Inspirada na leitura que recentemente fiz, elaborado
por Luis Camargo, voltei a um belíssimo escrito de Antonio Candido[1]. Filiando-me a seus
ensinamentos, afirmo que a literatura contribui para a humanização e
enriquecimento do indivíduo e da sociedade. Cito suas palavras para dizer que acredito
que “as produções literárias, de todos os tipos e todos os níveis, satisfazem
necessidades básicas do ser humano, sobretudo através dessa incorporação, que
enriquece a nossa percepção e a nossa visão do mundo”
E por que a literatura é “uma necessidade
universal imperiosa” e “fruí-la é um direito das pessoas de qualquer sociedade”
como defende Candido?
O argumento central que responde a esta questão
está na própria produção literária que, desde muito tempo acompanha a narrativa
do que é tornar-se humano em tempos de história e memória de nós mesmos. Para
Antonio Cândido, desde “o índio que canta as suas proezas de caça ou evoca
dançando a lua cheia até o mais requintado erudito que procura captar com
sábias redes os sentidos flutuantes de um poema hermético” o que move esses personagens
– sujeitos em busca de representar-se – é a humanização.
Para Antônio Cândido, a humanização é “o
processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o
exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o
próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da
vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o
cultivo do humor”. E, afirma: é a literatura que desenvolve em nós “a quota de
humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza,
a sociedade, o semelhante”.
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