Olívia
Cristina
Maria Rosa
Os olhos, de jaboticaba.
Azuis? Verdes? Castanhos? Verdes.
Grandes e com cílios de fazer barulho
quando se movem.
A pele branquinha, encimada por cabelos castanhos
claros, lisinhos como fios de linha de antigamente.
As mãozinhas, uns pães doces. Parecidas
com as da Ana Maria, a aventureira do Erico Verissimo.
E a voz da Olívia, vocês não conseguem
adivinhar. Como eu ouvi, eu sei direitinho como é.
Ela usou tudo isso – olhos, voz, sorriso
– para me anunciar:
– Cris, eu sei ler!
É claro que comemorei. E quis saber
tudo: quando, como, com quem...
Ela:
– Eu já tenho seis anos!
E, inteligente que só, completou:
– Tive uma ideia! Vou ler para ti.
Livro nas mãos, Olivia iniciou o
delicado e emocionante jogo de oralizar a escrita.
Leu.
Leu para mim.
Eu, rindo, feliz da vida, perguntei:
– Do que tu mais gostaste, Olivia? De
saber que sabes ler? Das letras? Das palavras? Do que está escrito?
Ela:
– Eu gostei de ler!
Olívia.
Olívia sabe.
Olívia saber ler!
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