis, Fernanda Bittencourt Ribeiro, Clarice Cohn e Patrice
Schuch.

Apontamentos:

1.               [...] Destacar os dossiês temáticos que, na última década, contribuíram de forma expressiva para a consolidação de redes de pesquisa e desse campo de estudos no Brasil e na América Latina;

2.               [...] O chamado de Cohn (2013) é por maior interlocução, mais entrecruzamentos. Ainda necessitamos ganhar maior abrangência tanto no debate antropológico quanto na intervenção e na atuação pública;

3.               [...] infância ser entendida como construção social, não sendo, portanto, uma característica natural nem universal, como variável de análise social, assim como as crianças serem merecedoras de estudos em si mesmas e devem ser vistas como ativas na construção da sua própria vida social;

4.               [...] O reconhecimento das diferentes habilidades das crianças frente aos adultos, assim como também da autonomia e o potencial de decisão destas nos ajudam a pensar em outra categoria de infância não mais universal, mas fundamentalmente relacional;

5.               [...] essa revisão epistemológica propiciada pelo novo paradigma foi central não somente para ampliar o número de pesquisas sobre infância, mas sobretudo para revisitar criticamente os paradigmas evolucionistas e funcionalistas que confundiam as etapas da maturidade biológica e o desenvolvimento social;

6.               [...] a etnografia empreendida por Mead (1961) nos permite observar como a infância, por ser experimentada de diferentes maneiras, em diferentes culturas, pode ser compreendida não em sua universalidade, mas enquanto categoria a ser construída socialmente;

7.               [...] desconstruir a ideia de infância como fenômeno universal e reconhecer a infância como categoria construída socialmente;

8.               [...] o processo de desontologização da categoria de infância e o reconhecimento do seu caráter construído e, portanto, não estático e tampouco homogêneo, nos permitiram falar em “infâncias”, no plural, como forma de atentar para objetos de estudo dinâmicos, flexíveis e autônomos;

9.               [...] pleitear a autonomia, em termos epistemológicos, do universo infantil em relação ao universo adulto significa reconhecer tais universos em relação de complementariedade;

10.            [...] em que medida estudar crianças requer métodos e técnicas especiais? qual o lugar do pesquisador adulto na pesquisa com crianças?

11.            [...] a etnografia, tomada enquanto movimento epistemológico privilegiado para pesquisar crianças, é revestida de estratégias capazes de dar conta do dinamismo do universo infantil;

12.            [...] desconstruir categorias adultocentradas, as quais, além de não darem conta da especificidade do universo infantil, estão focadas nas expectativas dos adultos em relação às crianças;

13.            Assim, brincadeiras e jogos [...] são espaços reveladores do potencial de agência desses sujeitos;

Pistas acerca das contribuições da antropologia da e com crianças, pensando no “vir a ser” da própria antropologia:

1.               [...] desconstrução da categoria “infância universal” (sobretudo em função da revisão e dos desdobramentos do conceito de socialização) para concebê-la enquanto relacional;

2.               [...] constatação de que as pesquisas antropológicas podem ser enriquecidas ao considerarem o ponto de vista das crianças acerca das suas experiências no mundo;

3.               [...] as crianças dos artigos deste número de Horizontes Antropológicos vendem, pedem e cuidam, estão em conflito com as normas de gênero, ocupam terra e brincam, têm autoridade ritual, pensam e desenham a cidade, migram, aprendem, são artistas;

4.               [...] as etnografias que captam as participações ativas das crianças nas diversas dimensões da vida social são elas mesmas plurais e estão em diálogo com diferentes campos de estudo: do trabalho e da economia, do gênero, da família e do parentesco, dos movimentos sociais, da religião, da cidade, das migrações, da aprendizagem, das artes e muitos outros;

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Um "Alfabeto à parte" foi criado em setembro de 2008 e tem como objetivo discutir a leitura e a literatura na escola. Nele disponibilizo o que penso, estudos sobre documentos raros e meus contos, além de uma lista do que gosto de ler. Alguns momentos importantes estão aqui. 2013 – Publicação dos estudos sobre o Abecedário Ilustrado Meu ABC, de Erico Verissimo, publicado pelas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo em 1936; 2015 – Inauguração da Sala de Leitura Erico Verissimo, na FaE/UFPel; 2016 – Restauro e ambientação da Biblioteca na Escola Fernando Treptow, inaugurada em 25 de novembro; 2017 – Escrita da Biografia literária de João Bez Batti, a partir de relatos pessoais. Bilíngue – português e italiano – tornou-se um E-Book; 2018 – Feira do Livro com Anna Claudia Ramos (http://annaclaudiaramos.com.br/). 2019 – Produção de Íris e a Beterraba, um livro digital ilustrado por crianças; 2020 – Produção de Uma quarentena de Receitas, um livro criado para comemorar a vida; 2021 – Ruas Rosas e Um abraço e um chá, duas produções com a UNAPI; 2022 – Inicio de Pesquisa de Pós-Doutorado em acervos universitários. Foco: Há livros literários para crianças que abordem o ECA? 2023 – Tragicamente obsoletos: Publicação de um catálogo com livros para a infância.

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