terça-feira, 16 de agosto de 2022

Uma escola leitora: parecer ao TCC da Ieda Kurtz

 

Print da tela em 08/08/2022

No dia 08/08/2022, participei na Banca de Pós-Graduação da Estudante: Ieda Maria Kurtz de Azevedo. Ela estava defendendo seu TCC intitulado “UMA ESCOLA LEITORA: A LEITURA E O INCENTIVO À FORMAÇÃO DE NOVOS LEITORES" diante do IFSUL - CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO

Em meu parecer escrevi:

“No trabalho intitulado “UMA ESCOLA LEITORA: A LEITURA E O INCENTIVO À FORMAÇÃO DE NOVOS LEITORES, de Ieda Kurtz, observei, como pontos importantes e necessários:

1. O intuito de compreender se professores conhecem o PNBE, se utilizam esse acervo em suas práticas de promoção da leitura e, ainda, a relevância do projeto de formação de professores “Uma Escola Leitora”, desenvolvido em uma escola pública municipal para formação de professores dos anos iniciais;

2. A escolha do Discurso do Sujeito Coletivo (Lefèvre e Lefèvre, 2005) como metodologia de análise dos dados;

3. Os resultados da investigação que indicaram a importância da leitura, a reflexão sobre a experiência leitora pessoal e profissional dos envolvidos, a referência de novos aprendizados de como trabalhar o incentivo à leitura, o conhecimento de títulos e autores específicos e o que considerar na escolha de um bom livro. Se a competência em leitura, na contemporaneidade, é imprescindível em diversas situações, a questão maior é, sempre: onde aprendemos a ler? Onde aprendemos a gostar de ler?

Partilho da ciência que a tarefa primordial de professores na escola é ensinar os sujeitos a amarem a literatura, pois nós, adultos e letrados, conhecemos o valor e o poder dos livros, de seus conteúdos, de suas possibilidades. Cabe a nós, portanto, estabelecer e fortificar pontes entre o acervo disponível nas escolas e os estudantes. Infelizmente, ainda, em muitas escolas, os profissionais responsáveis pelo trabalho com a leitura, a literatura e a biblioteca não gostam de ler, não são capacitados para ensinar crianças a respeitarem, aprenderem e amarem a literatura, porta para outras leituras. Com a pesquisa realizada pela Pedagoga e Especializanda Ieda Kurtz, percebi que muitos, ainda hoje, não acessaram saberes em cursos de formação de professores, apesar de reconhecer o valor e a relevância da leitura para o desenvolvimento do educando. Assim, precisam aprimorar-se em cursos posteriores.

O projeto “Uma Escola Leitora” – lócus do estudo/pesquisa da Ieda, foi projetado por uma Coordenadora Pedagógica, oportunizado a professores em 2019 e teve como objetivo o desenvolvimento de práticas de leitura mais intensas e qualificadas. Foi apoiado pelo PET Educação da FaE/UFPel que, em reuniões por quase um ano, apresentou sua formação leitora ou, em outras palavras, narrou como, quando e através de que textos se tornou leitor. Que bela ideia! Mas, se não houvesse o professor – um “sujeito da formação permanente e acelerada, da constante atualização, da reciclagem sem fim” (LARROSA 2002) –, não poderíamos estar aqui dialogando sobre os efeitos dessa proposta.

Foram as professoras e os professores aceitaram ouvir.

Foram elas e eles que acreditaram...

Em um dos depoimentos, um efeito da proposta ou “pensar a experiência” foi revelado: “A formação foi de extrema relevância. Muito importante, a leitura é tudo. É preciso escutar e trocar com leitores distintos para que se possa pensar sobre a nossa experiência. Configura-se como um momento de diálogo coletivo e reflexão pessoal enquanto formadores de leitores”. Em outro, a evidência dos critérios de escolha das obras: “Novas sugestões de como trabalhar a leitura, muito aprendizado. Desenvolver nos alunos o hábito pela leitura. Ampliou meus conhecimentos sobre títulos eautores específicos e, também no aspecto de quais elementos considerar na escolha de um bom livro”.

Por fim...

A partir da análise dos resultados percebe[1]se, nas palavras da Ieda, que “os professores compreenderam que promover e incentivar a leitura e a literatura na escola é dever de todos os professores que tem contato com os estudantes, não apenas dos profissionais destinados hora do conto ou os que atuam na biblioteca”. Tomara que isso permaneça! Penso que a escolha por um formulário online construído no Google Forms, composto por quatro questões sobre a participação no projeto e a posterior análise capacita Ieda a falar/escrever sobre o sucesso desse processo formativo e alicerça suas referências teóricas e metodológicas como formadora de leitores. Parabenizo a estudante e sua orientadora!

Pelotas, 08 de agosto de 2022.

Cristina Maria Rosa - Pedagoga – Doutora em Educação, Docente

Titular na FaE/UFPel.

A morte e a educação infantil: um estudo

Imagem: Cristina Rosa

Estudo de projeto de tese: uma tarefa no pós-doutorado

Cristina Maria Rosa

Como uma das tarefas durante o funcionamento do Seminário Infâncias, gênero e sexualidade: questões de pesquisa que estou cursando no PPGEDU - UFRGS, devemos ler, sugerir e contribuir com estudos dos colegas.

Ementa do Seminário: “O seminário pretende, a partir da revisão de literatura sobre os temas de pesquisa de cada orientando/a, discutir e aprofundar as questões, os problemas e as metodologias a serem utilizadas em suas respectivas investigações. Avaliar a pertinência das análises empreendidas em cada uma das pesquisas desenvolvidas no eixo temático Infâncias, gênero e sexualidade. Objetivos: Acompanhar as pesquisas de mestrado, doutorado e pós-doutorado desenvolvidas pelos/as orientandos/as, em especial no que se refere à pertinência teórico metodológica de tais investigações; Discutir as análises dos trabalhos desenvolvidos no eixo temático Infâncias, gênero e sexualidade e estudar obras recentes sobre as temáticas em discussão".

Em agosto, li o projeto da colega Michele Lopes Leguiça, intitulado "O tema da morte na educação infantil: construindo repertórios emocionais pós pandemia por meio da literatura para crianças".

Em seu Sumário, Michele aborda:

1. Que tempos são esses? primeiras aproximações ao com o tema

Memórias de uma menina descendente de fronteiras identitárias: sobre o passado que nos habita;

"Eu não vou enterrar minha mãe": os impactos emocionais frente a morte para a infância;

O que pode a arte em tempos difíceis?

2. A necropolítica nunca foi tão visível

A morte tem gênero, cor e classe social

Sobre os discursos produzidos sobre/para a infância durante a pandemia

As pesquisas com/sobre/para as crianças pequenas e o tema da morte

3. A literatura para crianças: potencialidades teórico metodológicas

O que a escola tem feito diante de temas sensíveis, como a morte?

Um questionário com docentes: aspectos éticos da investigação

A seleção dos livros

4. A vida eterna somos nós: breve ensaio de análise

5. Cronograma

6. Referências

7. Anexos


segunda-feira, 15 de agosto de 2022

15 de julho a 14 de agosto: Relatório parcial do pós-doutorado

 


UFRGS/UFSC

PÓS-GRADUAÇÃO

ESTÁGIO PÓS-DOUTORAL

JANEN FELIPE – SUPERVIDORA UFRGS

PATRICIA DE LIMA – SUPERVIDORA UFSC

CRISTINA MARIA ROSA – PÓS-DOUTORANDA

PERÍODO: 15 de junho 2022 a 14 de junho de 2023

 

Relatório parcial 15/07/22 a 14/08/22

 

Resumo: No documento listo atividades de estudo, cultura, produção científica e intelectual desenvolvidas entre 15 de julho 2022 a 14 de agosto de 2022. O foco foi reunir a produção com o intuito de compor o relatório final, em junho de 2023.

 

Três novos projetos de estudo 2022-2023

 

Em 15/08, ás 19 horas, realizei a primeira Reunião com o grupo de orientadas da Especialização em Educação. Remota e online. Foco: apresentação dos projetos de estudos para 22-23. Em breve, tudo, aqui.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Democracia na Escola: obedecer a leis?

 

Imagem de Luiz Ariel (2022).

Democracia na Escola: o que é isso?

Cristina Maria Rosa

Alisson Castro Batista


Regidas pela Constituição Federal de 1988 e regulamentadas, em diferentes momentos históricos, por documentos orientadores como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), as Diretrizes Curriculares Nacionais (1998) e, mais recentemente, a Base Nacional Comum Curricular (2017)e o Documento Orientador Municipal (2020) além do e Projeto Político Pedagógico, as escolas brasileiras vivem o dilema de obedecer ou obedecer.

Expressando as transformações políticas e sociais pelas quais o país passa, cotidianamente, as universidades e a gestão de escolas têm procurado um paradigma que represente uma filiação ao Estado Democrático de Direito através de democráticas concepções de gestão: com transparência, horizontalidade, autonomia e liberdade de pensamento. Uma escola com função social definida e regida por gestores democraticamente escolhidos. Mas não só...

O que é Estado Democrático de Direito?

Estado Democrático de Direito é aquele que garante, a partir de um Estado governado democraticamente e submetido ao Direito como fundamento primeiro de suas ações, o atendimento a elementos básicos que promovam uma vida digna a todos os cidadãos e cidadãs. Neste estado, a escola – que tem público específico e é parte do todo da sociedade – deve garantir "vida digna". Podemos entender que seria oportunizar aos presentes nela, acesso aos bens culturais típicos, processos de aprendizagem e convivência sadia e democrática?

E a Democracia?

Modelo político originado na antiga Grécia, o termo é composto pelos radicais demos (povo) e kratos (governo). Modernamente, é definida por ordenamentos jurídicos e instituições políticas sólidas, que representam três poderes: Executivo, Judiciário e Legislativo. Foco para a compreensão desse conceito é a derrocada do Absolutismo, a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e, mais importante, a noção de povo associada a uma nação. Assim, a soberania política de uma nação passou a ser vinculada ao povo e a instituição do voto, parte do sistema de representação.

As mais básicas variações práticas de um sistema democrático podem ser definidas como democracia direta e democracia representativa. A partir da Constituição Federal de 1988, o sistema político brasileiro é representativo, com a eleição de representantes em eleições diretas. Esse modus operandi não impediu que diversos mecanismos de participação direta da população na gestão do estado e dos serviços prestados fossem desenvolvidos. Mecanismos como o OP e PDM são exemplos deste fenômeno. Neste sentido, foram construídos mecanismos de participação direta da sociedade na gestão escolar, tais como o conselho escolar e a eleição para direção da escola.

A gestão democrática na educação, quando se volta à dinâmica do Conselho Escolar, deve tentar incluir todos os núcleos da escola (funcionários/professores, alunos, familiares) em suas discussões e debates, fazendo com que as tomadas de decisões sejam coletivas (CÓSSIO, HYPOLITO, LEITE e DALLI’GNA. 2010). Outra importante ferramenta da gestão democrática é o Projeto Político Pedagógico da escola, que se trata de um dos principais documentos desta instituição. Nele são descritas e organizadas as normas e orientações do funcionamento da instituição.

Projeto pressupõe mudança, transformação. Quando projetamos algo, traçamos objetivos ou metas e descrevemos como iremos cumpri-los. E isso, necessariamente, irá transformar o contexto e os elementos envolvidos nessa projeção e execução. Portanto, todo projeto implica em rupturas no estado atual das coisas e transformações em algo diferente disso. Pensamos que é importante que qualquer projeto seja construído por toda a comunidade local, com engajamento real de quem participa da escola. E que seja constantemente revisado e modificado, de acordo com as transformações sociais, necessidades e potencialidades de cada contexto (VEIGA, 1998).

A Democracia pode ser exercida na escola para além de documentos orientadores?

Como deve ser na sala de aula?

No refeitório?

Na Biblioteca?

Nos locais de convívio?

Em breve, algumas respostas...