quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Sala de Leitura: presente!

Os convidados que se fizeram presentes na inauguração da sala produziram um dos momentos mais importantes de meu trabalho na FaE/UFPel. Obrigada a todos!












Sala de Leitura Erico Verissimo: uma realidade



Em 17 de dezembro de 2015 inauguramos a tão sonhada Sala de Leitura na FaE/UFPel. O nome foi escolhido em homenagem ao escritor gaúcho Erico Verissimo e o dia coincidiu com o de seu nascimento.
Nas fotos, dois ângulos da sala: o local de leitura e a estante com um dos acervos, o que que ficará exposto mensalmente (uma das primeiras micropolíticas de leitura.


A recepção aos convidados foi nos corredores em frente à sala: lá, organizamos uma sala de estar e uma exposição com a história do grupo de leitura. Estiveram presentes as diretoras da FaE, Lúcia Peres e Lígia Carlos e a Drª Maria Cecília Loréa Leite represetnado a Administração da UFPel.

A exposição de banners relatando a história do grupo de leitura - que iniciou atividades em 2004 - foi um dos pontos importantes da inauguração da sala. Ali, todos os estudantes que participaram nestes 12 anos de atividades, puderam perceber a importância de seu trabalho no grupo e em grupo. Os banners integram os acervos da sala, registrando sua história, intenções e realizações. Na foto à direita, mais um dos ambientes da sala de leitura: o espaço de consulta ao acervo que está inserido em uma Minibiblio.


Um show de Flauta Transversa, com Daniel Stepansky tornou ainda mais agradável a manhã de quinta-feira. Daniel, a convite da Coordenação, executou obras brasileiras, especilamente os clássicos Villa Lobos e Tom Jobim.





A sala possui seis acervos,disponíveis para leitura no local, um ambiente agradável e propício à leitura. :
1. Clássicos (Literatura Universal e Literatura para crianças);
2. Modernos para crianças;
3. Acervo 2015 PNBE para adolescentes;
4. Gibis;
5. Teoria Literária;
6. Banners com a história do grupo de leitura.

A sala de leitura também será responsável por micropolíticas de leitura, ou seja, iniciativas com o intuito de dialogar sobre a leitura literária e a formação de leitores. A primeira dela ocorrerá em fevereiro: o II Curso de Medidores em Leitura Literária. É um evento gratuito destinado a professores e demais interessados e ocorrerá nas dependências da sala e em salas anexas.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Literatura na primeira infância: uma das brincadeiras possíveis

A literatura, na infância, pode ser compreendida como uma brincadeira, tanto quanto a música, a dança e o teatro, entre outras manifestações e possibilidades do fazer humano. O que a distingue das demais artes é seu vínculo profundo com a aprendizagem da linguagem, oral e escrita, um dos valores fundantes de nossa humanidade. É pela linguagem e, especialmente pela língua  (conjunto organizado de sons e gestos que possibilitam a comunicação em um grupo) que nos diferenciamos das demais espécies e nos tornamos o que somos: seres sociais, que usam da razão para inventar e registrar a história.
É pela linguagem, essa capacidade que nós humanos temos de produzir, desenvolver e compreender a língua e outras manifestações (a literatura, a pintura, a música, a dança, entre outras) que nos diferenciamos e singularizamos. Embora apenas oral e/ou gestual em algumas culturas, a maioria dos grupos sociais desenvolveram formas aprimoradas de comunicação, sistemas complexos e regrados e, além disso, investiram em criações estéticas, o que conhecemos como arte literária ou Literatura.
A literatura e seus representantes – livros, autores, gêneros, procedimentos – necessita de mediadores qualificados, que podem ser familiares ou professores. Estes, devem conhecer o valor das obras, ou seja, ter critérios para escolhê-las e ofertá-las aos pequenos, em casa ou na escola.
Se a literatura é uma brincadeira como pintar, dançar, cantar, desenhar, esculpir, pode ser ofertada espontaneamente, esporadicamente e aleatoriamente?
Infelizmente, não.
A literatura demanda planejamento, critérios, atitudes e intervenções, uma vez que oferece, através de seus conteúdos e formas, arte e pensamento.
Essa oferta – arte e pensamento – são os traços conformadores da humanidade em nós, são as matrizes da racionalidade e da emoção, o que nos torna o que estamos sendo como espécie, os elementos fundantes de nossa adaptação, como espécie, no planeta e no tempo dos humanos.
Todos sabemos que não estamos sós. Habitamos um planeta que já foi gelado, envolto em gases, ocupado por répteis gigantes, dominado por inúmeras e diferentes espécies. Um planeta que tem milhões, bilhões de anos. Nele, nossa fugaz existência é recente. Somos primatas adaptados que, nesse trajeto, o da adaptação, inventamos a emoção e a razão. A literatura, então, esse peculiar modo de conviver com a finitude e fazer de conta que não, ainda não, é a forma mais evoluída que temos para aceitar que somos, também, animais em extinção.
As palavras, evidências de nossa humanidade, tornam-se, cada vez mais rapidamente, pontes. Em torno delas, as mais variadas paisagens indicam de onde viemos e para onde desejamos ir. Escrever, então, é deixar marcas. Pegadas, como as encontradas pelo personagem Levain, de O planeta dos Macacos (2015, p.27), em sua primeira incursão em Soror, um dos planetas de Betelgeuse – estrela de primeira grandeza da Constelação de Órion. Essas marcas, datadas, indicam nossa passagem pela linguagem – o tanto próximos que estamos dela – em um tempo único: o ano de 2016, que rapidamente de esvai, como areia fina nas mãos.
As histórias, inventadas, passam a existir pelas palavras. Cada uma delas, oriundas de outras palavras também inventadas é cotidianamente escolhida para produzir mais e mais: palavras, sentidos, inventos. Escrever, então, é inventar, emocionar, permanecer.
A literatura, mesmo na idade adulta é uma brincadeira: com regras que posso escolher, com personagens que decido conhecer, com emoções que busco reiterar, com questões que temo/desejo enfrentar. A literatura é o melhor de nós, pois anuncia, reflete e enterra a humanidade. É melhor que nós, cada um de nós, pois transmuta em permanências essa “humanidade enterrada”.
Se a literatura é um brinquedo, se ela precisa ser organizada para que todos joguem, o que nos cabe, como professores?

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Continhos para os bebês: o arroto, o choro, o pum.

O que fazem bebês? Como aprendem o nosso mundo adulto? Pensando nisso, resolvi escrever uns continhos para que leiamos a eles, em nosso colos. Os primeiros três etão prontos. Leia também:

O arroto
Arrotar é fazer barulho.
Um barulho que inicia no estômago, vem vindo, vindo, até não aguentar mais e sair pela boca:
BURP!
É sinal de que o estômago está cheio.
De alimento e ar.
Tanto ar que quase não cabe mais.
Ar e alimento.
Sim, pois estômago cheio de bolo, leite, maçã, aveia, mais pão, manteiga, queijo, banana, biscoito e ar, deixa uma sensação de “pança cheia”.
Pança cheia é estômago repleto. Nos meninos e meninas, olhando assim com jeitinho, percebe-se a barriga esticadinha, volumosa, bem cheinha.
Parece que vai doer.
É quando o estômago resolve intervir.
Decide:
- Vou dar um jeito.
E o jeito, é o arroto. Um apertãozinho aqui, uma esticadinha ali, um empurra-empurra e...
BURP!

Ufa! Arrotei! Passou!

O choro
Quando estou com fome, choro.
Quando estou com sono, choro.
Quando quero colo, choro.
Quando estou molhado, choro.
Quando sinto uma dorzinha, de ouvido, de barriga ou de gengiva, choro.
Você sabe o que é chorar?
Eu sei.
Chorar é reclamar.
De dor, de fome, de sono ou de abandono.
Tem gente que chora de alegria.
Tem gente que chora de saudade.
E há quem chore de emoção.
Chorar é um direito.
E eu choro quando não me dão.
Quando não me dão colo.
Quando não me dão a mão.
Quer ver eu para de chorar?
É só me dar um beijão!

O pum
O pum é fedido.
O pum é barulhento.
O pum é um barulhinho fedorento.
O pum é um barulhinho fedorento inesperado.
Todo mundo, pai, mãe, vovó, titia, irmã e até a professora solta pum.
Solta pum escondido, sem querer, disfarçando.
É que ninguém gosta de sentir o cheirinho do pum dos outros.
E ninguém gosta de ser descoberto soltando pum.
Por isso, as pessoas soltam pum bem baixinho.
De fininho.
Quase um pum...zinho.
Mas quando a gente é pequeninho, quando a gente é bebê, o pum é um sinal de saúde.
As mamães comemoram quando seus bebês soltam pum.
Significa que vai tudo bem na pança de seus bebês.
Significa que seus bebês têm saúde.
Depois, quando a gente cresce, aprende que soltar pum é feio.
Só porque faz barulho e é fedorento.
O barulho do pum eu não sei imitar.
Você sabe?


Um carteiro: o mediador de leitura

O mediador pode ser conceituado como um carteiro, disse Mônica Baptista Correa.
E eu adorei.
Seu tesouro: as cartas.
Ele as entrega aos destinatários.
Alguns deles ainda não sabem decifrar e o carteiro é convidado a ler, em voz alta, as boas novas.
Às vezes tristes, as notícias unem dois mundos: o de quem planejou, providenciou, redigiu.
Planejou o envio, a entrega.
Providenciou papel, envelope, selos.
Redigiu cada uma das palavras, apagando algumas, exagerando outras, sonorizando cada uma.
As novas ali impressas, unem esses dois.
Mundos.
O de quem enviou.
E o outro.
De quem recebeu, ouviu, leu, se emocionou. 
Assim, a mediação é a apresentação de um texto a outrem, é um modo de dizer ao outro: "Escuta! Ouça só que interessante, que curioso esse autor! Ouça o que ele escreveu, perceba  a maneira única de dizer..."
A mediação é mais que a atividade de um carteiro.
O mediador é um curioso que espia todas as cartas que entrega.
Ele não obedece o princípio do sigilo: ele divulga o escrito.
E, não raras vezes, imprime voz ao emitente.
O destinatário chora após a emoção do carteiro que, tendo lido antes, não ameniza e sim imprime lágrimas na descrição do choro.
O mediador é um carteiro em desvio de função.
O mediador lê.
E não se fura de emocionar.