quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Micropolíticas de Leitura: um conceito


O que são micropolíticas de leitura?
São políticas – arte ou ciência – dedicadas a intervir na existência singular dos sujeitos, tornando-os entregues à fantasia – libertos do agir prático e da necessidade (Queirós, 2009) – através da fruição literária. Tem como objetivo a qualidade da existência humana, um bem inalienável.
Micropolíticas de leitura são atitudes engendradas a partir de um projeto literário que intenciona inserir crianças, estudantes e professores dos anos iniciais em uma sociedade leitora. É um projeto literário e também uma ação política.
Princípio
Parte-se da certeza de que a fruição da arte literária é um direito que ainda não está escrito e, para tal, precisa ser desejado, formulado e produzido entre os seres humanos. As micropolíticas – ações organizadas com objetivos claros e princípios éticos defensáveis universalmente – configuram o campo, tornando a literatura indispensável à existência, elevando-a à condição de artesania humana.
Objetivos
1.      Democratizar o poder de criar, imaginar, recriar, romper o limite do provável;
2.      Acolher a todos e concorrer para o exercício de um pensamento crítico, ágil e inventivo;
3.      Possibilitar à infância acesso ao texto literário como essencial para o seu crescimento;
4.      Promover atividades que tem a literatura como objeto central;
5.      Fazer do País uma sociedade leitora;
6.      Sonhar um País mais digno.

Sala de Leitura Erico Verissimo
As micropolíticas de leitura desencadeadas pelo GELL – Grupo de Estudos em Leitura Literária –, são representadas pela criação de um conceito – a alfabetização literária – pela composição de um acervo literário, pela disponibilização deste em um local e em atividades como cursos curtos, leituras públicas, saraus literários e visitas guiadas e pela criação de uma metodologia de ensino – a mediação para o gostar de ler.
A materialidade
Inserido em uma estrutura acadêmica que integra ensino, pesquisa e extensão, a Sala de Leitura tem como centralidade a proposição de micropolíticas de formação do leitor literário. Geograficamente localizada no térreo do ICH, é vinculada à Faculdade de Educação.
Foco na formação de professores
A formação do mediador literário é estruturador e primordial no exercício cotidiano da docência nos anos iniciais da escolaridade. A argumentação parte do princípio de que crianças que chegam à escola pública precisam ser apresentadas à linguagem literária, alfabetizadas literariamente (ROSA, 2015).
Ao referir-se à formação do leitor, Zilberman (2003, p. 30) diz que a legitimidade do uso da literatura na sala de aula vem tanto “da relação que estabelece com seu leitor, convertendo-o num ser crítico perante a sua circunstância” quanto “do papel transformador que pode exercer dentro do ensino, trazendo-o para a realidade do estudante”.
Outra das ideias compartilhadas é que a oportunidade de entrar em contato com impressos que a escola e a sociedade valorizam deve acontecer através do professor. Assim, a alfabetização literária requer a atitude de um mediador – uma pessoa que "estende pontes entre os livros e os leitores" (REYES, 2014).
O que é a leitura literária?

Para Paulino (2014, p. 177) há, quando da leitura, um “pacto entre leitor e texto” que “inclui, necessariamente, a dimensão imaginária, em que se destaca a linguagem como foco de atenção, pois através dela se inventam outros mundos, em que nascem seres diversos, com suas ações, pensamentos, emoções”. A pesquisadora argumenta que a leitura literária constitui “uma prática capaz de questionar o mundo já organizado, propondo outras direções de vida e de convivência cultural”. Ao selecionar “livros que fascinam”, os mediadores transformam pessoas em leitores. Leitores de imagens, leitores de textos, leitores de sentidos, leitores de vidas.

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