Cristina
Maria Rosa
Palavras-chave: Infâncias; Acervos literários; Formação docente; Direitos das crianças; Gênero.
Introdução
O processo de produção de conhecimento sobre a educação das
infâncias, suas especificidades no campo educacional relacionadas às práticas
pedagógicas, à formação docente e às políticas educacionais integram os
currículos das Licenciaturas em Pedagogia nas Universidades brasileiras. Assim,
é preponderante, na composição dos currículos da Pedagogia e profissões afins, que
saberes inseridos em artefatos culturais tombados em bibliotecas ou grupos de
estudo – livros literários direcionados à infância –sejam conhecidos e
analisados criticamente. Acionados ou não por professora e professores, bibliotecárias
e bibliotecários e gestoras e gestores, constituem um excelente banco de textos
para um estudo documental.
No estudo proponho conhecer, descrever e analisar o grupo de
obras literárias para a infância existente em acervos que, de modo direto ou
indireto vêm se incorporando na formação de professores, bibliotecários e
gestores escolares. O foco é conhecer a quantidade e qualidade dos títulos que,
de maneira explícita ou implícita, apresentem personagens e/ou enredos
vinculados aos direitos das crianças – à vida e à saúde; à liberdade, ao
respeito e à dignidade; à convivência familiar e comunitária; à educação, à
cultura, ao esporte e ao lazer; à profissionalização e à proteção no trabalho –
pautados no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Estudos sobre Infâncias, desde um bom tempo, incluem
conhecer e dar a conhecer questões de gênero, sexualidade e violências, uma vez
que incidem diretamente no tema dos direitos das crianças pautados no ECA. Por
isso, escolhi pesquisar sob a supervisão da Drª. Jane Felipe, do GEERGE[1] e da Drª.
Patrícia Lima, do Grupo de Pesquisa Educação e Infância[2].
Acredito que ambas as linhas de pesquisa – Educação,
Sexualidade e Relações de Gênero (UFRGS) e Educação e Infância
(UFSC) – apresentam amplas possibilidades de supervisionar originais pesquisas
em que os temas gênero, sexualidade, raça/cor, etnia,
classe, religião, nacionalidade, geração e direitos das crianças podem ser
postos em articulação com a Educação.
Proponho-me, em imersão nas Bibliotecas das Faculdades de Educação de ambas as Universidades e em acervos de dois grupos indicados pelas supervisoras – o Programa de Extensão Universitária Quem quer brincar? e @literalise – a ler todos os títulos, selecionar as mais relevantes no que tange aos temas das linhas de pesquisa escolhidas para abrigar este Estágio Pós-Doutoral e analisá-los criticamente como caminho metodológico para a composição de um rol de obras que possam ser acionadas na formação de profissionais que atuam na escola.
Questões como “Quais os títulos que integram essas coleções?
Eles podem ser acionados quando da formação de professoras e professores no que
tange aos estudos dos direitos das crianças? Eles podem ser considerados
artefatos que dão suporte à abordagem de temas como gênero,
sexualidade e etnia em suas múltiplas e complexas articulações com a educação
na escola? Quem os escreveu e ilustrou? A que gênero pertencem estas
obras? Quais as políticas de aquisição e manutenção destes acervos?”, orientarão
meu estudo. A análise destes artefatos culturais datados e públicos, aos quais
dedicarei um olhar crítico – que inclui critérios como literalidade,
longevidade e atualidade – resultará em um documento que pode vir a orientar
não apenas a formação docente nas licenciaturas, mas, também, políticas de
aquisição, manutenção e atualização de acervos.
[1] Grupo de estudo existente no PPGEDU/FACED/UFRGS e reconhecido pelo CNPq como uma instância acadêmica formadora de pesquisadores/as, reunindo estudantes e docentes interessados em investigar e discutir questões relacionadas a gênero, sexualidade, etnia, educação, em suas múltiplas e complexas articulações.
[2] Grupo integrante do PPGE/FaE/UFSC, tem entre seus objetivos, estudos sobre Violências, Gênero e Direitos das crianças.Saber mais...
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