Cristina
Maria Rosa[1]
Gabriel
Martins Dos Santos[2]
O que é professoralidade? É a
constituição da profissão no decorrer de seu exercício, considerada a formação,
a identidade e a o exercício de tal profissão. Pode ser compreendido, de acordo
com Hollweg & Vargas (2009), como o
“(...)
desenvolvimento profissional consistente, organizado institucionalmente através
da produção de lugares de sentido e significado, nos quais as redes de
interação e de mediação possibilitem aos professores refletir, compartilhar e
reconstruir experiências e conhecimentos próprios à especificidade da educação
(...)”.
Esta reflexão só foi possível após a
leitura e reflexão acerca de três textos: Condição
docente, de Inês Teixeira; Identidade Docente, de Júlio
Diniz-Pereira e Profissão Docente, de Ana Maria Falsarella, todos inseridos
no Dicionário Crítico da Educação, publicado em 2014 pela Editora Dimensão, de
Belo Horizonte. Proposta realizada na disciplina de Pré-Estágio em Física, a
partir da reflexão de um dos estudantes da disciplina, recompusemos o texto e o
estamos publicando-o a título de divulgação científica.
A leitura dos textos...
Após lidos os textos e considerada a
questão central – há semelhanças entre os termos condição profissão e
identidade docente? – passamos a uma leitura de compreensão das categorias para
podermos afirmar que condição e identidade docente são os dois
termos em que ocorre mais semelhança.
Segundo o texto Condição docente,
de Inês Teixeira (2014), a condição docente depende das condições
sócio históricas, materiais e simbólicas como o tipo de escola e materiais de
trabalho, por exemplo, como também relaciona-se com a ação, a conduta e os
comportamentos cotidianos dos sujeitos socioculturais implicados na relação
docente-discente. Já a identidade docente, abordada por Júlio
Diniz-Pereira (2014), constitui-se em relação ao outro, tanto às instituições –
Estado, Universidades, Faculdades e programas de formação docente – quanto às
pessoas (estudantes, familiares, professores, administradores de escolas, por
exemplo.
Pensamos que, em ambas as categorias – condição
e identidade docente – há similaridade quanto às relações entre pessoas
e o ambiente ou os ambientes nos quais o professor está exercendo seu ofício. Embora
essas relações tenham sido abordadas sob pontos de vista diferentes, percebemos
nas formulações, similaridades. Quais?
ü A
identidade docente foi elaborada sobre o ponto de vista de como a pessoa se percebe
como professor/professora, sendo essa “autodefinição”, nas palavras do autor, construída
e desconstruída de acordo com as experiências que a pessoa teve, tem e terá. Conceito
complexo, portanto. Como exemplo, poderíamos mencionar um graduado em Física que
exerce suas atividades em um Curso de Licenciatura em Física e/ou Matemática na
Universidade e que se percebe/deseja mais como pesquisador do que como professor.
Ou, ainda, uma Pedagoga que exerce sua formação em uma Licenciatura que não a
Pedagogia, tendo que selecionar temas e metodologias próprias da
professoralidade para poder existir profissionalmente neste ambiente;
ü Já
no texto sobre a condição docente, a autora observa como a relação com
as pessoas e o ambiente da prática docente afeta a condição de ensinar. Questões
como o "espírito capitalista” no sistema educacional e interações afetadas
pelo “novo” estilo de vida dos jovens, são mencionadas como intervenientes
importantes;
Profissão docente: o que é isso?
Ao escrever Profissão Docente,
Ana Maria Falsarella (2014) aborda, de forma ampla, a formação de professores e
suas práticas. Para ela, professores são um grupo de profissionais em constante
profissionalização, uma vez que independente da formação inicial (graduação e
seus correlatos, pós-graduação e demais cursos). Professores, ainda, são um
grupo de trabalhadores que usam suas habilidades e conhecimentos técnicos mesclados
com sua habilidade intelectual para observar, detectar e propor soluções para os
diversos problemas que podem surgir na vida escolar. A autora, ainda considera
que, atualmente, a “técnica” que caracteriza a profissionalização está
relacionada ao cumprimento de grande carga horária, dentre diversas outras
exigências impostas pelas instituições aos professores, fragilizando sua
professoralidade. No texto, ainda, Falsarella (2014) aborda, de forma ampla, a
formação e sua prática. Segundo a autora, os professores são um grupo de
profissionais em constante profissionalização, uma vez que independente da
formação inicial (graduação e seus correlatos, pós-graduação e demais cursos),
são um grupo de trabalhadores que usam suas habilidades e conhecimentos
técnicos mesclados com sua habilidade intelectual para resolver os diversos
problemas que podem surgir na vida escolar.
Para concluir...
Como estudar, descrever, abordar a professoralidade
sem considerar os processos de identidade docente? Como discutir conceitos sem observar
as condições de exercício da docência? Relacionada ao cumprimento de diversas
exigências impostas pelas instituições aos professores, pela necessidade de
qualificação constante e pelos desafios que cada nova geração de humanos aporta
nas salas de aula, o que realmente caracteriza a profissionalização docente? O
que seria a professoralidade neste “jogo” que parece ser de palavras/conceitos?
Sabemos que a fragilidade e a força
da professoralidade
advém desta equação: formação, exercício e identificação. Mais sensibilidade,
letramento e reconhecimento social, uma vez que todos nós, docentes ou futuros
professores somos produtores de sentido e significado e deles dependemos.
Continuemos...
Referências:
DINIZ-PEREIRA,
Júlio. Identidade Docente. Dicionário
Crítico da Educação. Belo Horizonte: Dimensão, 2014.
FALSARELLA,
Ana Maria. Profissão Docente.
Dicionário Crítico da Educação. Belo Horizonte: Dimensão, 2014.
HOLLWEG
A.C. & VARGAS, D. P. A construção da professoralidade do professor do ensino
superior. Disponível em: https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/373/2019/02/8c900d9697f071bfb615f5f1b8e94cbf.pdf
TEIXEIRA,
Inês Teixeira. Condição docente. Dicionário Crítico da Educação. Belo
Horizonte: Dimensão, 2014.