terça-feira, 17 de novembro de 2015

Quinze Anos da Luíza

Luíza Mocinha
Cristina Maria Rosa


Quinze anos!
Luíza, a menininha que eu conheci, já não mais...
Eu, que sempre dizia “ainda não és moça, Luíza, és criança, isso não pode” agora vou ter de pensar bem e admitir: Luíza não é mais uma menininha.
Na festa de quinze anos, a menina – vestido cor-de-rosa, rasteirinhas nos pés, a tiara nos cabelos – dá lugar à mocinha que nasce.
Vestido vermelho, cabelo cuidado, sapato de salto, batom.
É a Luíza.
Agora, uma moça!
Vi essa data se aproximar.
Estive pertinho em cada um dos dias que antecederam os quinze anos da Luíza.
Partilhei suas conquistas: na família, na escola, entre amigas.
Observei seus gostos – pela leitura, pelo alimento simples, por água, pelo sossego, por um abraço e por palavras verdadeiras – definirem-se.
Entendi suas declarações de amor por aqueles que a cercam – Celso, Gil, Otávio – e outros que escolheu.
Sorri e dancei com ela mais de uma vez, eu e ela desajeitadas que só, olhando e imitando a Júlia, nossa delicada professora de passos.
Li para ela e com ela.
Penteei seus cabelos quando esteve em minha casa.
Arrumei a cama para que dormisse.
Andei com ela de mão, comprando coisas para nosso café da manhã, querendo que todos pensassem que era minha aquela menina. Não faço segredo, sempre quis uma mocinha de filha e Luíza cabia bem nesse sonho.
Comemoramos com bolo o dia em planejou dirigir aos dezoito. Pois é, nem bem quinze e Luíza deseja os dezoito.
As fotos que fiz da Luíza, quase todas, mostram uma menininha lendo. E eu tenho certeza de que se alguém me fotografasse nesses momentos revelaria o meu contentamento...
Sempre admirei os leitores!
É por isso que estou escrevendo.
Sobre a Luíza e para a Luíza.
Para dizer-te, Luíza, que muitos dias se passaram entre o primeiro, em que te conheci – uma sorridente e amorosa menininha – e este, o dia de teu aniversário de quinze anos. Cinco mil, quatrocentos e setenta e cinco dias. Um tempão, na verdade.
Nesses cinco mil e tantos dias, pode ser que ainda não tenhamos aprendido a dançar tão bem quanto a Júlia. Pode ser, também, que ainda não tenhamos aprendido a gostar tanto dos outros como de estar sós para ler. Pode ser, ainda, que preferimos pão com manteiga a outros pratos que dizem maravilhosos. Pode ser...
O que sei, Luíza, é que temos mais muitos dias para aprender: a dançar, a ouvir, a conviver.
E sei também, que o essencial, já aprendemos.
Aprendemos, tu e eu, que um copo de água é melhor que qualquer bebida.
Que um olhar é mais profundo que um discurso.
Um abraço é melhor que mil palavras.
E é isso que te desejo, nesse dia que vai ficar marcado como o dia em que tu, Luíza, tornou-se uma moça.
Que todos os abraços te envolvam calorosamente e te proporcionem o prazer de um copo de água.

Parabéns, Luíza!

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