quarta-feira, 25 de maio de 2022

Um rito muito importante: o dia da defesa

 


Três trabalhos belíssimos

Cristina Maria Rosa

No dia 08 de junho, a partir das 19 horas, na Universidade Federal de Pelotas estaremos presentes em um rito muito importante: o dia da defesa de pesquisas desenvolvidas por três estudantes. Três mulheres que se dedicaram a temas interessantíssimos e que, diante de uma banca, vão defender suas conclusões de pesquisa. Em formato de artigo científico, foram pensados e desenvolvidos em 2021 e concluídos nestes primeiros meses de 2022. 

O que é?

As defesas de Trabalhos de Conclusão de Curso – em formato de artigo – para uma banca composta por um profissional da Instituição (FaE/UFPel) e um professor “de fora”, ou seja, que trabalha em outra faculdade ou universidade ocorrerá de modo remoto, através de uma plataforma coordenada pelos professores Helenara e Edson, representantes do Curso de Especialização. Cada estudante terá em torno de 15 minutos para apresentar seu estudo e, depois, a banca poderá fazer arguições e considerações. Este sempre é um momento de ouvir, aprender e qualificar ainda mais o trabalho, que depois de 15 dias, receberá sua versão final a ser entregue ao Curso.  

Quem?

Angela Papaiani, Estefânia Konrad e Letícia Venzke são três mulheres que têm, em comum, a realização, entre 2021 e 2022, de uma Especialização em Educação. Cada uma delas e a seu modo, buscam se qualificar para o mercado de trabalho em que já estão inseridas.  Graduadas, busca aprimorar seus estudos iniciando pelo aprendizado precioso da pesquisa científica e da escrita autoral. É na Especialização que escolha de temas para investigação, referencial teórico e metodologias de pesquisa se encontram para a produção de algo único: um artigo que representa um momento de nossas vidas na aquisição de mais e mais aprofundados saberes.  

As pesquisas

Os trabalhos que resultaram das iniciativas dessas três mulheres estão, a seguir, listados:

1. Ciranda: representação lúdica de resistência?, de Angela Corrêa Papaiani. Em sua banca, Rodrigo da Silva Vital (Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Oncológica da UFPel) e Patrícia Weiduschadt (FaE/UFPel);

2. Instagram: um meio para compartilhar conhecimento literário, por Estefânia Alves Konrad. Em sua banca, Célia Abicalil Belmiro (UFMG) e Rose Adriana Miranda (FaE/UFPel).

3. Alfabetização de Pomeranos: um “estado do conhecimento”, de Letícia Sell Storch Venzke. Em sua banca, Patrícia Weiduschadt e Luís Isaías Centeno do Amaral (Letras/UFPel);

 

Um convite para vocês

Convido a vocês, para nos acompanharem nesse dia. Os três trabalhos estão belíssimos e, tenho certeza, contribuirão com outros profissionais que querem seguir os mesmos passos: especializar-se.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

20 de maio: mais um dia na Pedagogia...


 A Pedagogia é arte, ciência ou nada disso?

Cristina Maria Rosa

Arte?
Ciência?
Profissão?
O que é a Pedagogia?
O Dia Nacional do Pedagogo – 20 de maio – foi instituído pela Lei nº 13.083 a partir de 8 de janeiro de 2015. Decidi, para comemorar, escrever algo sobre a profissão que exerço desde janeiro de 1990, quando a UFSM entregou-me o Diploma de Licenciada em Pedagogia. E, como tenho apreço por indagar o que as pessoas que me cercam pensam, empreendi uma consulta a um grupo de alunos e ex-alunos, em uma plataforma on-line.
Às vésperas da data tão marcante, mensagens e mais mensagens foram chegando. A que atraiu de imediato a minha atenção veio em forma de carta. Curta. Mas não deixou de ser uma carta. Uma cartinha, eu diria. Nela, as seguintes palavras...

“Não leve a mal minha ignorância, mas por que a existência de professores e de pedagogos? Não deveria ser uma única atividade, a educação? Não imagino médicos atendendo pacientes e outro profissional fazendo o diagnóstico. Por favor, me ajude! Como já recebi risadas no privado, quero explicar melhor: não desprezo nenhuma das profissões, só penso que deveriam fazer como na Medicina. Primeiro, Pedagogia e, depois, Especialização em alguma matéria, como matemática, inglês... Não seria melhor? Alguém já pensou nisso?”.

Sim, alguém já pensou nisso, eu responderia. Mas, apesar disso, essa é uma interessante e pertinente questão a ser considerada quando se aborda a formação docente. E formação docente significa as qualidades, habilidades, saberes e sabores que são desejáveis e necessários e, sem os quais, um profissional da educação não consegue exercer suas atividades.
E sim, há diferença entre um professor (que pode ser até de cirurgia cerebral, por exemplo) e uma Pedagoga. Mas...
Onde reside a diferença? Como se “formam” os profissionais que ensinam outros a serem o que quiserem? Quais as habilidades que só os Pedagogos possuem? O que os diferencia das outras atividades profissionais e dos demais professores?
Uma das pessoas que sim, “pensou nisso antes”, foi Maurice Tardif. Sociólogo e Filósofo canadense, ao reunir resultados de suas pesquisas na obra Saberes Docentes e Formação Profissional[1], elencou um grupo saberes que servem de base ao ofício de professor e indicou qual a natureza desses saberes.
Ao demonstrar que “o saber literário compõe o conjunto de saberes docentes ligados ao trabalho cotidiano em sala de aula, mesmo quando esse trabalho não está diretamente ligado ao ensino de língua e literatura”, Graça Paulino em Saberes literários como saberes docentes (2004), extrapolou as formulações de Maurice Tardif e, por isso, tornou-se uma herança intelectual potente. Atribuo a essas duas fontes teóricas, meus saberes mais atuais quando preciso conceituar o que é um profissional da educação e um Pedagogo.
Mas, há, ainda, poesia nesta seara...
Para o Pedagogo Lui Nornberg, este profissional é alguém que “carrega água na peneira”. Lui refere-se ao poema O menino que carregava água na peneira, de Manoel de Barros, uma belíssima metáfora para dizer o impossível tornando-o possível.
Sim. Um Pedagogo é mais que um professor, queridas e queridos alunos.
Um Pedagogo é alguém que pode “roubar um vento e sair correndo com ele”, “criar peixes no bolso” e ser “ligado em despropósitos”. Um pedagogo, uma pedagoga gosta “mais do vazio, do que do cheio”, pois os “vazios são maiores e até infinitos”. Um pedagogo sabe que “escrever” é o mesmo que “carregar água na peneira” e, então, aprende “a usar as palavras”. Às vezes, pode “fazer peraltagens com as palavras” e é capaz de “modificar a tarde botando uma chuva nela”.
O que seria de um Pedagogo sem as palavras?
Sem a poesia que só existe com as palavras?
O que seria de um Pedagogo sem a Literatura?
Um Pedagogo se diferencia dos demais professores porque possui, como ninguém, o saber – e poder que dele advém – de capacitar cada novo exemplar da espécie humana em usuário competente da língua escrita.
É o Pedagogo que aprimora, em cada um de nós, a arte complexa que é a linguagem, essa “faculdade cognitiva exclusiva da espécie humana” (Bagno, 2014).
Por saber que a linguagem é a maior conquista da espécie, o domínio dessa arte é raro, instigante, encantador e inigualável e nós, sociedade, atribuímos a uma profissão – a Pedagogia – a condição de ser portador desse poder.
Saber ler e saber ensinar a ler é o que nos distingue!
Utilizar essa faculdade e tornar os demais apaixonados pelo vigor e insondável beleza que advém da Literatura é nosso compromisso!



[1] TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2002.

Escuta protegida: uma lei para todos!

 


Estudar a lei e implementá-la

Cristina Maria Rosa

Em uma manhã fria e ensolarada, no Auditório CEHUS do Instituto de Ciências Sociais e Humanas da UFPel, reuniu-se um grupo de professores, agentes de saúde e da assistência social, conselheiros tutelares, parlamentares, dirigentes de instituições públicas, representantes do poder público e da Delegacia da Infância além de estudantes da Licenciatura em Pedagogia.

Para estudar!

Sim, nesta manhã demos início ao estudo com da Lei 13.431/157 – Escuta Protegida – de autoria da Deputada Federal Maria do Rosário. O intuito é a implementação da mesma em todo o país.

Recebidos pela Administração da UFPel e do IFSul, o evento foi organizado por um grupo de pessoas alinhadas com a ideia da defesa das infâncias. Em várias mesas que se sucederam, a infância foi conceituada, mencionada, lembrada e o consenso é que qualquer infância precisa ser defendida, que todas as crianças tem direito à infância e que a visão adultocêntrica que prevalece na sociedade é que oportuniza os maus tratos.

Autógrafo da Maria do Rosário:
um mimo para quem lá esteve...

PET Educação no evento

Presentes, no evento, Larissa Mendes e Rafaela Strelow – estudantes da Licenciatura em Pedagogia e bolsistas PET Educação – acompanhadas da Tutora, Drª. Cristina Maria Rosa.

A contribuição do PET ao evento foi a leitura literária de “A história mais triste do mundo”, texto de Mário Corso na voz de Cristina Maria Rosa.

Ao fim da manhã, após a apresentação da Lei pela autora, Deputada Federal Maria do Rosário, fomos até a mesa para abraçá-la e receber seu autógrafo.

 

 

terça-feira, 17 de maio de 2022

Escuta protegida: o programa em Pelotas, RS

Jornada Estadual da Escuta Protegida: Seminário Região Sul

Cristina Maria Rosa


Na sexta-feira, dia 20 de maio, vamos nos reunir para conhecer, atualizar, discutir e plubicizar a Lei 13.431/17 que trata da aplicabilidade do depoimento especial quando há necessidade de testemunho de crianças e adolescentes.


PROGRAMA

8h 30 – Recepção/ Conferência de cadastro

9h – Mesa de Abertura: Reitoria da UFPel e do IFSul, autoridades do executivo, legislativo e judiciário.

9h 45 - Leitura Literária, por Cristina Maria Rosa (Pedagoga, Doutora em Educação, Docente na FaE/UFPel).

10h - Concepções de uma infância livre de violências: A lei da Escuta Protegida, por Maria do Rosário Nunes (Professora, Doutora em Ciências Políticas pela UFRGS, coordenadora da Frente Parlamentar no Congresso Nacional e autora da Lei 13.431/2017) e Rogério Costa Wurdig (Doutor em educação com experiência em formação de professores e temas da infância), com mediação de Luciane Almeida.

10h 40 - O papel da Rede de Atendimento no enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes, por Leticia Galery Medeiros (Psicóloga do IFSul, especialista em psicologia da saúde, mestre em psicologia clínica e doutora em saúde e comportamento), Iya Sandrali de Campos Bueno (Educadora, psicóloga, especialista em criminologia, ativista social, coordenadora de formação do Movimento Negro Unificado do RS) e Carmem Viegas (Enfermeira, coordenadora da Rede Materno Infantojuvenil de Pelotas e responsável pela implantação do CRAI no município), com mediação de Douglas Butzke.

14h - O papel do Sistema de Garantia de Direitos no atendimento de crianças vítimas de violências, por Mônica Facio (professora, filósofa, psicopedagoga clínica e institucional e mestre em desenvolvimento regional, autora do Programa Meninas Cidadãs) e Lisiane Mattarredona (Delegacia de Polícia da Criança e do Adolescente e representante do DECA - Divisão Especial da Criança e do Adolescente do RS), com mediação de Ronaldo Quadrado

15h 30minutos: A implantação da Lei da Escuta Protegida (Lei nº 13.431/2017) passo-a-passo, por Luciara Robe da Silveira (Promotora da Infância e Juventude de Pelotas) com mediação de Professora Rita Medeiros.

17h - Encerramento

 

Quando e onde?

20/05 – Sexta-feira – 8h 30 às 17h

Auditório CEHUS l UFPel

Rua Alberto Rosa, número 153.


Escuta Protegida

 


Escuta Protegida: um direito das crianças

Cristina Maria Rosa

 

Na sexta-feira, dia 20 de maio, vamos nos reunir para conhecer, atualizar, discutir e plubicizar a Lei 13.431/17 que trata da aplicabilidade do depoimento especial quando há necessidade de testemunho de crianças e adolescentes.

Por muito tempo, no sistema de justiça brasileiro, crianças estavam a mercê do mesmo sistema de inquirição pelo qual passam os adultos. Quando vítimas ou testemunhas de violência, ao serem questionadas, não raro reviviam processos penosos e violentos. Em alguns casos, eram desacreditadas e confundidas. Nem sempre suas declarações eram levadas em consideração.

A infância – idade geracional que, por lei, vai do nascimento até os 12 anos incompletos – é um tempo de aprendizagens intensas, se estas forem oportunizadas. A “pessoa em desenvolvimento” (HARTMANN & JUNIOR, 2019), precisa ter “seus direitos fundamentais” garantidos e a “forma de inquirição” utilizada até então, a expunha reiteradas vezes, processo nomeado de “vitimização secundária”. Esse processo foi considerado, também, “violência institucional”.

Por que estudar a criança e o adolescente?

O processo de produção de conhecimento sobre a educação das infâncias, suas especificidades no campo educacional – relacionadas às práticas pedagógicas, à formação docente e às políticas educacionais – integram os currículos das Licenciaturas em Pedagogia nas Universidades Brasileiras. Assim, é preponderante, na composição dos currículos da Pedagogia e profissões afins, que saberes relativos a direitos, possibilidades e consensos sobre esse idade geracional sejam conhecidos e analisados criticamente.

Na Constituição da República Federativa do Brasil (1988) estão grafados os direitos, princípios, deveres e acordos que nós, adultos, reservamos para nossas crianças e a adolescentes. Ao gozar do “princípio da dignidade da pessoa humana” (Art. 1º, inciso III), suas existências estão pautadas e precisam ser respeitadas. Também é a isso que se refere o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069/90 – em seu Art. 3º.


Direitos...

O que são “Direitos das crianças” no Século XXI? Eles estão catalogados, expressos em documentos? Fazem parte de acordos nacionais e/ou internacionais? Os direitos das crianças estão tematizados em obras literárias? Sim. Há um “acordo” que reúne os direitos das crianças brasileiras desde 1990 e ele tem força de lei. Conhecido como ECA (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990), é o marco a partir do qual toda, ou quase, ação de adultos com crianças pode ser observada, valorada, mantida ou execrada. Ao dispor “sobre a proteção integral à criança e ao adolescente”, na lei encontramos o que significa “criança”: “[...] a pessoa até doze anos de idade incompletos”. Na lei, também, a afirmação de que estas “gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana”, inclusive “[...] todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”.

E a quem cabe garantir esses direitos? Para a lei,

é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (ECA, 1990).

 

A “garantia de prioridade” compreende a primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias, a precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública, preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas e destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância.

Os direitos – à vida e à saúde; à liberdade, ao respeito e à dignidade; à convivência familiar e comunitária; à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer; à profissionalização e à proteção no trabalho – foram impressos em uma “edição popular” com o intuito de torná-lo acessível a escolas e entidades de atendimento e de defesa dos direitos da criança e do adolescente.

Escuta protegida

Após a publicação da Lei, a obrigatoriedade do depoimento especial que garante os direitos das crianças e adolescentes quando vítimas ou testemunhas de violências precisa ser conhecida, estudada, publicizada.

E é por isso que na sexta, estaremos juntos.

Vem conhecer!

 

Referências:

HARTMANN & JUNIOR, 2019. ESCUTA PROTEGIDA - LEI 13.431/17 E A APLICABILIDADE DO DEPOIMENTO ESPECIAL. Percurso - ANAIS DO IV CONLUBRADEC. Curitiba, 2019. Disponível em: http://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/percurso/article/view/3681/371372053

ROSA, Cristina Maria, 2022. Direitos das crianças em obras literárias: um estudo nos acervos da UFRGS e UFSC. Projeto de estudo em Estágio pós-doutoral: 2022-2023. Disponível em: https://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2022/02/direitos-das-criancas-em-obras.html

 

Importante é encontrar a magia que existe nas coisas...

 

Imagem: Cristina Rosa.
Museu Iberê Camargo, 2022.
Exposição Maria Lídia Magliani.

Três mulheres, três projetos...

Cristina Maria Rosa

 

Orientar estudantes de Pós-Graduação é um sonho para parte considerável dos docentes universitários e pesquisadores em particular. Observar como os temas se organizam, se oferecem ao olhar atendo de cada jovem pesquisador que “nasce” sob nossos cuidados é sempre uma maternidade. Foi assim também comigo neste momento na Especialização em Educação. 

Ter Ângela, Estefânia e Letícia sob minha guarda e poder oferecer a elas parte de meus saberes, me fez lembrar uma frase de Iberê Camargo: "Não conheço maior generosidade do que aquela de quem reparte a criação e a sua riqueza intelectual". Iberê foi mágico, nessa frase. Para ele, “importante é encontrar a magia que existe nas coisas, na vida”, pois, do contrário, ele dizia, “seria apenas um testemunho visual de um fenômeno ao alcance de qualquer um".

Iberê já não mais está entre nós. Mas sua obra – desenhos, pinturas, palavras – sim.

Permanecem.

Reverberam...

Outro Camargo – o cirurgião pulmonar J.J. Camargo, colunista de Zero Hora – pensa e divide conosco suas impressões sobre o que está pertinho de  nós, se apresentando como fenômenos "ao alcance da mão". Em suas palavras, “aparentemente, de tanto querer o desnecessário, acabamos perdendo o que sempre esteve ao alcance da mão, mas que por estar assim, oferecido, foi ignorado”.

Aqui, nada se ignora.

Cada descoberta, por pequena que seja, permanece como degraus, em uma escada; como tijolos, em uma edificação; como livros que lemos a vida toda e ao fim de um tempo longo, aparecem em nossas estantes.

A seguir, te apresento as três mulheres e os três projetos anunciados no título.

Ângela e a história da ciranda

Ângela Corrêa Papaiani pretende, em seu artigo final na Especialização, analisar diversas manifestações da Ciranda enquanto elemento lúdico. Tendo lido Ciranda das Loucas, de Juçara Dutra Vieira, inspirou-se para propor o Flor de Cacto

, um projeto desenvolvido em uma Escola Pública com estudantes no Ensino Médio. Ao escolher a Ciranda, Ângela deseja salientar a importância e permanência dessa manifestação cultural até hoje nos espaços escolares e, para que isso ocorra, pesquisou sua origem. Descobriu os caminhos percorridos pela Ciranda até chegar ao nosso país, mais especificamente, em Pernambuco e entendeu que esta “brincadeira” é, também, um símbolo de resistência não apenas na educação infantil. Em seu artigo final, a estudante de pós-graduação apresenta brevemente a história de Lia de Itamaracá, considerada Patrimônio Vivo de Pernambuco. A fundamentação teórica de seu texto está pautada em Homo Ludens, de Huizinga (1996), e as palavras-chave a partir das quais seu trabalho pode ser encontrado são: cirandas, ludicidade; empoderamento; feminismo e ambiente escolar.



Estefânia e a leitura literária no mundo on-line

Estefânia Alves Konrad apresenta, em seu artigo, a rede social Instagram como possível ferramenta para aprender e ensinar literatura. Tendo tido acesso a três profissionais que a utilizam, descobriu que, até 2020, não havia pesquisas que registrassem o trabalho de digitais influencer. Ao dissertar sobre o uso do aplicativo, sua influência na educação e os públicos que os posts sobre literatura atingem, elaborou uma reflexão teórica sobre o fenômeno.

Letícia e a alfabetização de crianças falantes de Pomerano.

         Letícia Sell Storch Venzke  revela, em seu estudo, parte da produção científica a respeito da alfabetização de pomeranos. Além da conservação da língua materna entre crianças pomeranas que, na escola, acessam a língua oficial como prioridade, a relevância de sua pesquisa está em entender o que tem sido estudado e qual a ênfase dada ao tema em diferentes áreas do conhecimento e contextos geográficos. Ao compor um “estado da arte”, deu ênfase a trabalhos indicados pela plataforma Google Acadêmico entre 2012 e 2022, tendo como critério utilizado títulos nos quais havia as palavras da expressão “alfabetização de pomeranos”. Ao todo, foram considerados quarenta produtos (artigos, dissertações e teses). No referencial teórico, Spinassé (2006) e Bahia (2011) que estudam a aquisição da língua materna e o ensino bilíngue.


terça-feira, 10 de maio de 2022

Palavras que me definem

 

Imagem: Felipe da Silva Rodrigues

Convidar, oportunizar, organizar e realizar: palavras que me definem

Cristina Maria Rosa


Sábado fomos a Porto Alegre.

Eu amo Porto Alegre!

Convidei meus orientandos. Alunos e ex-alunos que, empolgados por meus relatos e descrições de lugares que admiro e preservo na capital, se convenceram e me acompanharam.

Oportunizei a eles andar pelas ruas que gosto, ver as imagens que sempre retomo, colher para seus celulares as memórias de um amanhecer, de um museu, um espetáculo na Casa de Cultura Mario Quintana, um entardecer na orla. Reunir nas impressões e marcas que ficam, odores e sabores que só lá em Porto Alegre existem...

Organizei a viagem de modo a que muitos pudessem ir.

Convidei, oportunizei, organizei.

E...

Sábado, 07 de maio de 2022, realizei mais este sonho.

Tornei realidade um modo muito particular de viver a Universidade: repartir a criação e a riqueza intelectual.

Aprendi com um grande já pensava assim...

"Importante é encontrar a magia que existe nas coisas, na vida. Do contrário, seria apenas um testemunho visual de um fenômeno ao alcance de qualquer um" Iberê Camargo.