quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Entrevista sobre Pesquisa: impressos para alfabetizar

1. Como é o processo de pesquisa e busca por obras até então "escondidas", como "Meu ABC" e "Artinha de Leitura"?
Todo processo de pesquisa parte de uma curiosidade e muitas pistas. Eu estudo a alfabetização há 25 anos e seus impressos (manuais, cartilhas, livros) fazem parte desse estudo.
Descobertas, nos dias atuais, são muito raras e muitas delas, fruto de um longo período de respostas contrárias ao interesse de pesquisa.
No caso de Artinha de Leitura, de João Simões Lopes Neto, sua existência era uma lenda até 2008, quando foi encontrada em um acervo particular e doada à UFPel. No entanto, eu já havia encontrado documentos que provavam sua existência, no Arquivo Público do RS, em Porto Alegre. Ali, pude ler e fotografar duas Atas de reuniões do Conselho de Instrução Pública que datam o desejo de JSLN de tornar sua Cartilha um livro escolar e, infelizmente, a não aceitação da mesma. De posse desses documentos, pude dimensionar as pretensões do autor.
Outro documento que pertence ao tempo da lenda é Ligeira Contradita, que ainda hoje circula como um tesouro entre os aficionados por JSLN. É uma carta argumentativa, endereçada ao mesmo Conselho de Instrução Pública que recusou a publicação de Artinha de Leitura. Manuscrita por JSLN, nela o escritor pelotense tece argumentos em defesa de seu projeto e de sua cartilha, que dedicou às escolas urbanas e rurais.
Minha pergunta continua sendo: como circula entre os admiradores de JSLN uma cópia de um documento que ninguém localiza? Por que este documento, parcialmente ilegível, continua desaparecido? Se reconstruirmos seu caminho, ou seja, descobrirmos de quem cada um dos detentores da cópia ganhou a sua, será que não descobriríamos o original? E pergunto ainda: que tipo de interesse mantém esse documento longe dos acervos públicos? Fazer e, mais especialmente, responder essas perguntas faz parte de meu processo de busca.
No caso de Meu ABC, de Erico Verissimo, o processo de busca e descoberta contou com uma ampla rede de informações.
Organizada e plural, a memória preservada no ALEV – Acervo Literário Erico Verissimo – hoje depositado em Comodato no Instituto Moreira Sales, no Rio de Janeiro, permite saber o que há de e sobre Erico Verissimo. Seus originais (rascunhos, desenhos, correções, discursos, aulas, projetos, mapas) estão catalogados. Mais que isso, a fortuna crítica (tudo o que se escreveu sobre sua obra) pode ser acessado nos acervos das Universidades, digitalizados ou não. E também em bibliotecas, livrarias e sebos. Isso facilita o trabalho de um pesquisador e o posiciona a respeito de seu pretenso ineditismo. Ao ler a fortuna crítica, o pesquisador pode descobrir que é mais um, entre muitos, a estudar O Tempo e o Vento, por exemplo.
Com relação ao processo de pesquisa de Meu ABC, o abecedário de Erico que ficou “desaparecido” por longos anos (77), foi, como afirmou Glória Bordini ontem (17/12/2013), no Centro Cultural Erico Verissimo) a culminância da vida de qualquer pesquisador. Ninguém havia estudado Meu ABC. O trabalho que desenvolvi é o primeiro e, por seu ineditismo, já possui valor. Mais que isso, ao perceber que Verissimo não assinou nem datou um de seus livros – o único, aparentemente – precisei buscar fontes seguras para afirmar que, sim, Meu ABC integra seu legado, é mais um de seus livros. Assim, as fontes (documentais e orais) são fundamentais para o trabalho do pesquisador e integram seu processo de pesquisa e reconhecimento na comunidade acadêmica.
As fontes que pude contar (todas arroladas nas referências de meu livro) iniciaram pela leitura das memórias de Erico Verissimo, Solo de Clarineta (I e II) e pelos demais livros escritos por Erico para a infância (onze). Neles há muitas revelações e algumas pistas que, juntas, levam a outros livros, documentos, artigos e pessoas.
Pessoas que o conheceram profundamente (estou mencionando conhecimento literário e não apenas familiar ou amizades)estão  vivas e pude entrevistá-las. Nesse grupo, Gloria Bordini e Flávio Loureiro Chaves são as maiores autoridades e foram ouvidos por mim: Bordini, por ter inventariado o legado de Verissimo a pedido da viúva, à época. E por ter sido umas das organizadoras do ALEV; Chaves, por ter concluído Solo de Clarineta após a morte de Erico, além de ter orientado inúmeros trabalhos sobre Erico na UFRGS. Além de informações preciosas, os dois estudiosos sabem mencionar a importância de um trabalho como o meu e atestar, acadêmica e publicamente, o seu valor. Isso também constitui o trabalho do pesquisador, pois suas descobertas necessitam ser partilhadas e atestadas publicamente.
Meu ABC, o abecedário escrito por Verissimo, foi editado apenas uma vez, publicado em três tiragens (1936, 1940 e 1945) atingiu 27.500 exemplares. É muito. Como desapareceu? Essa pergunta dirigiu meu trabalho e, mesmo com respostas bastante confiáveis, ainda pergunto: Onde está Meu ABC? Como não integra acervos no RS? Como foi ignorado pela crítica literária por 77 anos?
Uma curiosidade: quando meu livro ficou pronto tendo como informação a existência de apenas um exemplar de Meu ABC no RS, brincando, anunciei a meus alunos que, no lançamento, um casal de velhinhos iria se aproximar com um exemplar nas mãos. Dito e feito: em Porto Alegre, ontem, Eda, uma senhora de 83 anos, em voz entrecortada pela emoção, veio até mim e contou sua história de alfabetização com um exemplar de Meu ABC, presente de natal da família quando criança. E mencionou o projeto cultural que o livro oferece aos pequenos de sua época. Minha pergunta depois disso: Foi sorte de pesquisador encontrar Eda?

Qual a importância da descoberta destas obras para a alfabetização e inserção da criança no mundo dos livros?
Descobrir é muito bom, dá prazer intelectual e retorno pessoal. Indica que estás no caminho certo, no foco, inserido na comunidade científica, mesmo produzindo em uma Universidade periférica, parcialmente reconhecida entre as maiores do país. No entanto, as descobertas têm de ter endereçamento e, no caso das descobertas científicas, devem estar a serviço do público. E isso não apenas porque estudo e trabalho financiada por recursos públicos. O endereçamento público, ou seja, o conhecimento para todos, é a razão de existência da Universidade.
Ao descobrir o Abecedário de Erico Verissimo, pude relacioná-lo com outros documentos de igual valor já descobertos em aproximadamente 120 anos de história de impressos para alfabetizar no Brasil. Pude também, inseri-lo na historiografia da alfabetização e pude dimensioná-lo na produção literária para a infância.
Por ter sido precedida por outras pesquisadoras, entre eles Glória Bordini, Iole Trindade, Maria do Rosário Longo Mortatti e Regina Zilberman, no mapeamento e categorização de impressos para letrar no Rio Grande do Sul e no Brasil, é que me tornei a pesquisadora que sou. Isso significa dizer que ninguém pesquisa sozinho, que ninguém se inventa do nada. Pelo contrário, me espelho em procedimentos e trajetos já percorridos, aprendo com a tradição teórica e metodológica quando me aventuro em buscas. A ideia de superar um conhecimento anteriormente assentado está, do meu ponto de vista, equivocada. Penso que acrescentamos, mesmo ao discordar. Só por reconhecer o que há anteriormente é que nos lançamos em busca do desconhecido e nem sempre um conhecimento novo ou publicado recentemente significa melhor, maior, mais importante.
Respondendo a segunda parte de tua pergunta
acerca da importância da descoberta destas obras para a inserção da criança no mundo dos livros eu diria que as crianças de hoje têm muitas possibilidades de conhecer o significado da leitura e, mesmo assim, poucas conhecem.
Estudos me levaram a concluir que o que mais faz falta, no processo de significado, é a atitude do mediador. Mediador é a pessoa que apresenta o livro à criança e pode ser o pai, a avó, a mãe, um irmão mais velho e também o professor. Diferente do professor, os demais não têm essa obrigação. Podem ou não saber da importância do livro na vida de uma criança. O professor não. Ele tem obrigação de saber e de mediar o processo de aprendizagem do gostar de ler.
Ao descobrir uma obra antiga, que inseriu crianças no mundo da leitura, posso dimensionar como isso se dava em 1936, por exemplo, tempos em que minha mãe era criança. E posso, então, apresentar a meu filho, um vínculo que só aparentemente é familiar, mas que faz parte da história da infância, primeiro, e da história da alfabetização em especial. E isso não é pouco!

Como vês o atual momento da literatura de alfabetização no Brasil?
Repleta de impressos de qualidade em termos de conteúdo e forma, a literatura que pode ser acionada por um professor no processo de letramento de crianças é muito facilmente encontrada. Chega até as escolas através de políticas públicas como o PNBE/MEC, por exemplo, mas também através de outros eventos de letramento que ocorrem na sociedade (saraus de leitura, indicações de amigos e colegas, sebos, bibliotecas temáticas, feiras do livros, diálogos com autores). Assim, o professor não pode mais dizer que não há o que ler. No entanto, estamos nos tornando uma sociedade mais letrada, culta, por causa disso? Em parte. Como eu afirmei, mediador é quem apresenta ao leitor o livro e o significado da escrita na sociedade. Esse mediador tem de ser leitor e não qualquer leitor. Tem de ler obras de qualidade, ter critérios para a escolha do mostrar aos pequenos. E isso não se adquire espontaneamente. O mediador deve ser educado e esse processo ocorre, ou deveria ocorrer, preponderantemente, na Universidade.

Existe alguma outra pesquisa em andamento relacionada alguma obra a ser encontrada?

A vida de um pesquisador só tem início, ele está, por princípio, sempre interessado em novas descobertas. No momento, estou em busca de outros exemplares de Meu ABC e, acredito, eles vão aparecer. Se assim for, poderemos ampliar o acervo, hoje restrito a um original em um local público. A presença da imprensa em nosso trabalho é fundamental para isso, uma vez que chega onde a Universidade nem imagina estar. A senhora Eda, que conheci ontem, é um atestado dessa possibilidade. Leu no jornal que haveria um diálogo sobre Meu ABC de Verissimo em Porto Alegre, e, sozinha, de transporte público, foi até lá, se apresentou, contou sua história. Assim, ontem mesmo “descobri” um novo exemplar de Meu ABC. Eu repetiria a pergunta: sorte de pesquisador?
Essa entrevista foi concedida a Leon Sanguiné, Jornalista do Diário Popular, em 18/12/2013, por email.



Centro Cultural CEEE Erico Verissimo

No dia 17 de dezembro, estive no auditório Barbosa Lessa do
Centro Cultural CEEE Erico Verissimo para o Diálogo sobre meu mais novo livro:
Onde está Meu ABC de Erico Verissimo? Notas sobre um livro desaparecido.
Na mesa comigo, Jane Felipe (UFRGS) e Sérgio Teixeira (IHGRGS/UFRGS).



Após receber convidados para o diálogo,
inauguramos a exposição de fotos sobre o único exemplar do
Abecedário de Verissimo encontrado durante a pesquisa.


A TVE esteve lá para conhecer a exposição e indagar a respeito da descoberta de Meu ABC.





Comigo também, Guilherme Pereira,
Designer Gráfico que projetou o livro.











A coordenadora da Biblioteca Lucília Minssen, Marília Sauer Diehl esteve lá.
Juntas, comemoramos a descoberta.



A Roberta Bohns, responsável pelo tratamento dado às fotos da exposição,
esteve presente e foi muito elogiada por seu trabalho.
As imagens de Meu ABC foram impressas em Papel Couché fosco em fundo preto,
o que ressaltou as imagens envelhecidas de Meu ABC.
A exposição fica aberta ao público até 18/01/2014, no 4º Andar da CCEV.

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domingo, 29 de setembro de 2013

Livros Publicados


Esse é meu último livro.
Estará disponível a partir de 06/11, na Livraria Vanguarda.
O lançamento será na Feira do Livro, no dia 15/11.
Apareça!




Notas sobre as descobertas em "Onde está Meu ABC de Erico Verissimo?"

Durante minha pesquisa, realizei várias descobertas.
Uma, foi a minha orientadora, Drª. Graça Paulino, da UFMG.
Em suas palavras, a descrição de meu intento ou o problema de pesquisa nas palavras de Graça Paulino:

"Ao acompanhar o Estágio Pós-Doutoral da Professora da Universidade Federal de Pelotas, Cristina Maria Rosa, com Mestrado e Doutorado em Educação, conheci seu Projeto de Pesquisa que teve como objeto a análise de aspectos pedagógicos e culturais de quatro cartilhas escritas na primeira metade do século XX por escritores gaúchos: Pedro Wayne (Histórias da Teté), João Simões Lopes Neto (Artinha da Leitura), Mario Quintana (O Batalhão das Letras) e Erico Verissimo (Meu ABC). Os dois primeiros nunca chegaram a publicar essas obras ligadas à alfabetização. E, se o livro de Mario Quintana é até hoje prestigiado, o de Erico Verissimo não só nunca é citado em sua bibliografia como nunca deu origem a um estudo especializado, tendo desaparecido dos acervos a ponto de serem encontrados apenas dois exemplares em bibliotecas abertas ao público ou a pesquisadores. Esse fato deu origem à curiosidade intelectual de Cristina Maria Rosa, que se propôs entender razões que teriam levado três ficcionistas e um poeta a se dedicarem à escrita de obras de alfabetização e o possível impacto cultural que essa atitude teria, especialmente no Rio Grande do Sul. A escolha da FaE/UFMG para realizar tal pesquisa se deveu não só ao acervo de trabalhos sobre alfabetização do Ceale como também à existência de uma forte Linha de Pesquisa sobre Educação e Linguagem na Pós-Graduação. O pedido de supervisão foi a mim dirigido pela formação literária e interesse pelo ensino de literatura que meu currículo evidenciou para ela. Combinamos, então, que ela ficaria em Belo Horizonte, com imersão nas atividades da FaE, durante o segundo semestre de 2010, voltando a Pelotas em 2011 para escrever um livro sobre o foco de sua pesquisa".

Outra descoberta foi a Drª. Maria da Glória Bordini.
Intelectual gaúcha fortemente vinculada à obra de Verissimo, Glória Bordini leu os originais de meu livro e, entre outras coisas, escreveu:

"O mérito principal da investigação de Cristina Maria Rosa está em que ela não envereda pela pedagogia da leitura, embora solidamente plantada nesse chão. A própria trajetória de sua pesquisa a orienta para a dimensão de um projeto literário que legitima o abecedário, mesmo que as teorias de letramento atuais possam descartá-lo como instrumento de ensino. A pesquisadora não analisa o conteúdo do livro desaparecido: ela constrói uma hipótese sobre por que foi escrito, fundada nas experiências de Erico Verissimo com a literatura infantil e juvenil – que ela descreve passo a passo – para delinear o que chama de projeto literário e pedagógico do escritor. Com base nos protocolos de leitura encontrados tanto no interior das obras infantis de Erico quanto em paratextos dessas edições Globo, ela propõe que o escritor, diante da rarefação da leitura na época, teria buscado conquistar a infância, desde tenras idades, por um diálogo em que se colocava à sua altura, visando a formação de um público leitor, o que se comprova igualmente pela poética de seu romance, voltada para a comunicação com o leitor médio. Numa hábil análise desses protocolos, em suas diversas formas de indução à leitura, Cristina Maria Rosa demonstra que o autor tinha um inventivo projeto pedagógico, de cariz republicano, que o leitor desta investigação irá encontrar nas suas últimas páginas e que faz jus à utopia da plena emancipação do homem que sempre animou a literatura de Erico".

Pude entrevistar Flávio Loureiro Chaves, amigo e grande conhecedor de Verissimo. Uma de minhas questões foi a respeito do desaparecimento do Abecedário Meu ABC, de Erico Verissimo. Ele escreveu:

"A crítica da época não se interessava por essa área, considerando-a talvez subliteratura. Quanto à crítica ulterior, penso que ele ficou "imprensado" ou "esquecido" por dois motivos. Antes dele ocorrera a hiper-valorização de Monteiro Lobato. Depois, a partir dos 70, deu-se o "boom" dos livros infantis e com eles a hiper-valorização das "novidades" (muitas vezes sem observar-se a qualidade). Acho que a contribuição de EV situou-se historicamente entre os dois fenômenos e, assim, desprovida de maior avaliação crí­tica. Aliás, muitos o consideravam, nesse segundo momento, já ultrapassado. Será?" (CHAVES, 2011, s/nº).


Chaves (2011) acredita que “Erico Verissimo não se interessava muito em promover os velhos livros escritos nos anos 30” uma vez que estava “mais preocupado com os romances produzidos de "O Continente" (1949) em diante e, disto sim, fui testemunha em mais de uma ocasião”.
Não foram grandes descobertas?

Onde está Meu ABC? Notas sobre um livro desaparecido.

Resumo do livro:

A obra trata de Meu ABC, abecedário elaborado por Erico Verissimo e publicado em 1936 pelas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo. É um ensaio a respeito da produção do abecedário em meio a um grupo de livros dedicados à infância, todos de autoria de Verissimo. Desaparecido das bibliotecas, acervos e mesmo memória das pessoas, foi encontrado pela pesquisadora que se dedicou a estudá-lo em seu estágio pós-doutoral, realizado na UFMG em 2010-2011. A intenção foi dar assento, na historiografia da literatura infantil gaúcha, a esse ignorado e hoje raro documento: Meu ABC é um dos livros criados como parte do projeto literário e pedagógico do escritor gaúcho que, à época, dava largos passos como colaborador no que veio a se tornar a maior empresa editorial gaúcha, a Editora Globo. Ao criar a “Biblioteca de Nanquinote” nos anos 30, Erico ofereceu aos meninos e meninas de sua época uma possibilidade de infância através da literatura. Analisando o conteúdo literário e pedagógico de Meu ABC, pode-se afirmar que representa um material que sim, poderia ter sido utilizado nas escolas para introduzir crianças no mundo da leitura. Na obra, afirmo a relevância do abecedário de Verissimo, defendo sua consideração no universo da obra do ficcionista e na historiografia da literatura infantil gaúcha.

Lançamento de livro "Onde está Meu ABC de Erico Verissimo?"

     O Abecedário Meu ABC foi escrito por Erico Verissimo e inserido em uma coleção, a Biblioteca de Nanquinote. Ilustrado por Ernst Zeuner e publicado pela Editora Globo  entre 1936 e 1939 com uma tiragem final de 27.500 exemplares, ele desapareceu dos acervos. Ao lado, a autora com o único exemplar encontrado durante a pesquisa. Em formato paisagem, medindo 19x27 cm, possui capa cartonada, guardas ilustradas com motivos infantis, lombada em tecido e 32 páginas de miolo. Nelas, 25 letras do alfabeto.

         No livro, fruto de pesquisa realizada durante estágio pós-doutoral na FaE/UFMG sob orientação da Drª Graça Paulino, a autora revela onde está o exemplar fotografado, apresenta os vínculos do Abecedário com a História da Alfabetização no Brasil e revela os Protocolos de Leitura utilizados por Erico Verissimo para “inventar” uma infância: urbana, inteligente, leitora.
Lançamento: 15/11/2013
Feira do Livro.Pelotas, RS.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Jornada de Literatura 2013

       

Na 15ª Jornada de Literatura, em Passo Fundo, conheci a Margarida Botelho, escritora portuguesa do belíssimo "Os lugares de Maria". Na foto ao lado, sábado pela manhã, antes da palestra final do 2º Simpósio Internacional de Literatura Infantil e Juvenil "Leituras Jovens e Mercado: Demandas e Tendências".



Essa a meu lado é Eva Furnari,
minha escritora de literatura para crianças predileta.
Foi muita emoção pedir seu autógrafo,
conversar um pouquinho com  ela
e dizer que admiro e acompanho seu trabalho.
O livro em minhas mão é seu último: Listas Fabulosas!


Essa na Mesa "A voz dos Ilustradores" é a Rosinha.
Ela tem mais de 80 livros publicados e é uma ilustradora de mão cheia.
Nos contou que sua família é de pessoas muito talentosas: costureiras, bordadeiras, entalhadores e, claro, ilustradores.
Foi bom demais conhecê-la e receber o autógrafo em seu mais novo trabalho: "Coleção Palavra Rimada com Imagem", na qual recontou e encartou cordéis.
No dia 29/08 pude conhecer a Christine Röhrig,
uma mulher incrível que, recentemente,
traduziu do alemão os Contos originais dos Irmãos Grimm.
Editada pela CosacNaify, a obra foi lançada no final de 2012,
em homenagem aos 200 anos da primeira publicação
de Jacob e Wilhelm Grimm.
A obra possui 156 contos distribuídos em dois tomos:
o primeiro com 86 contos e o segundo com 70.
São 666 páginas de pura emoção! 

INVENCIONICES: UM CONTO, UM MEDIADOR, SEU PÚBLICO

       Proposição de trabalho de pesquisa a ser apresentado no X Seminário Internacional de História da Literatura em Porto Alegre, na PUCRS (Novembro de 2013), Invencionices: um conto, um mediador, seu público é o meu mais recente projeto de leitura literária na escola. A seguir, você pode ler o resumo enviado ao evento.

A partir de uma experiência bem sucedida de interação entre autor, leitor e público ouvinte, apresento uma reflexão acerca da premência de bons contatos com o mundo da leitura literária desde a mais tenra idade. Prática não muito frequente entre os mediadores da leitura e mesmo entre os formadores de leitores, a leitura literária, na escola, é eventual, assistemática, não planejada e nem registrada em diários de classe. Pode-se afirmar que, ao valorar demasiadamente os demais conteúdos, a escola confere à leitura literária uma menoridade intelectual.

Em pesquisas recentes pude descobrir que a leitura literária realizada em voz alta pelo professor, tem sido precocemente substituída pela leitura individual, silenciosa. O “desaparecimento” da leitura literária na escola tendo o mediador como referência, como modelo, comprova sua menoridade e reflete o tratamento amador que recebe dos professores. Para estudiosos como Abramovich (2003), Coelho (2000), Fischer (2012), Lajolo & Zilberman (1985), Machado (2004, 2012), Machado (2008), Paulino (2010), Rosa (2011; 2012) e Todorov (2012), ler é atribuir significado ao lido e a leitura literária é condição para a formação do leitor. Para Antunes (2013), o gosto pela leitura não é um atributo genético e precisa ser ensinado, produzido entre os seres humanos, pois ninguém nasce gostando de ler.

O trabalho intitulado Invencionices: um conto, um mediador, seu público, refere-se a uma experiência desenvolvida em escolas no Rio Grande do Sul e tem como produto um livro em mídia digital.  Foi desenvolvida em 2013, com crianças de três a doze anos, em diferentes escolas públicas e privadas.

Os objetivos – inspirados nos princípios da pesquisa qualitativa (LÜDKE e ANDRÉ, 1986) – foram: estabelecer um vínculo imediato entre autor/mediador; incentivar o mediador a ler em voz alta; gerar efeito duradouro com a presença do autor na escola e; produzir um resultado integrado autor/mediador/crianças ao inseri-las como ilustradoras do produto final. 

Os procedimentos foram: 1. Contato com os mediadores; 2. Envio, por email, de um conto; 3. Leitura do conto pelo mediador às crianças; 4. Ilustração do conto pelos ouvintes; 5. Diálogo com o autor na escola; 6. Edição de texto e inserção das imagens pelo autor; 7. Retorno à escola do novo formato para uso do mediador com as crianças.

Os resultados podem ser visualizados nos livros criados a partir dessa interação que tem como objetivo aproximar autor e público alvo da leitura literária.

Obs: para acessar um dos livros criados, escreva para meu email que te envio: cris@ufpel.tche.br

DE A a Z, O QUE GOSTO DE LER...


Em 1995 nasceu meu primeiro e único filho. Enquanto trocava suas fraldas, contava-lhe histórias – verdadeiras e inventadas – para que ficasse calminho.
Cada invencionice minha, cada detalhe maluco ou perigoso, cada tom exagerado ou musical ganhava sua atenção: olhinhos atentos, ouvidos conectados, movimentos lentos. Passou pouco tempo e meu repertório exigiu novidades. Foi assim que dei início a pesquisa sobre o que ler para crianças.
Em 1995 nasceu meu primeiro e único filho. Enquanto trocava suas fraldas, contava-lhe histórias – verdadeiras e inventadas – para que ficasse calminho.
Pedagoga, eu aprendera noções na Faculdade. Mas nada como uma criança curiosa e exigente para que essas noções sejam postas a prova. Assim, a cada biblioteca, sebo, livraria ou mesmo a casa de amigos que eu visitava, indagava, lia e adquiria livros, compondo assim  minha primeira biblioteca para crianças que se iniciou com O menino Maluquinho, do Ziraldo. Foi o primeiro livro que coloquei diante dos olhos de meu filho, aos cinco meses, quando já ficava sentado em meu colo. Depois deste, muitos outros e inclusive gibis passaram a fazer parte de todos os momentos de nossa vida.
Em 1997, passei a ler parte das obras que eu havia adquirido para meu filho no início das aulas de Alfabetização. As estudantes da Licenciatura em Pedagogia, diante dessas narrativas, demonstraram curiosidade, encantamento e desejo de saber mais. Motivada por elas, dei continuidade a pesquisa sobre autores, títulos e obras adequados à infância (de zero a 11 anos) e pude, ao adquirí-las, qualificar minha biblioteca. O intuito, a partir dali, foi ter obras para apoiar os estágios acadêmicos e discutir questões como o que ler, para quem, quando...
Além dessas obras, os pesquisadores que estudavam a leitura na escola passaram a integrar minha biblioteca  Foi desse modo que conheci Regina Zilberman, Marisa Lajolo, Ana Maria Machado, Fanny Abramovich, Nely Novaes Coelho, Graça Paulino, Glória Bordini, Vera Aguiar, Maria Zélia Versiani Machado, Maria Aparecida Paiva e, através destas mulheres maravilhosas, outros autores e suas teses sobre a leitura e a literatura na escola.
Em 2004 eu criei o grupo de leitura literária “ALFABETA”. Integrado por estudantes de Pedagogia da UFPel, foi registrado como um projeto de extensão, uma vez que seu objetivo era levar às escolas, a leitura literária para as crianças e indicar às professoras, obras e procedimentos para a formação do leitor. Desde lá, a cada novo ano, mais estudantes se interessam pela leitura literária e um grupo maior de crianças pode conhecer e se deliciar com as incríveis histórias que circulam entre nós, oralmente ou em livros belíssimos.
Sempre que dialogo com professores, eles solicitam minha lista de prediletos. Ela existe e está sempre sendo acrescida de um novo título, uma nova descoberta.
Neste impresso, denominado De A a Z, o que gosto de ler, apresento a minha lista de livros de literatura para crianças e, desse modo, socializo as raridades que garimpei em 18 anos de estudo na área. Eles foram selecionados entre o que há de melhor em bibliotecas, livrarias, sebos e catálogos das editoras e integram minha biblioteca. Além disso, é raro aquele que ainda não li, ao menos uma vez, para alguém. Desejo muitas e profícuas leituras!

Ana Maria Machado
A grande aventura de Maria Fumaça
A Jararaca, a Perereca e a Tiririca
A velhinha Maluquete
Alguns Medos e Seus Segredos
Bento que Bento é o Frade
Bisa Bia, Bisa Bel
Contos de Fada
Cabe na mala
De Carta em Carta
De Olho nas Pernas
O Domador de Monstros
O Gato do Mato e o Cachorro do Morro
Delícias e gostosuras
Dona Baratinha
Festa no céu
Fiz voar o meu chapéu
Menina bonita do laço de fita
O jogo do vira-vira
O príncipe que bocejava
Quem Manda Na Minha Boca Sou Eu!
Ana Miranda
Lig e o gato de rabo complicado
Aline Abreu
Mamãe sabe QUASE tudo!
Adriana Falcão
Mania de explicação
Anna Claudia Ramos, Ana Raquel
A gente não pode - A gente pode
Arnaldo Antunes
Cultura
Audrey Wood
A casa sonolenta
Babette Cole
Meu avô é um problema
Bartolomeu Campos de Queirós
A filha da preguiça
As patas da vaca
Cecília Meireles – As palavras voam
De letra em letra
Isso não é um elefante
Os cinco sentidos
Vermelho amargo
Papo de Pato
Bel Linares e Alcy
O dia em que eu fiquei sabendo
Papai e mamãe estão se separando
Carmem Lucia Eiterer   
O menino que não nasceu da barriga da mãe
Carlos Urbin
Álbum de figurinhas
Bolacha Maria: Cheiros e gostos de infância
Caderno de Temas
Diário de um Guri
Dona Juana
O Negrinho do Pastoreio e outras histórias
Patropi, a Pandorguinha,
Piá Farroupilha
Saco de Brinquedos
Um Guri Daltônico
Uma Graça de Traça
Casimiro de Abreu
Meus Oito Anos
Cecília Meireles
Romanceiro da Inconfidência
Ou Isto Ou Aquilo
Célia Godoy
Ana e Ana
Cláudio Thebas
O menino que chovia
Christiane Gribel
Minhas férias, pula uma linha, parágrafo
Chico Buarque de Holanda
Chapeuzinho Amarelo
Os saltimbancos
Cora Coralina
O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais
Meu Livro de Cordel

Cristina Rosa
A mosca, a velha e a narrativa
Cobras no laranjal
De arqueologias e de avôs
Luíza
Don e Audrey Wood
O ratinho, o morango maduro e o grande urso esfomeado
Debi Gliori
Histórias para ler na cama
Domingos Pellegrini
A árvore que dava dinheiro
Dorival Caymmi
Samba da Minha Terra
Marina
Saudade de Itapuã
Edy Lima
Mãe que faz e acontece
Pai sabe tudo e muito mais
Elias José
Quem lê com pressa tropeça
Um pouco de tudo - De bichos, de gente, de flores
Erico Verissimo
Os três porquinhos pobres
As aventuras do avião vermelho
Rosa Maria no castelo encantado
As aventuras de Tibicuera
O Urso com música na barriga
A vida do Elefante Basílio
Outra vez os três porquinhos
Eva Furnari
Abaixo das canelas
Adivinhe se puder
Assim assado
Bililico
Bruxinha
Bruxinha Zuzu e Gato Miú
Felpo Filva
Lolo Barnabé
Não confunda
Pandolfo Bereba
Rumboldo
Tartufo
Travadinhas
Trudi e Kiki
Umbigo indiscreto
Você troca?
Zig Zag
Fátima Miguez
A cama que não lava o pé
Cada sapo com seu papo, cada princesa com sua sutileza
Fanny Abramovich
Álbum de figurinhas
Baita irritação
Bateu bobeira e outros babados
Espantoso!
Fofos, Filhos e filhotes
Literatura infantil: gostosuras e bobices
Olhos vermelhos
Pisando no mundo
Quem manda em mim sou eu
Também quero pra mim!
Teimas e birras
Fernanda Lopes de Almeida
A fada que tinha idéias.
Gato que pulava em sapato.
O equilibrista.
O rei maluco e a rainha mais ainda.
Pinote, o Fracote e Janjão, o fortão.
Flávio de Souza
Papai, vovô e eu
Gianni Rodari
Quem sou eu?

Gilberto Gil
Domingo no Parque
Grimm
Contos de Grimm
Magos, Fadas e Bruxas - Heloísa Prieto
Heloísa Prieto
Lá vem história
Jandira Masur
O frio pode ser quente?
O jogo da parlenda
Herbert de Souza, o Betinho
A Zeropéia
A centopéia que pensava
A miltopéia
Miltopéia: A centopéia solidária
Ivo Barroso
Poesia Ensinada aos jovens (coletânea)
Izomar Camargo Guilherme
A lagartixa que virou jacaré
Jean de La Fontaine
Fábulas
João Cabral de Melo Neto
Morte e Vida Severina (teatro)
João de Barro (reconto)
O macaco e a velha
João Guimarães Rosa
A terceira margem do rio
Fita Verde no Cabelo
Joel Rufino dos Santos
Ciúme em céu azul
Mania de trocar
Trancoso
Jon Scieszka
A verdadeira história dos três porquinhos!
José Paulo Paes
É isso ali
Uma letra puxa a outra
José Saramago
O conto da ilha desconhecida
Lane Smith
É um Livro
Leda Aristides
Amigos, mas nem tanto!
Leda de Oliveira
Bruxa e Fada, menina encantada
Lia Zats
Suriléa mãe monstrinha
Lúcia Pimentel Góes
Falando pelos cotovelos
Lucia Reis
O boi, a vaca e o bolo
Luis Fernando Verissimo
Comédias para se ler na escola
Manuel Bandeira
Na rua do Sabão
Maria Clara Machado
O cavalinho azul
Maria Heloísa Penteado
Lúcia Já-vou-indo
Mariana Massarani
Banho
Mário Quintana
Lili inventa o mundo
Nariz de Vidro
O batalhão das letras
Pé de Pilão
Sapato furado
Sapo amarelo
Marina Colasanti
O lobo e o carneiro no sonho da menina
O menino que achou uma estrela
Uma ideia toda azul
Márcia Alevi
Dentro da casa tem...
Marjolaine Leray
Uma chapeuzinho vermelho
Marô Barbieri
Quem dança não faz lambança
A bolinha que não rolava
Mary França e Eliardo França
A boca do sapo
Buá...buá...O que será?
O balaio do rato
O pega-pega
O pote de melado
Mem Fox
Guilherme Augusto Araújo Fernandes
Monteiro Lobato
A chave do tamanho
A reforma da natureza
Caçadas de Pedrinho
Memórias da Emília
Monteiro Lobato em quadrinhos (Globinho)
O Pica-Pau Amarelo
Reinações de Narizinho
Mirna Pinsky
Carta errante, avó atrapalhada, menina aniversariante
Nelson Albissú
Avôs e Avós
Neruda
A tartaruga
Ode ao Gat0
Olavo Bilac
A Boneca
Patativa do Assaré
Triste Partida                               
Pedro Bandeira
Caras, Carinhas e Caretas
Cidinha e a Pulga da Cidinha
É Proibido Miar
Gente de Estimação
Histórias Apaixonadas
Mais Respeito Eu Sou Criança
O Guizo do Gato
O Medo e a Ternura
O Mistério da Fábrica de Livros
Pequeno Pede Tudo
Por Enquanto Eu Sou Pequeno
Pedro Wayne
Histórias da Teté
Um alfabeto à parte: Biobibliografia
Peter Mayle/Arthur Robins/Paul Walter
De onde viemos?
Quino
Mafalda
Rogério Andrade Barbosa
Como as histórias se espalham pelo mundo
Madiba – O menino agfricano
Ricardo Azevedo
Bazar do Folclore
Abre a boca e fecha os olhos
Ricardo Silvestrin
Mmmmmonstros!
Ruth Rocha
A arca de Noé
A menina que aprendeu a voar
Almanaque
Armandinho, o juiz
As coisas que a gente fala
Como se Fosse Dinheiro
Marcelo, Marmelo, Martelo
O piquenique do Catapimba
O que os olhos não vêem
O rei que não sabia de nada
O reizinho mandão
O Velho, O Menino e o Burro;
Palavras, Muitas Palavras;
Quem tem medo de dizer Não?
Quem tem medo do Ridículo?
Uma história de rabos presos.
 Sylvia Orthof
A viagem de um barquinho
As aventuras da Família Repinica
Eu chovo, tu choves, ele chove...
Maria-Vai-Com-As-Outras
Os bichos que tive
Ovos nevados
Se as coisas fossem mães
Uxa, ora fada, ora bruxa
Foi o ovo? Uma ova!
Tatiana Belinky
Aparências enganam
Bumburlei
O livro das Tatianices
Tatu na casca
Terezinha Alvarenga
A mãe da mãe da minha mãe
Toquinho
Aquarela
Vinícius de Moraes
A arca de Noé
Vivina de Assis Viana
O dia de ver meu pai
Wander Piroli
O menino e o pinto do menino
Wolf Erlbruch
O pato, a morte e a tulipa
Ziraldo
ABZ do Ziraldo
Cada um mora onde pode
O bichinho da maçã
O joelho Juvenal
O menino maluquinho
Os dez amigos
Uma professora maluquinha