sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Democracia na Escola: obedecer a leis?

 

Imagem de Luiz Ariel (2022).

Democracia na Escola: o que é isso?

Cristina Maria Rosa

Alisson Castro Batista


Regidas pela Constituição Federal de 1988 e regulamentadas, em diferentes momentos históricos, por documentos orientadores como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), as Diretrizes Curriculares Nacionais (1998) e, mais recentemente, a Base Nacional Comum Curricular (2017)e o Documento Orientador Municipal (2020) além do e Projeto Político Pedagógico, as escolas brasileiras vivem o dilema de obedecer ou obedecer.

Expressando as transformações políticas e sociais pelas quais o país passa, cotidianamente, as universidades e a gestão de escolas têm procurado um paradigma que represente uma filiação ao Estado Democrático de Direito através de democráticas concepções de gestão: com transparência, horizontalidade, autonomia e liberdade de pensamento. Uma escola com função social definida e regida por gestores democraticamente escolhidos. Mas não só...

O que é Estado Democrático de Direito?

Estado Democrático de Direito é aquele que garante, a partir de um Estado governado democraticamente e submetido ao Direito como fundamento primeiro de suas ações, o atendimento a elementos básicos que promovam uma vida digna a todos os cidadãos e cidadãs. Neste estado, a escola – que tem público específico e é parte do todo da sociedade – deve garantir "vida digna". Podemos entender que seria oportunizar aos presentes nela, acesso aos bens culturais típicos, processos de aprendizagem e convivência sadia e democrática?

E a Democracia?

Modelo político originado na antiga Grécia, o termo é composto pelos radicais demos (povo) e kratos (governo). Modernamente, é definida por ordenamentos jurídicos e instituições políticas sólidas, que representam três poderes: Executivo, Judiciário e Legislativo. Foco para a compreensão desse conceito é a derrocada do Absolutismo, a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e, mais importante, a noção de povo associada a uma nação. Assim, a soberania política de uma nação passou a ser vinculada ao povo e a instituição do voto, parte do sistema de representação.

As mais básicas variações práticas de um sistema democrático podem ser definidas como democracia direta e democracia representativa. A partir da Constituição Federal de 1988, o sistema político brasileiro é representativo, com a eleição de representantes em eleições diretas. Esse modus operandi não impediu que diversos mecanismos de participação direta da população na gestão do estado e dos serviços prestados fossem desenvolvidos. Mecanismos como o OP e PDM são exemplos deste fenômeno. Neste sentido, foram construídos mecanismos de participação direta da sociedade na gestão escolar, tais como o conselho escolar e a eleição para direção da escola.

A gestão democrática na educação, quando se volta à dinâmica do Conselho Escolar, deve tentar incluir todos os núcleos da escola (funcionários/professores, alunos, familiares) em suas discussões e debates, fazendo com que as tomadas de decisões sejam coletivas (CÓSSIO, HYPOLITO, LEITE e DALLI’GNA. 2010). Outra importante ferramenta da gestão democrática é o Projeto Político Pedagógico da escola, que se trata de um dos principais documentos desta instituição. Nele são descritas e organizadas as normas e orientações do funcionamento da instituição.

Projeto pressupõe mudança, transformação. Quando projetamos algo, traçamos objetivos ou metas e descrevemos como iremos cumpri-los. E isso, necessariamente, irá transformar o contexto e os elementos envolvidos nessa projeção e execução. Portanto, todo projeto implica em rupturas no estado atual das coisas e transformações em algo diferente disso. Pensamos que é importante que qualquer projeto seja construído por toda a comunidade local, com engajamento real de quem participa da escola. E que seja constantemente revisado e modificado, de acordo com as transformações sociais, necessidades e potencialidades de cada contexto (VEIGA, 1998).

A Democracia pode ser exercida na escola para além de documentos orientadores?

Como deve ser na sala de aula?

No refeitório?

Na Biblioteca?

Nos locais de convívio?

Em breve, algumas respostas...


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Alfabeteando...

Um "Alfabeto à parte" foi criado em setembro de 2008 e tem como objetivo discutir a leitura e a literatura na escola. Nele disponibilizo o que penso, estudos sobre documentos raros e meus contos, além de uma lista do que gosto de ler. Alguns momentos importantes estão aqui. 2013 – Publicação dos estudos sobre o Abecedário Ilustrado Meu ABC, de Erico Verissimo, publicado pelas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo em 1936; 2015 – Inauguração da Sala de Leitura Erico Verissimo, na FaE/UFPel; 2016 – Restauro e ambientação da Biblioteca na Escola Fernando Treptow, inaugurada em 25 de novembro; 2017 – Escrita da Biografia literária de João Bez Batti, a partir de relatos pessoais. Bilíngue – português e italiano – tornou-se um E-Book; 2018 – Feira do Livro com Anna Claudia Ramos (http://annaclaudiaramos.com.br/). 2019 – Produção de Íris e a Beterraba, um livro digital ilustrado por crianças; 2020 – Produção de Uma quarentena de Receitas, um livro criado para comemorar a vida; 2021 – Ruas Rosas e Um abraço e um chá, duas produções com a UNAPI; 2022 – Inicio de Pesquisa de Pós-Doutorado em acervos universitários. Foco: Há livros literários para crianças que abordem o ECA? 2023 – Tragicamente obsoletos: Publicação de um catálogo com livros para a infância.

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