domingo, 29 de novembro de 2009

Prefácio de "Um Alfabeto à Parte"

Acrescentar Palavras

Valdo Barcelos - Professor e Escritor

 

Acrescentar palavras ao livro “Um Alfabeto à Parte” de autoria da amiga Cris é mais que uma honra. É uma alegria que me faz voltar ou dar voltas no tempo. A emoção que provoca esse retorno se deve ao fato de conhecer a Cris de longa data. E não de uma data qualquer. Conheci a Cris, ainda uma menina, recém-chegada à Santa Maria para realizar um grande sonho seu e de sua família: estudar na Universidade Federal. Para transformar esse sonho em realidade sei os desafios que aquela menina enfrentou. E como os enfrentou. Com uma vontade e uma determinação que causavam inveja a nós “marmanjos”, na época, militantes e convictos revolucionários.

Ao viajar pelos originais do livro da Cris pude perceber que sua disposição de menina se transformou em vigor de mulher. Ao percorrer as páginas de seu livro tive mais uma vez a dimensão de verdade das palavras do grande educador popular brasileiro e criador do Teatro do Oprimido, Augusto Boal (1931-2009). Dizia que todo o texto escrito é um pouco autobiográfico. E se não o for muito provavelmente é plágio.

Curiosa condição esta da Cris: escrever sobre uma biografia e ser ao mesmo tempo autobiográfica.

Paradoxo.

Mas o que é a literatura senão um grande paradoxo? O que é um texto senão uma grande metáfora do mundo e das vidas nele vividas? Como diria o poeta mexicano Octavio Paz: o mundo é como um livro em que cada página é uma metáfora da outra e da outra, e, assim, sucessivamente, a vida vai sendo vivida e nós vamos nos metamorfoseando.

A Cris menina que conheci se fez mulher, mãe, professora, doutora, escritora e com esse livro sobre Pedro Wayne, se faz, também, Biógrafa. Como tantas outras tarefas que vi a Cris assumir, essa foi também cumprida de maneira brilhante. Lendo seu texto penso que não foi uma tarefa. Foi uma viagem que ela soube fazer com prazer. Mais que isto, a Cris nos leva, com seu texto, pelos labirintos de uma vida, de uma época, de um Brasil, de um Rio Grande do Sul e de uma cidade de seu interior. A leitura do livro é como uma viagem que se faz com o corpo parado num lugar, mas com a alma, viajando agitada por muitos mundos.

Cristina Maria Rosa, com esse livro você me possibilitou conhecê-la um pouco mais, o que só aumenta a minha admiração. Já para os demais leitores e leitoras, você proporcionará que comecem a conhecê-la como escritora através da sua belíssima escrita sobre a vida, a obra e a contribuição de Pedro Wayne para a cultura Latino-americana, brasileira, riograndense e bageense. Boa leitura/viagem.

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