sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Autoras e autores de Algumas muitas ideias sobre a Alfabetização Literária

 

Quem escreveu...

Cristina Maria Rosa


Para cumprir o desejo de registrar rastros de minhas ideias desenvolvidas em trinta e dois anos de docência no ensino superior – tempo em que desenvolvi um conceito, a alfabetização literária – reuni um grupo de pessoas. Não só alunas e alunos. Em comum, este grupo tem um apreço profundo pela leitura literária, por livros e autores, por raridades e memórias. De algum modo, contribuem para formar novos apaixonados pela literatura e partilham respeito e admiração pela preservação da cultura escrtita. Estes "pontos em comum" merecem um livro.

Bravas pessoas!

Ouviram meu convite, aceitaram, se debruçaram sobre seus apontamentos, abriram seus notebooks e aqui estão.

As autoras e autores reunidos em Algumas muitas ideias sobre a  Alfabetização Literária são: Anna Claudia Ramos, Alexandre Bauken, Bel Coimbra, Carina S. T. Peraça, Cátia Simone Becker Vighi, Cristina Maria Rosa, Daniela Castro, Dulcimarta Lemos Lino, Ellem Rudijane Moraes de Borba, Elisane Ortiz de Tunes, Estefani Kinrad, Ieda Kurtz, Isabela Dutra, João Eduardo de Magalhães Salvador, Joice Lima, Júlia Victoria Casalinho Pereira, Klécio Santos, Leonardo Capra, Luísa Hernandes Grassi, Luiz Carlos Vaz, Malu Krause, Márcia Duarte, Maria Cristina Noguerol Catalan, Maria Heloisa Canal, Mariana Motta Klein, Marina Antunes Rodrigues, Maria Marismene Gonzaga, Marlise Flóreo Real, Paloma Wiegand, Pâmela dos Santos Borba, Patricia Lessa, Ramile Leandro, Raquel Casanova dos Santos Wrege, Roselaine Lima, Simone Santos de Albuquerque e Telma Borges.

Lembre:

No dia 02 de novembro, estaremos todos na 50ª Feira do Livbro de Pelotas, para dar a conhecer nossas ideias...

Mais sobre o livro tu acessas aqui:

https://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2024/10/algumas-muitas-ideias-sobre.htm


Palavras sobre a origem


A origem

Cristina Maria Rosa

 

Um livro é feito de palavras. Mas há pessoas que as gestam...

Foi no dia 26 de dezembro de 2023 que este livro nasceu, como um reverberar dos momentos emocionantes que vivi como escritora e formadora de leitores quando do convite a ser Patronesse da 49ª Feira do Livro pela Câmara Pelotense do Livro.

Nas alamedas da Praça, durante os dias intensos que a Feira oportuniza, muitas professoras – alunas em algum momento de minha trajetória – dividiram comigo a distinção. Foi lindo! Então pensei: onde está publicado o que ensinei? Como reunir pessoas que admiro que leem e escrevem? Um livro pode reunir essas pessoas? Assim, neste e-book, vais encontrar o que pensamos sobre a leitura. A leitura que mais gostamos de fazer, seja ela de que gênero for.

Em busca de convencimento para que aceitassem, usei exemplos do que queria receber: “Se gostas de ler jornal, escreva sobre. Se é gibi, biografia, romance que aprecias, revele. Se queres informar como foi instigante formar uma biblioteca, alfabetizar literariamente um filho, ler para crianças na escola, vou querer ler”. Neste momento, percebi que a proposta já havia sido entendida. E aceita. Pretendendo atiçar a curiosidade pelo motivo do convite, escrevi: “Tenho uma sugestão de tema, mas, acredito que se o escolheres, será mais interessante”.

Ao comunicar o formato de texto que eu esperava, indiquei um depoimento pessoal em até quatro páginas, que revelasse a relação com a leitura de literatura. E como meta, o lançamento do livro na 50° Feira do Livro de Pelotas. Logo, logo mesmo, adesões de diferenciados tipos através de um diálogo intenso e comemorativo ocorreu. Pareceu que já estávamos na Feira, livro impresso, abrindo um espumante e rindo. Agora, passados uns meses, estamos com o livro nas mãos. E tu também...

É assim que vais poder conhecer cada uma das pessoas que aceitou o desafio.

Eu amei fazer!


Mais...

Para saber mais clique em: https://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2024/10/autoras-e-autores-de-algumas-muitas.html


quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Algumas muitas ideias sobre a Alfabetização Literária

 

Algumas muitas ideias sobre a Alfabetização Literária

Cristina Maria Rosa

Com lançamento previsto na 50ª Feira do Livro de Pelotas, Algumas muitas ideias sobre a Alfabetização Literária é uma obra que reúne trinta e cinco apaixonadas/os pela leitura e pela literatura. Elas e eles são: Alexandre Bauken, Anna Claudia Ramos, Bel Coimbra, Carina S. T. Peraça, Cátia Simone Becker Vighi, Cristina Maria Rosa, Daniela Castro, Dulcimarta Lemos Lino, Ellem Rudijane Moraes de Borba, Elisane Ortiz de Tunes, Ieda Kurtz, Isabela Dutra, João Eduardo de Magalhães Salvador, Joice Lima, Júlia Victoria Casalinho Pereira, Klécio Santos, Leonardo Capra, Luísa Hernandes Grassi, Luiz Carlos Vaz, Malu Krause, Márcia Duarte, Maria Cristina Noguerol Catalan, Maria Heloisa Canal, Mariana Motta Klein, Marina Antunes Rodrigues, Maria Marismene Gonzaga, Marlise Flóreo Real, Paloma Wiegand, Pâmela dos Santos Borba, Patrícia Lessa, Ramile Leandro, Raquel Casanova dos Santos Wrege, Roselaine Lima, Simone Santos de Albuquerque e Telma Borges.

O livro apresenta o percurso da expressão Alfabetização Literária (ROSA, 2008-2024), além de muitas outras ideias sobre este conceito elaboradas por pessoas que amam ler.

A ilustração original que inspirou a produção da capa – Todo o resto é mundo – é uma criação da artista rio-grandina Ramile Leandro que a criou como uma de suas tarefas em Cosenza, Itália, onde estuda Arquitetura e Urbanismo na Universidade Internacional da Calábria. No acrílico que enviou para nosso livro, traços inspiram uma história a ser escrita, uma estrada a ser percorrida: sentimentos retratados que envolvem arte e arquitetura.

 Organizado por Cristina Maria Rosa, projeto gráfico e editorial de Maria Heloisa Canal e em consonância com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa pela Ieda Kurtz, sua apresentação pública ocorrerá na Feira do Livro de Pelotas, na Alameda dos Autores, às 18 horas do dia 02 de novembro de 2024.

Nos artigos, a revelação de profundos vínculos com a cultura escrita em textos sobre a leitura de jornais, manuais, gibis, biografias, romances. Mas, também, memórias sobre formação de bibliotecas, de leitores, de escritores. Há ainda, descrição de processos de alfabetização de filhos, sobrinhos, de formação de leitores em escolas e projetos de leitura e literatura em novas mídias. Há muito de vidas entrelaçadas com livros, gêneros e autores. Em 216 páginas, é quase um guia para inserir novas gerações no mundo da literatura. Imperdível!

 

Créditos:

Título: Algumas muitas ideias sobre a Alfabetização Literária

Organização: Cristina Maria Rosa

Projeto Gráfico e Editorial: Maria Heloisa Canal.

Pintura em acrílico: Ramile Leandro

AOLP: Ieda Kurtz

Lançamento: 02/11/2024.

Local: Alameda dos Autores, 18 horas.

Evento: 50ª Feira do Livro de Pelotas.

 

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Iris pop

 


Iris pop

Cristina Maria Rosa

 

 

Eu estava por ali, no condomínio.

As gurias, três, de três idades diferentes, todas menos de onze.

– Tia, tia, tu não viste por aí uma cachorrinha “assim, assado”?

Eu:

– Não.

Elas:

–Tia, ela é “assim, assado, do avesso e sonhado...”.

Eu

–Cachorra? Só conheço uma, neste condomínio. Ela é preta e branca, charmosa, dançarina...

Elas:

– Dançarina?

– Sim. E come banana, beterraba. Gosta de iogurte...

As três já tinham esquecido porque haviam me abordado.

– E tu sabes onde ela mora?

– Sei.

– E tu sabes o nome dela?

– Sei.

– E tu podes nos contar?

– Posso.

Contei. E disse: amanhã de manhã, apareçam na casa 199 e peçam para conhecer a Íris.

Amanheceu.

A campainha lá de casa soou.

Eram as três.

Íris começou a dançar.

E as guriazinhas não mais quiseram ir embora.

Max

 

Max

Cristina Maria Rosa

 

Max.

Conheço poucos meninos com esse nome.

Mas conheço um livro de um autor muito talentoso que deu esse nome a um de seus personagens.

No livro Max e os felinos, há um menino.

E há aventuras...

É uma fábula.

Nela, tudo que um menino gosta: liberdade!

A paisagem é Max em um bote com um jaguar no meio do oceano.

Já pensou?

Eu, se fosse menino e me chamasse Max, com certeza iria querer saber o que ocorre com Max. E com o felino em seu barco.

E...

Falando em barco, lembrei de outro conto que adoro.

O conto da ilha desconhecida.

Conhece, Max?

Eu, se me chamasse Max, não deixaria de querer ler...

Olívia

 


Olívia

Cristina Maria Rosa

 

 

Os olhos, de jaboticaba.

Azuis? Verdes? Castanhos? Verdes.

Grandes e com cílios de fazer barulho quando se movem.

A pele branquinha, encimada por cabelos castanhos claros, lisinhos como fios de linha de antigamente.

As mãozinhas, uns pães doces. Parecidas com as da Ana Maria, a aventureira do Erico Verissimo.

E a voz da Olívia, vocês não conseguem adivinhar. Como eu ouvi, eu sei direitinho como é.

Ela usou tudo isso – olhos, voz, sorriso – para me anunciar:

– Cris, eu sei ler!

É claro que comemorei. E quis saber tudo: quando, como, com quem...

Ela:

– Eu já tenho seis anos!

E, inteligente que só, completou:

– Tive uma ideia! Vou ler para ti.

Livro nas mãos, Olivia iniciou o delicado e emocionante jogo de oralizar a escrita.

Leu.

Leu para mim.

Eu, rindo, feliz da vida, perguntei:

– Do que tu mais gostaste, Olivia? De saber que sabes ler? Das letras? Das palavras? Do que está escrito?

Ela:

– Eu gostei de ler!

Olívia.

Olívia sabe.

Olívia saber ler!

Apresentação

Um currículo

Cristina Maria Rosa

Em 2024, após 34 anos de formada e tendo 31 de docência no ensino superior, decidi criar um resumo de minha trajetória profissional. Ele ficou assim:






 

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Um desabafo, por Guilherme Moreira

 

Um desabafo

Guilherme Moreira - Pedagogo

 

Sinto-me desrespeitado perante a lei dos humanos. Se você entende o conceito de empatia, peço que se coloque no meu lugar e responda às minhas questões, pois estou perdido. Vocês, sociedade em geral, me julgam, me apontam como agressivo, bravo, e às vezes até descompassado. Vivem me julgando, me medindo... O que vocês chamam de "bravo" e "agressivo" é a única forma que encontrei para exigir respeito, pois sou desrespeitado diariamente e sou obrigado a engolir calado.

Sou obrigado a respeitar e seguir uma conduta baseada em leis municipais, estaduais, federais e universais, e sinceramente, eu me esforço muito para cumprir todas elas. No entanto, quando necessito de suporte dessas mesmas leis que sigo, parece que elas me faltam. Sou forçado a cumprir deveres, cada vez mais deveres, enquanto meus direitos são constantemente negligenciados, mesmo sendo garantidos por lei.

Como funcionário público do município de Franca, SP, devo respeitar todos os artigos municipais, estaduais e federais sobre o funcionário público estatutário. Para exercer minha função, preciso ser respeitado e, atualmente, estou sendo desrespeitado. Sou professor da educação básica, e o artigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Nº 9.394/1996), prevê que a educação é um trabalho conjunto entre professor, família, estado e sociedade. No entanto, as cobranças e responsabilidades têm recaído apenas sobre nós, professores públicos, que respondemos à lei e obedecemos aos mandatos de gestores eleitos. Toda a responsabilidade está sobre os professores. Eu pergunto: quem lembra de cobrar a gestão eleita?

Sinto-me desrespeitado, pois a lei garante tanto ao professor quanto aos estudantes materiais necessários e adequados para realizar as atividades, de acordo com o Artigo 208, inciso VII da Constituição Federal de 1988. Na realidade, somos limitados aos materiais disponibilizados pelos nossos gestores públicos. Muitos de nós, professores, tiramos dinheiro do próprio salário para conseguir apresentar um trabalho digno e de qualidade, desrespeitando assim a lei que deveria nos amparar.

Sinto-me desrespeitado ao ter que cumprir todas as leis educacionais que regem os currículos da educação brasileira, enquanto sou bombardeado com reclamações de responsáveis quando solicito algo dos estudantes, como tarefas ou trabalhos. A sensação que tenho é que estão se esquecendo de sua responsabilidade na educação das crianças, que também devem acatar as leis estabelecidas (art. 205 da Constituição Federal de 1988). Quando informo indisciplina ou dificuldades na aprendizagem que requerem atenção especializada, sou confrontado com grosserias por parte de familiares, desrespeitando a lei que protege os servidores públicos contra agressões (DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940, Art. 331].

Sinto-me desrespeitado pois, perante o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990, art. 53), caso um educador perceba alguma dificuldade na aprendizagem, ele deve informar seus gestores imediatos, que dão continuidade ao processo. Quando isso ocorre, o professor faz a demanda à equipe gestora, que notifica as famílias. Cabe então à família buscar auxílio especializado. A lei também garante que toda pessoa tem direito a atendimento médico público de qualidade, e que crianças com quadros de neurodivergência e saúde mental devem ter atendimento ágil e adequado. Contudo, na minha realidade, em Franca, SP, o processo no SUS é muito demorado, e a oferta de soluções é insuficiente. Mais uma vez, a responsabilidade recai sobre a escola e os professores, enquanto os gestores públicos eleitos, que deveriam ser responsabilizados, são ignorados.

 

Sinto-me desrespeitado, pois tanta carga emocional tem deixado nós, professores, doentes, sobrecarregados de trabalho, e mesmo com ensino superior, nossos salários continuam sendo dos mais baixos para quem possui esse nível de educação (Constituição Federal de 1988, art. 206, inciso V). Meu estado emocional e minha psique estão abalados; não só os meus, mas os de milhares de professores neste país. A lei me garante, enquanto cidadão e trabalhador, o direito à saúde pública de qualidade, de acordo com a Constituição Federal de 1988 em seu Artigo 196). Mas, ao buscar os serviços do SUS, enfrento os mesmos problemas que as crianças: demora, falta de profissionais e de seguimento dos protocolos médicos.

Sinto-me desrespeitado, pois, apesar de estar sobrecarregado e com a psique abalada, a lei me garante atendimento contínuo, seguro e eficiente, especialmente enquanto diagnosticado com transtorno mental (Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001). No entanto, preciso realizar exames particulares, pois não são cobertos pelo SUS, e a demora entre consultas é exasperante. Tenho feito terapia quinzenalmente, com a única psicóloga disponível para todos os servidores públicos da Prefeitura Municipal de Franca, oferecida pelo SIAS, que tem me ajudado muito nessas questões.

Sinto-me desrespeitado, pois a lei garante (Constituição Federal de 1988, art. 5º, inciso XXXIV) que tenho o direito e o dever de denunciar quando as leis não estão sendo respeitadas. Eu faço minha parte, encaminhando as demandas para os gestores imediatos e superiores, protocolando reclamações e buscando ajuda. Contudo, sou deixado à mercê das vontades dos gestores públicos eleitos. Estou cobrando as leis daqueles que são responsáveis por executá-las, mas não recebo resposta.

Retomando, sinto-me desrespeitado perante a lei dos humanos! Tenho que passar por tudo isso, sendo apontado como agressivo, bravo, e às vezes descompassado. Vocês vivem me julgando, me medindo... O que chamam de bravo e agressivo é a única forma que encontrei para ser respeitado, pois sou desrespeitado todos os dias e sou obrigado a engolir calado. Estou lutando sozinho, como cidadão que necessita da saúde pública, como professor e funcionário público, sem uma rede de apoio robusta.

Minha rede de apoio é minha fé, que vive sendo atacada, principalmente por eu ter crenças de matriz africana, kardecista e outras linhas pouco conhecidas no Brasil (Constituição Federal de 1988, art. 5º, inciso VI). Sinto-me desrespeitado por minha fé. Minha rede de apoio é minha família, que sofre quando estou desregulado. Eles são os que mais sofrem, pois não tenho onde recorrer. Os ataques de raiva, frustração e indignação recaem sobre eles, o que vai contra a própria lei que protege a família (Constituição Federal de 1988, art. 226).

 

Eu me sinto desrespeitado, pois, sempre que fico desregulado, todo o trabalho de qualidade, todo o tempo, dinheiro, concentração e esforço mental que investi para cumprir minhas obrigações legais são esquecidos, e só lembram de mim como alguém agressivo, bravo, encrenqueiro...

Minha questão final é: quanto mais eu tenho que aguentar? Qual é o limite para ser tão desrespeitado e ter que ficar quieto, imóvel, esperando as coisas acontecerem? Até quando vou ser responsabilizado pela falta de direitos garantidos por lei a todo e qualquer cidadão?

quinta-feira, 21 de março de 2024

Literatura infantil ou literatura para crianças?

Literatura para criança: um conceito a ser aprimorado

Cristina Maria Rosa 

Há algum tempo escrevi que a literatura infantil é um gênero literário produzido por adultos – autores, ilustradores, editoras – disseminado por medidores para a infância que estes adultos imaginam existir entre as crianças de seu tempo.

E afirmei que, por ser volúvel, indefinida, em trânsito, a infância é um conceito de difíceis contornos.

Pensava e mantenho a certeza de que por ter natureza interdisciplinar, o trato às questões das crianças e da infância não necessariamente precisam ser todas inseridas na obras que para elas preparamos, lemos, disponibilizamos.

Esse argumento é oriundo da observação de que são, na maioria dos casos, os adultos que escrevem, leem, escolhem e definem certos textos como “próprios à leitura pela criança”. Por isso mesmo, a literatura infantil é fruto de épocas que, mais ou menos assertivas, vão deixando um rastro de pistas para compreendermos como tratamos nossos pequenos, como os inserimos em nossas questões, todas elas tão importantes na vida adulta.

Assim, o que pensamos e como tratamos a morte, por exemplo, pode vir a deixar marcas na literatura que produzimos para as crianças.

Do mesmo modo, o que pensamos e como tratamos o abandono, evidencia o surgimento de livros em que este fenômeno de nossa espécie, apesar de parecer absurdo, ocorre.

É assim, também, com o que pensamos e como tratamos a indiferença, um sentimento de "irrelevância do outro". A indiferença é o contrário do que convencionamos chamar de importante, relevante, constituidor do humano em nós. A literatura para crianças vai ter títulos em que esse tema aparece, indicando que sim, queremos uma infância que pense e se importe. Consigo e com "o outro".

Por fim, pergunto: As escrita que produzimos para nossos pequenos pode ser "apartada" das questões filosóficas? Pode ignorar as questões que nos tomam o sono, quase todos os dias?

Penso que estas e outras questões a serem "destrinchadas" indicam que  a literatura para crianças é assunto sério.

Mas, não podemos esquecer...

É, primeiro, arte.

Doce e útil.

Mas arte, sempre!


sexta-feira, 15 de março de 2024

Geografia

 


Geografia

Cristina Maria Rosa

 

 

Quando os conheci, eram Diego, Eliane, Eric, Cláudia, Izabel, Jéssica, João, José Antonio, Luana, Paulo, Suelen e Tassia.

Agorinha mesmo, pensando em cada um deles, em cada uma delas, já não são mais só nomes em uma lista do cobalto.

A Tassia escreve contos. O João decidiu ler. A Claudia vai à feira do livro. A Eliane elogia profundamente. O Eric veio e se foi. A Izabel tem voz gentil. A Jéssica aparece eventualmente. O José Antonio revelou segredos. A Luana é tímida. O Paulo educa meninas. Suelen não deu o ar da graça.

Meus e minhas.

Alunos e alunas.

Da Geografia!

Licenciatura em Geografia.

Entendo a Geografia como uma “grafia a respeito do mundo”, este mundo em que vivemos como espécie. No dicionário, leio que é uma ciência que se pretende capaz de compreender os fenômenos físicos, biológicos e humanos que ocorrem no planeta além de dar pitacos sobre suas causas e observar e descrever relações entre esses eventos.

Não é pouca coisa...

Mas, como eu ia escrevendo acima, a Geografia, na UFPel me chegou por meio de um grupo.

Todas as quintas, 19 horas, em diferentes lugares e até em sala de aula improvisada, vi e conheci.

E, confesso, me diverti.

Hoje, sei mais que antes.

Hoje, conheço mais e melhor estudantes que trabalham.

E que estudam, ao mesmo tempo.

Partilharam comigo seus sonhos, suas perspectivas, suas expectativas.

Revelaram delicadezas e maus tratos.

Doeu ouvir.

Almejaram um futuro intergeracional na UFPel.

Será que somos capazes?

Geografia.

Uma ciência repleta de gentes.

E que gentes!

 

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Violetas

Um presente para professoras

Cristina Maria Rosa

 

Foi como um convite que enviei às professoras – em torno de seis mil formadas também por mim nestes 30 anos de docência na Pedagogia da UFPel – o presente que criei em 2023. 

Escolhida como Patronesse da 49ª Feira do Livro de Pelotas – tarefa que exerci com emoção e responsabilidade e que continuo exercendo em 2024 –, decidi que deveria escrever algo que marcasse a data, o tempo, as relações nele vividas. 

Assim é que surgiu Violetas – um livro ilustrado em formato digital e impresso. Ele foi exuberantemente ilustrado pela Maria Heloísa Canal. Mas não só: foi diagramado e teve sua edicção impressa spervisionada pela talentosa profissional.  

VIOLETAS é um presente para professoras. Foi lançado oficialmente no dia 14 de novembro, às 16 horas na Biblioteca Pública Pelotense.

Para ler clique em: