segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Recomendo "A vida do Elefante Basílio", de Erico Verissimo

Convidada a recomendar mais um livro para os ouvintes do programa Tons e Letras, produzido e apresentado pelo Luis Dill, na Rádio FM Cultura de Porto Alegre, escolhi A vida do Elefante Basílio, de Erico Verissimo[1]. Em seu programa, Dill oferece ao público, informações do universo literário. Assim, autores, editores, tradutores, ilustradores, leitores, além de entrevistas aprofundadas são sua “matéria” semanal.
Um dos onze títulos “para crianças” escrito por Erico Verissimo entre os anos 1935 e 1939, A vida do Elefante Basílio é um livro de aventura. Sua primeira tiragem, em 1939, foi de 10 mil exemplares, o que indica a aceitação do escritor entre os leitores. Esta aceitação foi comprovada com uma segunda tiragem, em 1944, de mais 7 mil exemplares.
Nesta incrível narrativa Verissimo apresenta às crianças Bengala, na Índia, onde nasce um ele­fante roliço e lustroso. Escutem só:
“Numa manhã de sol do dia 26 de setembro do ano de mil novecentos e não sei quanto, nasceu em Bengala, na Índia, um lindo elefantezinho. Era um bebê gorducho e lustroso, muito engraçadinho”.
“O velho crocodilo sem dentes, que morava na lagoa, viu o recém-nascido e disse baixinho: “Que petisco gostoso para meu jantar...”. E ficou lambendo os beiços”.
“A Naja, que é uma cobra muito venenosa, olhou para a barriga roliça do elefantezinho e disse: “Que carninha macia para uma mordida! E botou para fora a sua língua de forquilha”.
Basílio, no texto de Verissimo, seria descendente do casal de ele­fantes que, com Noé e demais personagens, teria viajado na famosa barca sem B, a Arca de Noé.
Nela é que o casal de tataravós dos tataravós dos bisavós dos avós dos tataravós dos trisavós dos tataravós dos bisavós dos avós do tataravô do Elefante Basílio se salvara do dilúvio.
Antes de iniciar a aventura, Verissimo pergunta a seus leitores: “Que é biografia?”
E responde: “Biografia é a história da vida duma pessoa, dum animal ou duma coisa. Esta história que vocês estão lendo conta a vida do Elefante Basílio; logo, é uma biografia. Em geral, a gente só conta a vida dos homens importantes, dos santos, dos exploradores, dos generais, dos reis, dos inventores, dos artistas, etc...
E continua: “O elefante Basílio não é santo, não é explorador, não é general, não é rei, não é inventor, não é artista e também não é etc. Por que é, então, que eu estou aqui, contando a história dele?
E o escritor gaúcho responde aos leitores: “A razão é simples: O elefante Basílio é um sujeito muito bom. O Elefante Basílio tem uma vida cheia de aventuras. O Elefante Basílio é um amigo sincero. O Elefante Basílio é, enfim, o tipo do herói esquecido. Estou certo que vocês vão acabar apaixonados pelo Elefante Basílio.”
Na aventura, quando adulto, o elefante é capturado, vendido, recebe um nome e viaja para o Brasil. Herói, após um incêndio, é comprado por uma família, na qual vive o menino Gilberto e com a qual aprende a falar português. Seu grande desejo, virar borboleta, passa a definir seu futuro.
A novidade entre os demais livros para crianças escritos por Verissimo é a invenção do Sumário, no início de A vida do Elefante Basílio. Composto por treze títulos e impensável em um livro para crianças ainda hoje, Erico secciona a narrativa em momentos-chave da vida do personagem, deixando o leitor curioso.
Se um “clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer", como afirma Ítalo Calvino, A vida do elefante Basílio, de Erico Verissimo, integra o acervo literário que já se tornou clássico na literatura para crianças.
Leia Verissimo para seus filhos, sobrinhos, alunos. Eles vão se apaixonar pelos demais personagens do universo infantil criado por Erico nos anos 30 do século XX.

Ficha técnica:
Tons & Letras
Apresentação: Luís Dill
Produção: Luís Dill
Horário: Sábados, às 11h
Twitter: @fm_cultura
Facebook: fmcultura107.7



[1] A Edição é a da Companhia das Letrinhas, ilustrada por Eva Furnari.

Nenhum comentário:

Postar um comentário