sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Literatura enquanto construção literária de sentidos...

 

A construção do termo Letramento Literário

Cristina Maria Rosa

 

Na manhã de 06 de novembro, nos reunimos para conhecer, aprofundar e comemorar a presença de Graça entre nós.

O convidado, Rildo Cosson, em sua fala, lembrou-nos de como Graça e ele redigiram o conceito de Letramento Literário[1], a partir de um convite de Regina Zilberman e Tania Rösing à Graça. Isto em 2009. Rildo ressaltou:

Como Graça havia cunhado o termo, cabia a ela, escrever. Generosa, me convidou. Fizemos um rascunho. E... Começamos a escrever. A definição, o termo, o conceito e outra parte, o letramento literário na escola.

 

E...

Atentamos os ouvidos para receber as memórias de Rildo, que, imediatamente, leu para nós a primeira linha do conceito de Letramento Literário. Aquele que está registrado no Glossário CEALE (2014), ás páginas 186 e 187: “Letramento literário é o processo de apropriação da literatura enquanto linguagem”.

E nos indicou que, cada palavra, foi discutida intensamente, com Graça. Aos poucos, foi explicitando como cada uma das palavras dessa frase – processo de apropriação da literatura enquanto linguagem – foi sendo inserida. Assim:

1.   Processo, no sentido de ação continuada, permanente. Não é habilidade, algo automatizado... É um processo que não começa e nem termina na escola. É um processo social, de apropriação...

2.  Apropriação, no sentido de tornar próprio, incorporar, tornar seu o que recebes, pois não tem leitura igual para o mesmo texto. Cada leitor tem seu universo literário e participa da manutenção/transformação – o movimento da literatura – da literatura em seu contexto. A literatura está sempre se movimentando, em transformação, as pessoas é que fazem a literatura se movimentar. É o leitor que faz a literatura existir, se o leitor não se apropria, ela desaparece!

3.      Literatura enquanto construção literária de sentidos, pois a Literatura não é um apanhado de textos: é um modo de ler e é ter um repertório cultural.

Neste momento, Rildo revelou como, hoje, observa essa imensa contribuição de Graça. Ele destacou:


Graça postulava, insistia, redizia, teimava: Construção literária de sentidos! Pleonasmo, eu pensava. Ela: “Não! Tem que...” Graça tinha razão. Aceitei. Mais tarde, percebi que Graça tinha razão. A construção é singular, própria da literatura, essa é a grande contribuição da Graça. Construção literária de sentidos, pois Graça denunciava a dificuldade que as pessoas tinham de ler literariamente a literatura!

 

Dois conceitos?

Para Rildo, há dois conceitos. Um, genérico, que se refere ao letramento que se faz com textos literários. Outro, o conceito profundo, para o qual o letramento é uma apropriação singular, única, de construção própria de sentidos. É o que faz a literatura ser diferente de todas as outras maneiras que usamos para ler e ler outros textos. E é por isso que precisa ser ensinada, para que se adquira o “traquejo”, uma das palavras que Rildo atribuiu ao repertório de Graça Paulino.



[1] PAULINO, G. Cosson, R. Letramento Literário: para viver a literatura dentro e fora da escola. ZILBERMAN, R.; RÖSING, T. Escola e Leitura: velha crise, novas alternativas. São Paulo: Global, 2009.

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