sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Joaquim: um olhar

Meu mais novo livro digital é um presente à família de meu priminho Joaquim. Impactada com a forte emoção que ele me causou quando o conheci, escrevi. E o enviei, pelo correio, como presente aos pais e ao pequeno, que está sendo inserido no mundo da leitura pela mãe, a Alexandra.
A seguir, o conto na íntegra. Para receber o livro digital, escreva para mim.


Hoje conheci o Joaquim.
E me defrontei com seu olhar.
Profundo.
Intenso.
Ficou gravado em mim.
Suspeito que para sempre.
Conheci a pele, branquinha.
As gordinhas mãos.
E o tufo de cabelo que insiste em ser rebelde.
Entendi, nesse dia, porque demorei tanto para conhecê-lo.
Desconfiava e, ao olhar para ele, confirmei: eu me apaixonaria.
Falei com ele.
Apresentei-me.
Nem sabia explicar para o forte Joaquim quem eu era.
Prima da mãe, a Alexandra.
Sobrinha do avô, o Romeu.
Mas dele, o que sou?
Eu sou uma fã, descobri.
E fã é quem admira.
Quem sonha com o dia de ver.
E de rever.
Já estou com saudades.
E guardo, em minha memória, o seu olhar.
Resolvi escrever.
Como todas as fãs, uma carta, contando para todo o mundo o meu apaixonamento.
A saudade que me invadiu, logo que saí de pertinho dele.
Fiquei imaginando sua voz e esperei as palavras, que ele ainda não pronuncia.
Aguardei seu sorriso.
Estou assim: aguardando.
E vou voltar.
As fãs sempre voltam: guardam e voltam.
Sei que ele vai estar lá.

E vai dar-se a conhecer.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Sanguíneo: cartões postais para João Bez Batti

Para comemorar meu encontro com o escultor João Bez Batti, em julho de 2016, criei um grupo de cartões postais intitulado Sanguíneo. Segundo João, é o tipo mais raro de basalto, o mais intenso, o mais duro.
As imagens de seu atelier, nos Caminhos de Pedra em Bento Gonçalves, e de seu trabalho como “encantador do basalto”, tornaram mais intensas e repletas de emoção as palavras por mim escritas nesse grupo de cartões postais.
Como um apaixonamento – por um personagem, uma história de vida, uma quantidade imensa de obras produzidas a partir da pedra – entrego meus relatos de emoção.
Por escrito.

Ao presenteá-lo com os cartões e perceber a repercussão que estes textos causaram em sua memória mais remota – a da infância – dei início a um projeto que intitulei João Bez Batti: Biografia. Estou trabalhando neste projeto desde julho de 2016 e intenciono concluí-lo em novembro de 2017, mais precisamente em 11 de novembro, dia de seu aniversário.
A coleção de cartões postais estará disponível a partir dessa data, bem como a biografia do escultor. As imagens ao lado são uma palhinha, um seixo que, rolando, ganha forma.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Ode às Aranhas

Meu presente de Natal para os amigos e amigas é um pequeninho livro digital.
O nome? Ode às Aranhas.

Mas todo livro tem uma história.
E essa quase sempre é a parte que eu mais gosto.
Vou contar...

Ao ler Qorpo Santo diabos e fúrias, de Luís Dill, encontrei um singelo e terno poema do José Joaquim de Campos Leão, precursor da poesia moderna, segundo Alvaro Moreira (As amargas não... Lembranças. Porto Alegre, IEL, 1989).
Enviei aos amigos por WhatsApp.
Muitos responderam elogiando. O autor, obviamente. E o poema. E perguntando, logo depois: quem é ele?
Um desses amigos, Luis Carlos Vaz, escreveu: "Que maravilha... Vou fazer uma foto para ilustrar isso..."
E um dia depois, enviou a foto.
Eu precisava de um só poema para os presentes de Natal. Resolvi unir esses amigos - Dill e Vaz -
e criei Ode às aranhas.
É presente.
De natal.
Para ti.
Da Cris.
Bom Natal 2016!


sábado, 10 de dezembro de 2016

Joaquim




Joaquim é meu mais novo livro digital.
Eu o escrevi quando as imagens das primeiras horas de vida de meu priminho foram compartilhadas.
O encantamento que ele causou em nós quando nasceu justifica esta e outras declarações de amor.
Leia na íntegra solicitando o compartilhamento através de meu e-mail.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O Lagarto, de José Saramago

O livro que recomendei hoje, 07 de dezembro aos ouvintes do Programa Tons & Letras como imprescindível neste final de ano é O lagarto, de José Saramago. Conto breve incluído no livro A Bagagem do Viajante, foi publicado originalmente em 1973 e é uma “história de fadas” repleta de ironia e poesia. Ouça como inicia:
“De hoje não passa. Ando há muito tempo para contar uma história de fadas, mas isso de fadas foi chão que deu uva, já ninguém acredita, e por mais que venha a jurar e tresjurar, o mais certo é rirem-se de mim. Afinal de contas, será minha simples palavra contra a troça de um milhão de habitantes. Pois vá o barco à água, que o remo logo se arranjará”.
No Brasil, o conto foi publicado pela Companhia das Letrinhas e chega às mãos dos leitores em uma encadernação vigorosa: é colorido, ilustrado com xilogravuras de página inteira, possui capa dura e foi impresso em papel produzido a partir de fontes responsáveis. Para ampliar seus atributos, há minibiografias do autor e do ilustrador nas páginas finais. Mas é no site https://acasajosesaramago.com/ que li a seguinte informação: “Cabe esclarecer que saramago é uma planta herbácea espontânea, cujas folhas, naqueles tempos, em épocas de carência, serviam como alimento na cozinha dos pobres”. São palavras do escritor em sua autobiografia referindo-se a seu nome e a sua origem.
Saramago alimento. Concordo!
Mais um pedacinho, que o melhor do livro é sua escrita:
“A história é de fadas. Não que elas apareçam (nem eu o afirmei), mas que história há de ser a deste lagarto que surgiu no Chiado? Sim, apareceu um lagarto no chiado. Grande e verde, um sardão imponente, com uns olhos que pareciam de cristal negro, o corpo flexuoso coberto de escamas, rabo longo e ágil, as patas rápidas. Ficou parado no meio da rua, com a boca entreaberta, disparando a língua bífida, enquanto a pele branca e fina do pescoço latejava compassadamente”.
Uma peculiaridade – as xilogravuras feitas especialmente para o livro pelo artista popular brasileiro José Francisco Borges – reapresentam para os leitores uma técnica de origem chinesa, produzida a partir de entalhe em madeira. A imagem resultante é o contrário do que foi talhado, exigindo do artesão o conhecimento de cores, sombra e luz, frente e verso, entre outras habilidades. Quando mergulhada em tinta, imprime os relevos deixados propositalmente e a xilogravura pode ser considerada tataravó das impressoras atuais, até mesmo as 3D.
Aparentemente um conto para crianças (pela encadernação e colorido, tamanho e formato do livro e até mesmo pela proposta de Saramago em nomeá-la conto de fadas), O Lagarto foi lançado em 2016 pela Fundação José Saramago. O autor, falecido em 2010, é o mais reconhecido escritor em língua portuguesa e suas publicações são, a cada dia, redescobertas por novos leitores.
Apresente Saramago para os seus!
Eles vão ficar encantados com este conto de fadas, embora, como escreve Saramago, “isto de contos de fadas já não é nada o que era”! Quer conhecer o desfecho da narrativa sobre o lagarto que apareceu no Chiado? Leia O lagarto, de José Saramago.
Cultive os autores em língua portuguesa e não deixe de presentear livros no Natal.

O lagarto, de José Saramago.
Cristina Maria Rosa, 07 de dezembro de 2016.
Ficha técnica:
Tons & Letras
Apresentação: Luís Dill
Produção: Luís Dill
Horário: Sábados, às 11h
Twitter: @fm_cultura
Facebook: fmcultura107.7