Convidada a recomendar mais um livro para os ouvintes do programa Tons e Letras, produzido e apresentado
pelo Luis Dill, na Rádio FM Cultura de Porto Alegre, escolhi A vida do Elefante Basílio, de Erico
Verissimo[1].
Em seu programa, Dill oferece ao público, informações do universo literário.
Assim, autores, editores, tradutores, ilustradores, leitores, além de
entrevistas aprofundadas são sua “matéria” semanal.
Um dos onze títulos
“para crianças” escrito por Erico Verissimo entre os anos 1935 e 1939, A vida do Elefante Basílio é um livro
de aventura. Sua primeira tiragem, em 1939, foi de 10 mil exemplares, o que indica
a aceitação do escritor entre os leitores. Esta aceitação foi comprovada com uma
segunda tiragem, em 1944, de mais 7 mil exemplares.
Nesta incrível
narrativa Verissimo apresenta às crianças Bengala, na Índia, onde nasce um elefante
roliço e lustroso. Escutem só:
“Numa manhã de sol
do dia 26 de setembro do ano de mil novecentos e não sei quanto, nasceu em
Bengala, na Índia, um lindo elefantezinho. Era um bebê gorducho e lustroso,
muito engraçadinho”.
“O velho crocodilo
sem dentes, que morava na lagoa, viu o recém-nascido e disse baixinho: “Que
petisco gostoso para meu jantar...”. E ficou lambendo os beiços”.
“A Naja, que é uma
cobra muito venenosa, olhou para a barriga roliça do elefantezinho e disse:
“Que carninha macia para uma mordida! E botou para fora a sua língua de
forquilha”.
Basílio, no texto
de Verissimo, seria descendente do casal de elefantes que, com Noé e demais
personagens, teria viajado na famosa barca sem B, a Arca de Noé.
Nela é que o casal
de tataravós dos tataravós dos bisavós dos avós dos tataravós dos trisavós dos
tataravós dos bisavós dos avós do tataravô do Elefante Basílio se salvara do
dilúvio.
Antes de iniciar a
aventura, Verissimo pergunta a seus leitores: “Que é biografia?”
E responde:
“Biografia é a história da vida duma pessoa, dum animal ou duma coisa. Esta
história que vocês estão lendo conta a vida do Elefante Basílio; logo, é uma
biografia. Em geral, a gente só conta a vida dos homens importantes, dos
santos, dos exploradores, dos generais, dos reis, dos inventores, dos artistas,
etc...
E continua: “O
elefante Basílio não é santo, não é explorador, não é general, não é rei, não é
inventor, não é artista e também não é etc. Por que é, então, que eu estou
aqui, contando a história dele?
E o escritor gaúcho
responde aos leitores: “A razão é simples: O elefante Basílio é um sujeito
muito bom. O Elefante Basílio tem uma vida cheia de aventuras. O Elefante
Basílio é um amigo sincero. O Elefante Basílio é, enfim, o tipo do herói
esquecido. Estou certo que vocês vão acabar apaixonados pelo Elefante Basílio.”
Na aventura, quando
adulto, o elefante é capturado, vendido, recebe um nome e viaja para o Brasil.
Herói, após um incêndio, é comprado por uma família, na qual vive o menino
Gilberto e com a qual aprende a falar português. Seu grande desejo, virar
borboleta, passa a definir seu futuro.
A novidade entre os
demais livros para crianças escritos por Verissimo é a invenção do Sumário, no
início de A vida do Elefante Basílio.
Composto por treze títulos e impensável em um livro para crianças ainda hoje,
Erico secciona a narrativa em momentos-chave da vida do personagem, deixando o
leitor curioso.
Se um “clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha
para dizer", como afirma Ítalo Calvino, A vida do elefante Basílio, de Erico Verissimo, integra o acervo
literário que já se tornou clássico na literatura para crianças.
Leia Verissimo para seus filhos, sobrinhos, alunos. Eles vão se
apaixonar pelos demais personagens do universo infantil criado por Erico nos
anos 30 do século XX.
Ficha técnica:
Tons & Letras
Apresentação: Luís Dill
Produção: Luís Dill
Horário: Sábados, às 11h
Twitter: @fm_cultura
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Contato: programacao@fmcultura.com.br