Já leste Selma, de Jutta
Bauer? Quando intenciono reunir argumentos para indicar sua fruição, lembro,
sempre, do escritor mineiro conhecido por Vermelho Amargo.
Um manifesto é um modo de falar. E
de escrever. É, também, um modo de ser/estar no mundo. Bartolomeu, o escritor sempre
esperado em eventos onde o apaixonamento por livros tinha lugar, no Manifesto
por um Brasil Literário (2009), declarou que “a leitura literária é um
direito de todos”. Mais. Afirmou que este preceito “ainda não está escrito”. Quando
ouvi, fiquei pensando: só demandamos algo quando já documentado? Bartolomeu
escreveu outras muitas genialidades. E, não sei se leu Selma. Eu li, e
te conto...
Jutta Bauer, a autora e ilustradora
de Selma, vive em Hamburgo e, por seu trabalho, tem merecido vários prêmios.
Não por acaso... Com tradução de Marcus Mazzari, a edição de Selma, no
Brasil, ocorreu em 2008 pela da Cosac Naify. Cem gramas de papel em
formato paisagem contém 56 páginas em onze centímetros de altura por quinze de
largura.
Sim, é um livrinho...
Não dentro.
Quando o abrimos, folheamos,
observamos, um turbilhão de sensações – advindas das ilustrações, das palavras
ali presentes e do roteiro – invade nosso anterior modo de pensar. Isso torna Selma,
imenso. Ou, imensurável! Esta palavra pode ser empregada para livros que têm como
resultado, o silêncio – contemplativo, extasiado, filosófico, até.
Durante.
E após...
Selma é considerado um livro de literatura. É vendido como um livro de
literatura infantil. Alguns o nomeiam como uma narrativa; outros, como uma
novela. Um que outro, fábula. Eu o chamo de arte literária. Há traduções de Selma
em muitos idiomas, e podes escolher em qual delas ler.
A primeira vez que li Selma
foi em uma livraria. Penso que foi em Belo Horizonte. Teria sido na Quixote, a
preferida de Bartolomeu Campos de Queirós? Me abracei na obra e saí com ela.
Não me continha! Havia um barulho intenso dentro de mim...
Hoje, lamento não ter comprado muitos
exemplares. Meu único, tratado como artefato precioso, com o ir e vir de aulas,
palestras, viagens, desapareceu. Um dia, saí com e voltei sem. Para
tê-lo novamente em minha biblioteca, tive que buscá-lo em outras línguas, pois
a editora brasileira já não mais existe.
Ao ler Selma em aulas de leitura
literária na Universidade, não raro, ouvia de estudantes presentes: – Não vivo
mais sem este livro! Incomodados com o estranhamento e a sensação de
incompletude que Selma tem deixado, alguns destes, ainda hoje, o mencionam como
o melhor e mais importante livro lido em suas vidas.
Se leres Selma, vais
entender...
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Obs: Este trexto foi publicado originalmente no Jornal Tradição em 18 de outubro de 2024. Para ver e ler, clique em: O gosto pelas coisas simples | Jornal Tradição Regional
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