sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Gente pobre, de Dostoiévski. Eu recomendo.


Gente pobre, de Dostoiévski
Eu recomendo...
Cristina Maria Rosa


Além de uma lista atualizada por mim ano a ano e partilhada nas redes sociais (De A a Z o que gosto de ler), sugestões do que ler integra minha produção na extensão desde outubro de 2015, através de “dicas literárias” ao Programa Tons e Letras da Rádio, na Rádio FM Cultura de Porto Alegre (107.7).
A convite do jornalista Luís Dill, uma obra literária é indicada aos ouvintes. Em janeiro, para mais uma dica do que ler para os pequenos, selecionei um  fragmento de gente pobre de Fiódor Dostoiévski. Leia o texto que selecionei:

“Vivíamos sossegados, Várienka; eu e minha falecida senhoria, já velhinha. E é dessa minha velha que agora me lembro com um sentimento de tristeza! Era uma boa mulher e não cobrava caro pelo quarto. Estava sempre tricotando mantas de retalhos diferentes com agulhas de tricô de um archin de comprimento; essa era a sua única ocupação. Até a luz nós partilhávamos, de modo que trabalhávamos à mesma mesa. Ela tinha uma netinha, Macha – me lembro dela ainda criança –, a menina deve ter agora uns treze anos. Era tão levada, alegre, fazia-nos rir o tempo todo; e era assim que vivíamos os três. Durante os longos serões de inverno, costumávamos nos sentar a uma mesa redonda, tomar nosso chá, e depois nos pôr a trabalhar. E a velha, para entreter a Macha e para que a travessa não faça folia, se põe a contar historias. E que histórias! Não só uma criança, até uma pessoa sensata, inteligente, se deixa enredar de tal modo que e esqueço completamente do trabalho. E a própria criança, a nossa traquinas, fica pensativa; escolar a bochechinha rosada na mãozinha, abre sua linda boquinha e, se a história inspira um pouco de medo, não vai se agarrando toda na velha. Para nós, então, que prazer era olhar para ela; em reparamos que a velinha está derretendo, nem percebemos que a nevasca Às vezes recrudesce do lado de fora e varre a tempestade de neve” (DOSTIÉVSKI, Fiódor. Gente pobre. Tradução, posfácio e notas de Fátima Bianchi. Col. Leste. São Paulo, Editora 34, 2009, p. 21-22).

Editado pela 34 em 2009 no Brasil, Gente pobre pode ser a porta de entrada para uma Literatura densa e repleta de significados.
Leia para os seus, e ouça o Programa Tons e Letras.

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Alfabeteando...

Um "Alfabeto à parte" foi criado em setembro de 2008 e tem como objetivo discutir a leitura e a literatura na escola. Nele disponibilizo o que penso, estudos sobre documentos raros e meus contos, além de uma lista do que gosto de ler. Alguns momentos importantes estão aqui. 2013 – Publicação dos estudos sobre o Abecedário Ilustrado Meu ABC, de Erico Verissimo, publicado pelas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo em 1936; 2015 – Inauguração da Sala de Leitura Erico Verissimo, na FaE/UFPel; 2016 – Restauro e ambientação da Biblioteca na Escola Fernando Treptow, inaugurada em 25 de novembro; 2017 – Escrita da Biografia literária de João Bez Batti, a partir de relatos pessoais. Bilíngue – português e italiano – tornou-se um E-Book; 2018 – Feira do Livro com Anna Claudia Ramos (http://annaclaudiaramos.com.br/). 2019 – Produção de Íris e a Beterraba, um livro digital ilustrado por crianças; 2020 – Produção de Uma quarentena de Receitas, um livro criado para comemorar a vida; 2021 – Ruas Rosas e Um abraço e um chá, duas produções com a UNAPI; 2022 – Inicio de Pesquisa de Pós-Doutorado em acervos universitários. Foco: Há livros literários para crianças que abordem o ECA? 2023 – Tragicamente obsoletos: Publicação de um catálogo com livros para a infância.

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