sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Uma política para meninas: pesquisadoras

 

Literatura para meninas: vínculos

Cristina Maria Rosa

 

A pesquisa Literatura para meninas, lançada na primeira semana de janeiro pelo Grupo de Estudos em Leitura Literária (GELL/FaE/UFpel), está vinculada à Linha de Pesquisa Educação, Sexualidade e Relações de Gênero (PPGE/FACED/UFRGS) e se organiza a partir do eixo temático Infâncias, gênero e sexualidade.

Pesquisa

A ação que prevê pesquisa, ensino e extensão em busca de uma “uma política para meninas”, está vinculada à pesquisa intitulada “Ignorar para acobertar ou informar para proteger? Scripts de gênero e sexualidade na prevenção das violências contra crianças”, coordenada pelas Doutoras Jane Felipe (PPGE/UFRGS) e Gladis Kaercher (PPGE/FACED/UFRGS).

O grupo interinstitucional composto por pesquisadoras da UFPel e da UFRGS, é repleto de mulheres com longa experiência em literatura e formação de professores, além de estudantes de graduação e pós graduação.

Foco: selecionar obras literárias que possam vir a ser utilizadas na escola como mote para diálogos sobre dois temas cruciais na formação de mulheres: gênero e raça.

Bônus:

Para conhecer as pesquisadoras do grupo, acesse seus endereços na Plataforma Lattes:

Cristina Maria Rosa: http://lattes.cnpq.br/9237082032521185

Ellem Rudijane Moraes de Borba: http://lattes.cnpq.br/4634840293389876

Gladis Kaercher: http://lattes.cnpq.br/0588613047770817

Jane Felipe: http://lattes.cnpq.br/2330159133166922

Jéssica Corrêa Ribeiro: http://lattes.cnpq.br/4843192982949035

Vanessa Rosa da Costa: http://lattes.cnpq.br/1116594431940662


 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Uma política para meninas


Literatura para meninas

Cristina Maria Rosa

O GELL - Grupo de Estudos em Leitura Literária - coordenado pela Doutora Cristina Maria Rosa (FaE/UFPel), lançou, na primeira semana de janeiro, uma pesquisa para construir uma política para meninas.

O que é isso?

Através de um grupo interinstitucional composto por pesquisadoras da UFPel e da UFRGS, a equipe, com longa experiência em literatura e formação de professores, objetiva selecionar obras literárias que possam vir a ser utilizadas na escola como mote para diálogos sobre dois temas cruciais na formação de mulheres: gênero e raça.

Em breve, mais informações.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

É em janeiro que se comemora o leitor...

 


07 de janeiro: um dia para o leitor

Cristina Maria Rosa

 

É possível ensinar a gostar de ler? Há um método para ensinar a gostar de ler? E, crianças pequenas, antes de lerem as letras e suas combinações, podem aprender a gostar de ler?

Os métodos para ensinar a gostar de ler são ensinados/aprendidos na Licenciatura em Pedagogia. Lá, entre professores que leem e ensinam o que é um livro de qualidade, cada futuro professor pode aprimorar seu gosto. Adquirir um acervo para sustentar literariamente seu projeto docente também é muito importante, pois um Pedagogo é um “mediador”, um indivíduo que estende pontes entre quem deseja saber e o que já se sabe. Mas pode criar “pontes outras”, pois sempre queremos saber mais.


As crianças...

Para herdarem os saberes da cultura escrita que uma família possui, as crianças precisam ser convidadas a admirar o que há nos livros, na leitura e nas maneiras como os adultos leem e conservam suas bibliotecas.

Na escola, também é assim: para que as crianças utilizem e usufruam da biblioteca, precisam saber onde é, como funciona, quais as obras que existem em seu acervo, como é possível ler estras obras e como cuidar delas para que as demais crianças que ali estudarem, também possam conhecê-las.

É assim que, dia após dia, o hábito e o gosto vão sendo lapidados, pois processos espontâneos nem sempre resultam em leitores. Rotinas e procedimentos organizados, aprofundados e metódicos são os mais adequados para inserir um novo leitor no miundo da cultura escrita. Letramento é esse processo: inserir e dar continuidade a uma formação leitora.

Ter um método de ensino torna o exercício da profissão docente mais intensamente capaz de objetivar desejos e intenções. No ensino do gostar de ler, o método – a mediação literária – agrega valor ao artefato cultural – o livro e seus atributos – e não pode prescindir de planejamento, desenvolvimento e avaliação.


O que é Leitura?

A leitura é um fenômeno que ocorre em quatro dimensões: anterior à decodificação do sistema de escrita alfabético, concomitante a sua aprendizagem e posterior a suas descobertas. É ainda, um fenômeno de dimensão imensurável, inimaginável e magnífico, especialmente pela sua capacidade inventiva.

Leitura: um fenômeno em quatro dimensões

Entendo a leitura como um fenômeno que extrapola os sujeitos em relação (autor, texto e leitor), não restrita ao ato de decodificar letras, sílabas e construções frasais utilizados em gêneros textuais dos mais diversos tipos.

Para mim, a leitura não é circunscrita ao ato de relacionar sons e sinais gráficos inventados historicamente pela humanidade, capazes de produzir compreensão, interpretação, conotação ou suposição de intenções.


Antes, o que há?

A leitura antecede a primeira relação preconizada na escola – compreender o sistema alfabético, suas regras e manifestações. E, por isso, é um fenômeno e não apenas uma habilidade.

E argumento: ao nascer em uma sociedade leitora, cada humano recebe, desta e como herança cultural a ser apreendida – incorporada, cultuada, rejeitada, acentuada, ampliada ou simplesmente ignorada –, um rol de saberes sobre o que é, qual a importância, valor e função da escrita e como é possível conhecê-la e utilizá-la. Assim, pode ser entendida como um fenômeno cultural que ocorre no tempo – na história de cada de leitor – e no espaço, geográfico, mas também social, para o qual concorrem muitos elementos.


As quatro dimensões...

A leitura é um fenômeno que ocorre em quatro dimensões: anterior, concomitante e posterior ao ato de decodificar e que produz a quarta dimensão, a inventiva. Produzida pelo sentido profundo do ler o escrito, a dimensão inventiva é mais difícil de ser observada, mas oferece indícios quando das comunicações orais ou escritas (discursos, uso do léxico, composições e elucubrações) por seus usuários.

1. A leitura é um fenômeno anterior à compreensão do sistema de escrita alfabético justamente pelos saberes que circulam acerca do valor social da leitura. Assim, é possível afirmar que é uma faculdade a ser adquirida. E é uma capacidade que ocorre processualmente, por toda a vida que antecede o conhecimento de letras e suas combinações. Posso afirmar que esses saberes prévios antecipam, aprimorando ou prejudicando a compreensão do sistema alfabético.

2. A leitura é um fenômeno concomitante à compreensão do sistema de escrita alfabético exatamente por que, enquanto se lê é que ocorre a compreensão da escrita em si, seu valor gramatical, gráfico, correspondente, representativo, posicional e conceitual. Conhecer e compreender o sistema de escrita alfabética é condição para a leitura, mas não se restringe a ela.

3. A leitura é um fenômeno posterior, pelo poder que possui de reverberar sentidos e significados na vida do leitor.

E é um fenômeno que produz uma dimensão imensurável – a inventiva – quando do contato com a escrita literária, uma vez que esta agrega ao produto da escrita convencional, o valor da arte do escrito.

Para Arthur Schopenhauer, “a experiência pessoal é a condição indispensável, necessária para a compreensão tanto da poesia quanto da história, pois é, por assim dizer, o dicionário da língua falada por ambas” (Metafísica do Belo. UNESP, 2003, p. 205).

Aprender: uma incógnita...

 


Como eu aprendo?

Cristina Maria Rosa.

 

Pedagoga, hoje aprendo observando, ouvindo, lendo, experimentando, escrevendo, avaliando, planejando, refazendo. E lendo mais, conversando, questionando, criando argumentos para defender uma tese ou contrariar uma ideia. Costumo observar os efeitos de minhas ações na comunidade científica ou familiar e, através delas, agregar valor ao próximo argumento, defesa, crítica ou estudo.

Como tenho longa escolarização e experimentação no campo da educação, utilizo-me dos meus saberes. Quais? Os pessoais, da escolarização, da formação para o magistério, dos livros e da minha experiência, explorados no livro Saberes docentes e formação profissional, pelo filósofo e sociólogo canadense Maurice Tardif (2002). E utilizo-me dos meus saberes literários, uma vez que os reconheço como intimamente imbricados com a minha formação e atuação/trabalho. Penso, como Graça Paulino (2004), que minha “produção histórica e social” demandou, além de “competências cognitivas stricto sensu”, “sensibilidade, emoções, ligações afetivas e interações” que produziram “transformações pessoais”. Estas, com certeza, foram possíveis pela natureza literária de parte considerável dos saberes que usufruo.

Teses...

As teses sobre a aprendizagem que conheci na Universidade (Pedagogia/UFSM, 1986-1990) foram:

1. O behaviorismo de Skinner (1904-1990), para quem na experimentação que ocorre no processo de conhecimento dos fenômenos, é necessário ter rigor metodológico. Ele enfatiza o “comportamento operante”, uma ação do organismo no meio, ou seja, considera os humanos seres que agem no mundo e, nesse processo, modificam-no, sendo, do mesmo modo, modificados pelas consequências de suas ações;

2. Os mecanismos cognitivos utilizados pelo homem para conhecer o mundo postulados por Jean Piaget (1896-1980). Sua teoria do desenvolvimento cognitivo ou teoria científica do conhecimento integra os fenômenos cognitivos ao contexto da adaptação do organismo ao meio;

3. A tese da aprendizagem pelo trabalho, de Vigotsky e Leontiev, pois, para os autores, é nele que se encontra a essência genérica do homem. A atividade, o trabalho, para essa teoria, é atividade vital, criadora e produtiva e base para o enriquecimento e desenvolvimento dos seres humanos;

4. A tese de Henri Wallon (1879-1962) que postula a aprendizagem compromissada com o pleno desenvolvimento e humanização dos indivíduos em uma sociedade em que o sujeito humano tenha condições de se desenvolver plenamente.

Autorregulação da aprendizagem: o que é isso?

A autorregulação da aprendizagem pode ser compreendida como um processo (ininterrupto) de autorreflexão (pensar sobre e avaliar sempre) e ação (atitudes e trabalho) no qual o indivíduo planeja, organiza, realiza e avalia o seu aprender.

Observando as teses que aprendi, na Universidade em fins dos anos 80, eu diria que reconheço como mecanismos da aprendizagem, em mim, uma aprendizagem autorregulada, com elementos de:

a)                 Experimentação com rigor metodológico;

b)                 Uso da cognição para me adaptar ao meio;

c)                 Reconhecer que o trabalho é atividade vital, criadora e produtiva;

d)                 Foco da aprendizagem no pleno desenvolvimento e humanização.


Como eu aprendo?

Por fim, não resolver questões, ter dúvidas, também é aprender...

Ter dúvidas é ser impulsionado, sempre, para saber mais, caracterizando um processo infinito e, quem sabe que aprender é não ter certeza, é mais sábio.

As novas teses surgidas no século XX – estudos da mente, do cérebro, da psique, da moralidade, da espécie, por exemplo – agregam valor aos modos como aprendemos.

É impossível ignorá-las.

O conhecimento anterior fica como base, é a estrutura.

E, o prazer de saber é um elemento imensurável.

 


sábado, 9 de janeiro de 2021

Um abraço e um chá...

 


Véspera de Natal

Cristina MAria Rosa

Manhã, em meu jardim. Como de costume, eu lia o jornal e tomava café. Perto de mim, as orquídeas que pela primeira vez floresceram, o ipê amarelo prometendo e minha gata, Áfia Libni, fazendo manha.

Em uma coluna que noticia fatos do passado, li que, há 50 anos, uma jovem de 15 anos, saiu para entregar presentes para a vó.

Era véspera de Natal.

Em minha casa e na notícia lida.

Esse ano, sem meu filho querido por perto e sem poder visitar a família, estávamos só nós dois, Alex e eu, arrumando o presépio, a árvore, as guloseimas. Eu já fizera Sagu – uma receita da Tereza –, me preparava para fazer um Bolo de Natal e andava feliz da vida, inventando com minha nova Batedeira.

No jornal, a morte da jovem foi noticiada.

Morte não combina com Natal, que é a festa do nascimento. Em minha família, Natal é uma data forte, sempre foi comemorada, visto que Stefano Guiseppe, meu pai, amava presépios.

Li novamente a coluna: “Há 50 anos, uma jovem de 15 anos, que saiu na véspera do Natal para entregar presentes para a vó...”

E fiquei pensando:

Morta. Soterrada sob a neve. Nos arredores de Londres. Na moderna Inglaterra?

A manhã, em meu jardim, apesar do verão, se tornou cinza.

Até flocos de neve senti...

Me recolhi.

A batedeira, sobre a bancada, já não mais me convidava a mais e novas guloseimas.

Passei a confabular comigo mesma: Que presentes entregaria a jovem? Por que saíra sozinha? Teria encontrado no caminho a neve, em uma tempestade violenta?

Segundo a notícia, o mau tempo dificultou o trabalho da polícia, que acreditou se tratar de um caso de assassinato.

Assassinato? Como assim? Por que matariam uma jovem, quase menina, às vésperas do Natal? Quiseram seus presentes? Eu insistia em não acreditar...

Resolvi desbaratar esse crime.

Não sosseguei enquanto não convidei meus alunos, da UNAPI, a encontrarem hipóteses plausíveis para essa morte.

Há hipóteses plausíveis para a morte de uma jovem?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Infâncias: um e-book em 2021

Infâncias: um e-book para crianças

Cristina Maria Rosa


Em 2019, dei início a um projeto: reunir, em livro, contos que escrevo desde algum tempo e que tenham, como personagem central, crianças.

Ele está pronto e, em breve, será disponibilizado online, gratuitamente.

No sumário, os seguintes títulos: A fada dos moranguinhos, A língua dos gatos, A Maçã da Branca de Neve, A Marininha, A volta de Orestes, Anita, As três Dulces, Babi teve filhotes, Balé, Barata, Biso Albino Biso Bruno, Bolas de Berlim, Bolo de Princesa, Bouquet de rosas, Brasileirinhas, Brincadeiras, Cadeira do Pensamento, Carol, Castigo de Celular, Cativo, Charles, o sapo, Charles, o solitário, Chocolate, Costumes de Frederico, o príncipe, Da loucura de cada um, Engatinhando, Era uma vez, Fogueira, Frederico e seus bichos de estimação, Frederico, o príncipe, Gabi, Gabriela, Guri, Íris e os três Porquinhos, Jaguatirica, Joana, Lucca, Mãe professora, Maninho, Maquiagem, Meninas e sobrinhas, Narizinho, Narizinho teve bebê, O ninho, O palco da Dona Flávia, Os filhotes da Narizinho, Os herdeiros, Os treze de Platão, Pedacinho de Passado, Piquenique de casaco de gola, Professora, Roteiro para Menino, Um bilhete para a Bruxa, Um guri argentino, Uma bebê, um bico e um tapa.

Opinião

Ao ler os contos reunidos, quando convidada a opinar, a professora de língua e literatura brasileira Ellem de Borba escreveu:



A obra é composta por pequenos contos formando um mosaico de olhares sobre a infância. O primeiro conto: A fada dos moranguinhos trata-se de uma autoficção, nele a autora relata parte de sua infância, seus contatos com os livros e os caminhos que trilhou para se tornar uma escritora. Este conto dá o tom da obra, como observado no seguinte trecho: “Algumas coisas eu não lembro. Então invento. Outras eu lembro bem. E não gosto. Então, invento”. Importa considerar aqui as palavras de Julien Serge Doubrosvsky, ao descrever o gênero autoficção: “[...] A ‘verdade’, aqui, não poderia ser uma cópia exata, claro. O sentido de uma vida não está num lugar, não existe. Não está por ser descoberto, mas por ser inventado, não em seus detalhes, mas em seus rastros: ele está por ser construído” (DOUBROVSKY, 1988, p.77). Desta forma, a obra vai se construindo, ofertando ao leitor um desfile de personagens reais, observados através de um olhar atento, que coloca em evidência detalhes significativos, relatados por familiares, amigos, papais, mamães, avós, tios... E, também, através da mídia, como no conto “Os treze de Platão”. As narrativas são carregadas de imagens e reflexões propondo olhares múltiplos e específicos, através dos quais as personagens e os eventos apresentados flutuam entre o “real” e a “ficção”, dando vida e poesia ao texto em um estilo único e criativo de trabalho com a linguagem e com a arte de escrever (Ellem Rudiane Moraes de Borba, 2019).


Alfabeteando...

Um "Alfabeto à parte" foi criado em setembro de 2008 e tem como objetivo discutir a leitura e a literatura na escola. Nele disponibilizo o que penso, estudos sobre documentos raros e meus contos, além de uma lista do que gosto de ler. Alguns momentos importantes estão aqui. 2013 – Publicação dos estudos sobre o Abecedário Ilustrado Meu ABC, de Erico Verissimo, publicado pelas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo em 1936; 2015 – Inauguração da Sala de Leitura Erico Verissimo, na FaE/UFPel; 2016 – Restauro e ambientação da Biblioteca na Escola Fernando Treptow, inaugurada em 25 de novembro; 2017 – Escrita da Biografia literária de João Bez Batti, a partir de relatos pessoais. Bilíngue – português e italiano – tornou-se um E-Book; 2018 – Feira do Livro com Anna Claudia Ramos (http://annaclaudiaramos.com.br/). 2019 – Produção de Íris e a Beterraba, um livro digital ilustrado por crianças; 2020 – Produção de Uma quarentena de Receitas, um livro criado para comemorar a vida; 2021 – Ruas Rosas e Um abraço e um chá, duas produções com a UNAPI; 2022 – Inicio de Pesquisa de Pós-Doutorado em acervos universitários. Foco: Há livros literários para crianças que abordem o ECA? 2023 – Tragicamente obsoletos: Publicação de um catálogo com livros para a infância.

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