sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Sala de Leitura Erico Verissimo: o acervo infantil

 

Investigando o acervo infantil da SLEV

Cristina Maria Risa

Cinara Tonello Postringer


Ao realizar, recentemente, um inventário sobre obras abrigadas na SLEV - Sala de Leitura Erico Verissimo - pertencente ao Grupo de Estudos de Leitura Literária (GELL) da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas, encontramos importantes informações. Inventariar é enumerar, listar, arrolar, catalogar. Ou seja, é realizar uma descrição pormenorizada do patrimônio de um local para conhecer mais profundamente o acervo. De acordo com Rosa (2023), um processo de inventário literário 

consiste em conhecer quantas e quais obras estão inseridas na coleção que pretendemos conhecer, em que condições de uso se encontram, quantos exemplares e edições existem de um mesmo título e se foram adquiridas ou doadas. Como se pode ter acesso à coleção também integra o conceito de “inventário” e saber que nem sempre todos os títulos estarão presentes quando de uma visita é importante. Avaliação implica em considerar, nas coleções, quais os títulos adequados a serem inseridos no recorte de pesquisa proposto (ROSA, 2023, p.31).

 Achados da pesquisa

1. Na SLEV há uma Minibiblio – uma catalogação dos livros do acervo inserida no computador da sala. Aalimentada desde o inicio da composição do acervo, na minibilbio é restrita a 1000 inserções e, assim, não descreve a totalidade de itens da Sala de Leitura;  

2. A SLEV abriga cinco coleções totalizando aproximadamente 1200 itens. Estas foram adquiridas com recursos públicos e por doações;

3.Uma das coleções é composta por obras sobre a Literatura e seu ensino. Nela, estão assentadas obras como A Literatura em Perigo (Tzvetan Todorov), Crítica, Teoria e Literatura Infantil (Peter Hunt), Das leituras ao letramento literário (Graça Paulino), Literatura Infantil: Gostosuras e Bobices (Fanny Abramovich), Literatura Infantil: Teoria, Análise e Didática (Nelly Novaes Coelho), Uma história da leitura (Alberto Manguel) e Uma rede de casas encantadas (Ana Maria Machado), entre outras;

4. Outra coleção inserida na sala é de Literatura Universal. Nela há obras como Poesia Completa (Cecília Meireles) e Obras Completas (Jorge Luis Borges);

5. A Coleção de Literatura Infantil contém obras clássicas de autores como Perrault, Grimm e Andersen e títulos de obras modernas, com ênfase para autores brasileiros. A obra completa de Monteiro Lobato e Erico Verissimo estão inseridas neste banco;

6. Há uma coleção de títulos identificados como Literatura Infantojuvenil, com aproximadamente 200 títulos mais 30 exemplares oriundos dos concorrentes ao PNBE/2015-2016, entre eles, Policarpo Quaresma (HQ), de Lima Barreto e Os Miseráveis, de Victor Hugo (Adaptado por Antônio Carlos Viana);

7. E, ainda, uma coleção de aproximadamente 30 Banners, contendo registro de cursos e eventos promovidos pela sala para dar suporte a exposições da história do GELL, responsável pela proposição, organização e manutenção da SLEV.

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Na 49ª Feira do Livro, uma entrevista.

 


Cristina Maria Rosa

Pedagoga – Docente na UFPel

Patronesse da 49ª Feira do Livro

Pelotas – Centro Histórico, 26/10 a 19/11/2023.

Uma entrevista...

A convite da Jornalista Cíntia Piegas (cintiap@diariopopular.com.br) em em 27/10/2023, respondi, durante a 49ª Feira do Livro de Pelotas, a um grupo de questões que foram publicadas em modo online e no jornal impresso. A seguir, perguntas e repsostas:

1. Como é ser patrona da Feira do Livro para quem há 30 anos fomenta a leitura?

É instigante, uma emoção que me faz sorrir, uma indescritível sensação de presente de aniversário! Sim, neste ano completei 30 anos de docência na educação. Sou Pedagoga desde 1990. Professora na FaE/Ufpel desde 1993. Leitora, desde pequena. O que significa que, pessoalmente, a leitura, o encantamento pelo texto literário, antecedeu minha formação profissional. Quando tive a oportunidade de conhecer professoras em formação – em salas de aula, escolas, cursos de aperfeiçoamento e especializações – percebi que a “chave” de minha profissão, o atributo mais importante da docência pedagógica, em qualquer instância de aprendizagem e ensino, era a habilidade de tornar alunas e alunos apaixonados pela leitura. Então, ser “patronesse” é, de algum modo, um elogio ao apaixonamento. Pela leitura, pela literatura, e pela Pedagogia, uma profissão que só pode ser exercida quando se conhece a arte literária.

2. Este ano o projeto Grupo de Estudos em Leitura Literária, que está presente na feira desde 2006, vai ter um gostinho especial?

Neste ano, o GELL estará, sim, na 49ª Feira do Livro. Preparamos alguns momentos de “vida na praça”, ou seja, passeios, interações, lançamentos de livros, diálogos e presença leitora. O primeiro, ocorreu na quinta-feira, dia 26/10, quando da inauguração da Alameda das Crianças. O GELL esteve representado pela Bruxa, uma de nossas mais instigantes personagens. Ela recebeu e dialogou com crianças, brincou e riu com o Palhaço Azulzinho, visitou livreiros, deu autógrafos, gravou vídeos para divulgação da feira (podes conferir no insta da feira), divulgou a campanha pública denunciando a violência contra as mulheres, conheceu todo o espaço da feira e recebeu palmas por onde andou. O GELL preparou ainda o lançamento de Violetas – um livro que a Patronesse escreveu e vai presentear as professoras – que será exposto como obra de arte, lido em voz alta e compartilhado por QRcode. Há mais...


3. Com a professora e pedagoga avalia o trabalho literário em Pelotas e sobre o fomento à leitura em casa e nas escolas?

Como professora, trabalho para que a leitura literária seja uma realidade diária para cada criança na escola. Defendo que a biblioteca escolar seja disponibilizada às crianças que, como brasileiros, têm direito a ela e a seus segredos e guardados. Pretendo que as professoras e os professores se apaixonem pelos livros que há nestas bibliotecas e comuniquem seu apaixonamento às crianças. Como pesquisadora do campo da leitura literária, sei que ainda nos falta conhecer o poder da literatura e reconhecer que todos temos direito a ela. Mas, todos os dias, trabalho para que esta “falta” seja minimizada. Como Pedagoga, avalio que o trabalho de formação literária em nossa cidade existe, especialmente aquele desempenhado por professoras e professores nas escolas e por professoras que atuam nas bibliotecas escolares. Não é anônimo, este trabalho! Como não é anônimo nenhum de seus resultados. Podemos fazer mais? Sim, podemos. Faremos? Em casa, nos lares, aos familiares cabe saber que o direito à literatura, embora não inscrito em nossa constituição, deve ser garantido aos pequenos. E a feira do livro é uma oportunidade, um evento no qual o livro e a literatura estão no centro do palco. É um momento de sensibilizar os que ainda não foram alfabetizados literariamente. Esse é um dos papeis da Feira e de todos que a pensaram e a estão realizando. 4. Como a tecnologia e os smartphones podem virar aliados de quem deseja entrar para o universo dos livros? Considero esse momento muito propício para a leitura. A tecnologia nos coloca em contato com autores, editoras, eventos de letramento de modo rápido, interativo e em locais inusitados e impensáveis para a maioria das pessoas. Isso é importantíssimo. Uma criança que habita na zona rural se corresponde comigo, que vivo em Pelotas e circulo por outras cidades do país. Dialogamos sobre contos meus, personagens que ela admira, sua vontade de ser escritora ou roteirista. Só a tecnologia pode fazer isso. E faz. Quanto aos smartphones, eu os tomo como aliados da leitura. São eles que aportam nas mãos dos usuários, importante “prova de sinceridade”. Ao mencionar um conflito no planeta – a morte do Rio Doce, por exemplo – crianças e jovens na escola, podem pesquisar o Instituto Terra, de Lélia e Sebastião Salgado e compreender que para cada ato político deplorável dos adultos, outros adultos, inconformados, podem inventar o futuro. Eu amo registrar momentos e os smartphones revelam novos “fotógrafos” da humanidade. E possibilitam que a escrita, antes restrita aos impressos, circule em outros meios e de outros modos, como grupos que leem nas madrugadas, textos com autoria disfarçada, trocas de poemas ou contos, redirecionamentos para páginas de autores inéditos, entre outras tantas formas de manifestação. Penso que “infinito” é uma palavra e um sentimento que se coaduna com esse momento. E eu gosto muito do infinito.

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Um discurso na abertura da 49ª Feira do Livro de Pelotas

 

Cristina Maria Rosa

Pedagoga – Docente na UFPel

Patronesse da 49ª Feira do Livro

Pelotas – Centro Histórico, 26/10 a 19/11/2023.


Discurso de Abertura

Boa tarde a todas e todos!

Bebês, crianças, jovens, adultos e velhos são bem-vindos à 49ª Feira do Livro de Pelotas!

Boa tarde autoridades por nós eleitas, organizadores da 49ª Feira do Livro de Pelotas, patrocinadores, livreiras, mediadores e parceiros dessa grande aventura que é a Feira do Livro!

Hoje, oficialmente, abrimos um tempo de ler, um tempo de praça, um tempo de deleite na Praça CEL. Pedro Osório!

Meu convite é para que saibamos usufruir.

Como um evento de letramento que admiro profundamente, afirmo que ter sido escolhida como patronesse é ter acesso e uma indescritível sensação de presente de aniversário!

Em 2023, completei 30 anos de docência na educação. Sou Pedagoga desde 1990. Professora na Faculdade de Educação desde 1993. Leitora, desde pequena. O que significa que, pessoalmente, a leitura, o encantamento pelo texto literário, antecedeu minha formação profissional. Quando tive a oportunidade de conhecer professoras em formação – em salas de aula, escolas, cursos de aperfeiçoamento e especializações – percebi que a “chave” de minha profissão, o atributo mais importante da docência pedagógica, em qualquer instância de aprendizagem e ensino, era a habilidade de tornar alunas e alunos apaixonados pela leitura. Então, ser “patronesse” é, de algum modo, um elogio ao apaixonamento.  Pela leitura, pela literatura, e pela Pedagogia, uma profissão que só pode ser exercida quando se conhece a arte literária.

Como professora, trabalho para que a leitura literária seja uma realidade diária para cada criança na escola. Defendo que a biblioteca escolar seja disponibilizada às crianças que, como brasileiros, têm direito a ela e a seus segredos e guardados. Pretendo que as professoras e os professores se apaixonem pelos livros que há nestas bibliotecas e comuniquem seu apaixonamento às crianças. Como pesquisadora do campo da leitura literária, sei que ainda nos falta conhecer o poder da literatura e reconhecer que todos temos direito a ela. Mas, todos os dias, trabalho para que esta “falta” seja minimizada. Como Pedagoga, avalio que o trabalho de formação literária em nossa cidade existe, especialmente aquele desempenhado por professoras e professores nas escolas e por professoras que atuam nas bibliotecas escolares. Não é anônimo, este trabalho! Como não é anônimo nenhum de seus resultados. Podemos fazer mais? Sim, podemos. Faremos?

Em casa, nos lares, aos familiares cabe saber que o direito à literatura, embora não inscrito em nossa constituição, deve ser garantido aos pequenos. E a feira do livro é uma oportunidade, um evento no qual o livro e a literatura estão no centro do palco. É um momento de sensibilizar os que ainda não foram alfabetizados literariamente. Esse é um dos papeis da Feira e de todos que a pensaram e a estão realizando.

Por fim, antes de “tocar o sino”, quero declarar que considero esse momento muito propício para a leitura, uma vez que a tecnologia nos coloca em contato com autores, editoras, eventos de letramento de modo rápido, interativo e em locais inusitados e impensáveis para a maioria das pessoas. Isso é importantíssimo. Ter um livro em mãos, ver ou ouvir sua autora, seu autor, poder perguntar algo integra o grupo de procedimentos que espontânea ou organizadamente, formam novos leitores, E é a este “novos” que entrego a praça. Não esquecendo que os experientes são os responsáveis por legar: legar o prazer de ler e a curiosidade pela permanência.

Declaro aberta a 49 Feira do livro!

Às alamedas, Pelotas!

Viva a literatura! Viva o livro! Viva a leitura!

Pelotas, 27 de outubro de 2023.

Patronesse da 49ª Feira do Livro de Pelotas


Algumas palavras...

Cristina Maria Rosa

Em 2023, entre 10 de outubro e 19 de novembro estive, como Patronesse da 49ª Feira do Livro de Pelotas, em atividades na Praça Cel. Pedro Osório. Escolhida pela Câmara Pelotense do Livro e anunciada em cerimônica no Auditório da SICREDI/Pelotas em 10/10, recebi, da prefeitura, um bóton com a incumbência de cuidar do livro, da leitura e da literatura durante a Feira, que transcorreu de 26 de outubro a 19 de novembro. 

Ontem, dia 19/11, "bati o sino", fechando os trabalhos.

Agradeço a homengem, a responsabilidade a mim atribuída, os abraços e carinhosas manifestaçoes durrante todos esses dias intensamente vividos. 

Viva a Feira do Livro! Viva a leitura literária! Viva a criança leitora!


Alguns dados de minha biografia profissional

Pedagoga (UFSM, 1990), Mestre em Educação (UFSM, 1996), Doutora em Educação (UFRGS, 2004) e Pós-Doutora em Educação por duas vezes (UFMG, 2011 e UFRGS-UFSC, 2023), minha formação profissional propiciou que eu me tornasse uma pesquisadora no campo da leitura literária. Nos últimos 10 anos, venho me dedicando a criar uma lista de livros imprescindíveis para a primeira infância, ou seja, para bebês entre zero e quatro anos. A investigação justifica-se pela necessidade de delimitar um corpus adequado à Alfabetização Literária de crianças que frequentam escolas públicas no Município de Pelotas.

Sou autora do conceito Alfabetização Literária – processo de apresentação da literatura a todos – que pressupõe inserir, manter e aprimorar relações de pertencimento de bebês, crianças, adolescentes, adultos e velhos com o universo da literatura, uma arte cujo ingresso e permanência é um direito. 

Entre os laços que desenvolvi com a comunidade de pesquisadores brasileiros que estudam a leitura está a presença, desde 2010, no GPELL – Grupo de Pesquisa do Letramento Literário da UFMG, criado pela minha supervisora de Pós-Doutorado, Graça Paulino. Na UFPel, criei e coordeno o GELL – Grupo de Estudos em Leitura Literária. Além disso, mantenho aberta a SLEV – Sala de Leitura Erico Verissimo da FaE/UFPel, um espaço para atuar no campo da leitura literária como cursos de aperfeiçoamento, ambientações de bibliotecas e salas de leitura, aulas em livrarias, espetáculos literários e leitura de literatura para crianças.

 

 

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Ler é pertencer

 

Ler é estar imerso na cultura escrita

Cristina Maria Rosa

Alfabetizar é dar ingresso ao mundo da cultura escrita.

A todas e todos.

Na escola, dar ingresso e manter...

Alfabetizar literariamente é inserir, manter e aprimorar relações de pertencimento de alguém – um bebê, uma criança, um adolescente, um adulto – ao “universo” da literatura.

A Literatura é uma arte e o ingresso e permanência nesta arte é um direito.

Embora não escrito, esse direito está representado por bons livros, autoras e autores relevantes e políticas públicas de acesso à bibliotecas.

Para dar início a um processo de alfabetização literária, é necessária a mediação de um/a conhecedor/a de obras, autorias e gêneros literários e de processos de aprendizagem que se harmonizam em etapas organizadas, constantes e significativas.

Assim, ao se propor a alfabetizar literariamente é imprescindível ter e manter deliberação, frequência e qualificação, pois o gostar de ler literatura não nasce com os bebês.

O contato com livros e a leitura de literatura e deve ser constante: um pouquinho a cada dia. E, para se escolher bons livros, os imprescindíveis, é prudente ter critérios.

A alfabetização literária ocorre com livros!

Muitos e literários livros, abertos frente a nossos olhos e demais sentidos, cotidianamente, até que saibamos que dependemos deles como da água, para viver...

quarta-feira, 7 de junho de 2023

Ouça meninas

 

As meninas e nós

Cristina Maria Rosa

 

É junho. frio aqui na serra gaúcha. Dia lindo. Acordei cedo.

Ao abrir meu computador, depois de um café da manhã em que o diálogo sobre a simplicidade da vida no campo foi o tema central, antes de qualquer possibilidade de retomar meus estudos, uma notícia me levou a clicar e ler. O título, no Portal GELEDÉS era: Com Rede Malala, Nobel da Paz pede que governo brasileiro ouça meninas e sociedade civil

Impossível não ler.

Impossível não vincular o lido com a educação literária de e para meninas que propusemos, entre 2017 e 2021, na cidade de Pelotas, onde exerço, desde 1993, a docência na área da Cultura Escrita na Pedagogia da FaE. Naquele tempo, Jéssica Ribeiro e Ellem Borba, minhas duas parceiras de ideias e atitudes, mais um grupo de queridas pessoas e leitoras – Bitica, Patrícia, Ieda, Cinara, Tamires, Rose, Márcia, Daniela, Malu, Rafaela, Roberta, Helenira, Érica, Virginia – inventamos um modo de ser e estar neste diálogo que sim, deve ser da Universidade e da Literatura.

A violência contra meninas não pode ser ignorada.

Deve ser afrontada!

Um evento sem machismo

Registrado em http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2017/05/educacao-sem-machismo-o-evento.html, o Seminário Educação Sem Machismo – evento realizado no dia 26 de maio de 2017 como uma ação da Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul –, contou com o apoio do Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual da UFPel. O objetivo foi capacitar educadores para abordar os temas como violências de gênero e machismo, através de ferramentas que promovessem a igualdade nos ambientes de ensino como escolas e universidades. Lideradas pela Deputada Estadual Manuela D’Ávila – Procuradora Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul – um grupo de pesquisadoras contribuiu para o diálogo, travado com um público atento e participativo.

Convidada a representar a UFPel, elaborei por escrito algumas reflexões a partir de experiências em escola, com meninas. A “conferência” se originou em um trabalho de pesquisa e extensão que vinha sendo desenvolvido desde 2016 e que foi publicizado pela primeira vez no dia oito de março de 2017, dia internacional da mulher, em uma atividade intitulada Leituras para Meninas.

Quer conhecer na íntegra o texto preparado por mim para este evento? Se sim, clique em: http://crisalfabetoaparte.blogspot.com.br/2017/05/leitura-para-meninas-um-punho-e-um-utero.html

Para saber mais...

Para saber quase tudo que ocorreu neste tempo entre 2016 e 2021, leia pequenas matérias que organizei, redigi e publiquei em meu blog. Ao clicar nos endereços selecionados, vais perceber que sim, são atitudes simples, pontuais. Mas, repletas de significado e empoderamento.

1. Textos literários para abordar o tema da educação de meninas contra a violência podem ser encontrados em: http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2017/03/leituras-para-meninas-eu-recomendo.html;

2. Mulheres que escrevem sobre a condição feminina podem ser conhecidas se lermos autoras que estão indicadas em: http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2017/03/mulheres-leem-mulheres.html;

3. Se quiseres saber como fazer um evento de e para mulheres leia: http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2017/03/8-de-marco-um-dia-de-ler.html;

4. Ler poemas sobre, para e com mulheres pode ser assim: http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2017/03/11-de-marco-poemas-para-mulheres.html;

A publicação que li e que originou este escrito

Quer saber o que o GELEDÉS escreveu sobre a visita de Malala Yousafzai – a mais jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz – ao Brasil? Quer descobrir o que conversou com ativistas e meninas de projetos desenvolvidos pela Rede Malala? Clique em https://www.geledes.org.br/com-rede-malala-nobel-da-paz-pede-que-governo-brasileiro-ouca-meninas-e-sociedade-civil/ e leia na íntegra. Na matéria, uma de suas declarações foi

 

As vozes das meninas devem estar no centro das discussões que definem o futuro delas. É preciso garantir a participação de ativistas e de meninas na formulação de políticas educacionais e a colaboração entre o governo e a sociedade civil para mudar o futuro das meninas. Eu espero que o governo brasileiro avance na implementação de políticas progressistas e leis que promovam a equidade de gênero e de raça, incluindo a total implementação da história e cultura afro-brasileira e indígena nos currículos escolares. (Malala Yousafzai, 07 de junho de 2023).

Obrigada!

terça-feira, 23 de maio de 2023

Alfabetizar literariamente


 O que é alfabetizar literariamente?

Cristina Maria Rosa

 

Alfabetizar literariamente é inserir, manter e aprimorar relações de pertencimento de alguém – um bebê, uma criança ou mesmo um adulto – ao “universo” da literatura. Sempre lembrando que Literatura é uma arte e o ingresso nesta arte demanda mediação de um/a adulto/a conhecedor/a de obras, autorias e gêneros literários e de processos de aprendizagem que se harmonizam em etapas organizadas, constantes e significativas. Ao alfabetizar literariamente é imprescindível deliberação, frequência e qualificação. Isto significa dizer que a formação do gosto por ler literatura não ocorre eventual e aleatoriamente e nem em atitudes desprovidas de critérios ou juízos de valor.


segunda-feira, 22 de maio de 2023

Antologia literária na mão...


Literatura em um caderno de textos

Cristina Maria Rosa

 

O que é um “caderno de textos”?

Uma das estratégias que inventei, quando fui professora de metodologia da alfabetização na Pedagogia da Faculdade de Educação na Ufpel foi o “caderno de textos”.

É uma ideia simples, eficiente e adequada para professoras que estão longe de centros com boas bibliotecas, livrarias e sebos.

Parto do princípio de que um repertório literário se forma, se adquire, se alimenta com muitos e variados textos e, consequentemente, muitas idas à estes “templos dos livros”. Mas, na falta deles, vamos criei uma estratégia para ter bons textos. No mínimo duzentos, um para cada dia de aula em um ano inteiro.

Com o intuito de apoiar os estudos sobre a Alfabetização Literária e o Letramento no Curso de Pedagogia e ampliar, rapidamente, o acesso de estudantes aos textos que já pertencem ao domínio público e a outros que são, constantemente disponibilizados por autores e autoras, editoras e projetos de leitura, livros didáticos, revistas e jornais que publicam literatura, propunha, à época, que cada estudante garimpasse textos de valor literário nestas fontes.

Logo depois, que encontrasse uma maneira de tê-los. Que os copiasse – à mão, se fosse o caso – e os trouxesse à sala de aula e, após organizá-los em alguma ordem que poderia ser de gênero literário, autoria ou data de escrita/publicação, estes textos reunidos deveriam integrar um “caderno”.

Seria uma antologia pessoal, escolhida pelo gosto que estávamos "apurando" nas aulas de literatura.

Foco: ter textos importantes que estão espalhados em diferentes livros ou demais impressos, que circulam mas, não necessariamente, estão na escola, biblioteca ou nos livros didáticos.

Seria um modo da professora ou professor acessar uma leitura diária, plural, de variados gêneros e estilos, múltiplos autores e autoras, com o intuito de ler literatura todos os dias.

Gostou da ideia? Faça o seu...

 Como organizar um “caderno de textos?

Ele pode ser construído em casa, na escola, com amigas professoras, com a família e até com as crianças, na sala de aula.

1. Reúna as fontes (revistas, jornais, livros didáticos antigos);

2. Localize nelas os textos;

3. Encontre um modo de reproduzi-lo (recortando, copiando, imprimindo...);

4. Defina um organizador para os textos. Exemplo: primeiro, poemas, depois, narrativas, por fim, lendas e parlendas.

5. Crie um Sumário para encontrar, rapidinho, o texto que buscas, quando o “caderno” estiver pronto. Se tiveres vontade, compre um caderno grande, bem resistente, para inserir nele os textos. Se não, cole em folhas A4 e encaderne. Lembre de deixar folhas anexas, para inserir novos textos com o passar do tempo.

Invente uma capa e...

Leia para seus pequenos.

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Direitos das crianças em obras literárias: Um estudo nos acervos da UFRGS e UFSC.


O PROJETO QUE RESULTOU EM UM ESTUDO NOS ACERVOS DA UFRGS E UFSC.

Cristina Maria Rosa

 No estudo proponho conhecer, descrever e analisar o grupo de obras literárias para a infância existente em duas Faculdades de Educação, a saber: a Biblioteca do Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina e o acervo do @literalise e Biblioteca da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e acervo do Programa de Extensão Universitária “Quem quer brincar?”. O foco é compor o rol de obras que subsidiam a formação de docentes nestas duas instituições e, de maneira explícita ou implícita, tratem de personagens e/ou enredos vinculados aos direitos das crianças pautados no Estatuto da Criança e do Adolescente. A imersão ocorrerá primeiro na Linha de Pesquisa Educação, Sexualidade e Relações de Gênero (FACED/UFRGS), sob a supervisão da Drª. Jane Felipe, pesquisadora no Eixo Temático Infâncias, Gênero e Sexualidade. A segunda investida ocorrerá no grupo de pesquisa Educação e Infância, com foco em Violências, Gênero e Direitos das crianças, com a supervisão da Drª. Patrícia De Moraes Lima (UFSC). Ler todas as obras pertencentes aos acervos, selecionar as mais relevantes no que tange aos temas das linhas de pesquisa e analisá-las criticamente é o caminho metodológico escolhido. A análise documental é preponderante para a configuração de um rol de obras a serem acionadas na formação de professoras e professores, bibliotecárias e bibliotecários e gestoras e gestores escolares.

Palavras-chave: Infâncias; Acervos literários; Formação docente; Direitos das crianças; Gênero.

Introdução

O processo de produção de conhecimento sobre a educação das infâncias, suas especificidades no campo educacional relacionadas às práticas pedagógicas, à formação docente e às políticas educacionais integram os currículos das Licenciaturas em Pedagogia nas Universidades brasileiras. Assim, é preponderante, na composição dos currículos da Pedagogia e profissões afins, que saberes inseridos em artefatos culturais tombados em bibliotecas ou grupos de estudo – livros literários direcionados à infância –sejam conhecidos e analisados criticamente. Acionados ou não por professora e professores, bibliotecárias e bibliotecários e gestoras e gestores, constituem um excelente banco de textos para um estudo documental.

No estudo proponho conhecer, descrever e analisar o grupo de obras literárias para a infância existente em acervos que, de modo direto ou indireto vêm se incorporando na formação de professores, bibliotecários e gestores escolares. O foco é conhecer a quantidade e qualidade dos títulos que, de maneira explícita ou implícita, apresentem personagens e/ou enredos vinculados aos direitos das crianças – à vida e à saúde; à liberdade, ao respeito e à dignidade; à convivência familiar e comunitária; à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer; à profissionalização e à proteção no trabalho – pautados no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Estudos sobre Infâncias, desde um bom tempo, incluem conhecer e dar a conhecer questões de gênero, sexualidade e violências, uma vez que incidem diretamente no tema dos direitos das crianças pautados no ECA. Por isso, escolhi pesquisar sob a supervisão da Drª. Jane Felipe, do GEERGE[1] e da Drª. Patrícia Lima, do Grupo de Pesquisa Educação e Infância[2]. Acredito que ambas as linhas de pesquisa – Educação, Sexualidade e Relações de Gênero (UFRGS) e Educação e Infância (UFSC) – apresentam amplas possibilidades de supervisionar originais pesquisas em que os temas gênero, sexualidade, raça/cor, etnia, classe, religião, nacionalidade, geração e direitos das crianças podem ser postos em articulação com a Educação.


Proponho-me, em imersão nas Bibliotecas das Faculdades de Educação de ambas as Universidades e em acervos de dois grupos indicados pelas supervisoras – o Programa de Extensão Universitária Quem quer brincar? e @literalise – a ler todos os títulos, selecionar as mais relevantes no que tange aos temas das linhas de pesquisa escolhidas para abrigar este Estágio Pós-Doutoral e analisá-los criticamente como caminho metodológico para a composição de um rol de obras que possam ser acionadas na formação de profissionais que atuam na escola.

Questões como “Quais os títulos que integram essas coleções? Eles podem ser acionados quando da formação de professoras e professores no que tange aos estudos dos direitos das crianças? Eles podem ser considerados artefatos que dão suporte à abordagem de temas como gênero, sexualidade e etnia em suas múltiplas e complexas articulações com a educação na escola? Quem os escreveu e ilustrou? A que gênero pertencem estas obras? Quais as políticas de aquisição e manutenção destes acervos?”, orientarão meu estudo. A análise destes artefatos culturais datados e públicos, aos quais dedicarei um olhar crítico – que inclui critérios como literalidade, longevidade e atualidade – resultará em um documento que pode vir a orientar não apenas a formação docente nas licenciaturas, mas, também, políticas de aquisição, manutenção e atualização de acervos.



[1] Grupo de estudo existente no PPGEDU/FACED/UFRGS e reconhecido pelo CNPq como uma instância acadêmica formadora de pesquisadores/as, reunindo estudantes e docentes interessados em investigar e discutir questões relacionadas a gênero, sexualidade, etnia, educação, em suas múltiplas e complexas articulações.

[2] Grupo integrante do PPGE/FaE/UFSC, tem entre seus objetivos, estudos sobre Violências, Gênero e Direitos das crianças.Saber mais...

Saber mais...

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