Cristina Maria Rosa
Ao apresentar, hoje, 19 de outubro,
seu trabalho intitulado “Um espaço literário infantil: Instituto Estadual de
Educação Assis Brasil”, Mateus Valadão de Souza brilhou. Junto com Darlan Porto
da Rosa Junior, os dois estudantes da Universidade Federal de Pelotas integram o
corpo de apresentadores na SIIEPE, a semana integrada de Inovação, Ensino, Pesquisa
e Extensão da UFPel.
Na ocasião, eu, orientadora de Mateus e Darlan, fui substituída competentemente pela Adriana Schüller Cavalli, a quem agradeço.
Foco
Criar e desenvolver um projeto de
extensão que visa “a consolidação de um espaço literário infantil no Instituto
Estadual de Educação Assis Brasil” foi o intuito dos estudantes.
Idealizado a partir do Estágio em
Gestão – disciplina obrigatória da Licenciatura em Pedagogia (FaE/UFPel) – e
apoiado pela tutora do PET Educação, professora Cristina Maria Rosa, a
proposição em como foco a literatura e letramento literário.
IEEAB
Instituição que, historicamente, tem
forte relação com a formação de professores em Pelotas, o Assis Brasil, como é
conhecido, é uma das primeiras escolas do Município a proporcionar o Curso
Normal. Localizada
no centro da cidade, pode ser considerada cosmopolita por receber e educar
pessoas de diferentes lugares do RS.
A proposta de criação de um espaço
literário infantil surgiu através do contato com a escola de grande dimensão em um momento de enfrentamento de desafios: período
histórico e político de desvalorização dos servidores e das instituições
públicas e em um tempo ainda muito marcado pela pandemia da COVID 19.
Crianças
A consideração das crianças como
atores sociais de pleno direito – estatuto de ator social – revigorou a
proposição. Crianças têm o direito de ler. Este, um princípio. A escola é um
ligar privilegiado e dotado desta funcionalidade. Assim...
A criação de um “espaço literário" partiu da ideia de inserir todas as crianças na cultura do letramento, tanto
literário como o vinculado a práticas de alfabetização. No entanto, associar a
leitura literária ao prazer é um engano, pois ninguém nasce gostando ou não de
ler. É preciso despertar nos sujeitos a paixão por esta habilidade.
Nesse aspecto, importante considerar
o termo alfabetização literária. Rosa (2015) conceitua o termo como sendo “um
processo de apresentação do mundo da literatura a todos”. Além disso, elenca a
importância da “elaboração e produção de um processo saboroso, articulado e
intencional de apresentação do livro literário ao leitor iniciante” (ROSA,
2016). Para que a alfabetização literária aconteça, a pesquisadora aponta como
imprescindível, “um futuro leitor, um mediador e um livro” (ROSA, 2015).
Direitos humanos
O crítico de cultura CANDIDO (1970)
na defesa dos direitos humanos, aborda uma relação que é histórica no
questionamento daquilo que é compressível e incompressível, ou seja, aquilo que
socialmente é discutido e elaborado como necessário ou não dentro da sociedade.
Principalmente levando em consideração que grupos de pessoas em vulnerabilidade
ou minorias sociais tem constantemente suas necessidades humanas reduzidas a um
lugar apenas material. A arte e a literatura na sua mais ampla conceituação
encontram-se nesse paradoxo e a sua democratização esbarra na mais profunda
crença de sua necessidade dentro da sociedade.
A luta pelos direitos humanos
pressupõe a consideração de tais aportes e, nos aproximando do tema deste
projeto, os consideramos “bens” não apenas os que asseguram a sobrevivência
física em níveis decentes, mas os que garantem a integridade mental, cultural,
espiritual. Parafraseando Candido (1970), “[...] a alimentação, a moradia, o
vestuário, a instrução, a saúde, a liberdade individual, o amparo da justiça
pública, a resistência à opressão” são direitos compressíveis.
Incompressíveis, “o direito à crença, à
opinião, ao lazer e, por que não, à arte e à literatura (CANDIDO, 2004, p.
176). Esa reflexão tem apoio de GIL (2003), par quem “essa história de achar
que a cultura é uma coisa extraordinária”, tem que acabar. Completa: “Cultura é
ordinária! Cultura é igual feijão com arroz, é necessidade básica. Tem que
estar na mesa, tem que estar na cesta básica de todo mundo”.
Mais...
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