segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Autobiografia de Saramago: textos prévios para o primeiro dia

A coordenação do 3º Curso Mediadores em Leitura Literártia organizou dois textos prévios para os inscritos, e os enviou por e-mail. A leitura busca familiarizar os participantes com a linguagem e com a biografia do autor português falecido em 2010.

1. O primeiro deles é a autobiografia que está diponível no sitio Fundação José Saramago:http://www.josesaramago.org/
O texto, escrito pelo autor, tu encontras em:
http://www.josesaramago.org/autobiografia-de-jose-saramago/


2. O segundo texto é intitulado Mulheres de Saramago e pode ser lido aqui:


As “mulheres” de Saramago

Cristina Maria Rosa

A partir da autobiografia de Saramago, recolhi, recortei e dei nomes femininos a episódios, pessoas, momentos e relações do escritor com “figuras femininas” que o conformaram como sujeito, amante, escritor, cidadão. Aproveite o recorte e conheça mais de Saramago lendo sua autobiografia em http://www.josesaramago.org/jose-saramago/

Azinhaga, uma pequena povoação
Nascimento
16 de Novembro de 1922

Maria da Piedade
Mãe
Família de camponeses
Lisboa
1924
Urbanidade
Josefa Caixinha.

Avó materna
Infância
Escola
Bom aluno na escola primária

Na segunda classe já escrevia sem erros de ortografia
Casa
“Só para nós”, aos 13 ou 14 anos
Pequeníssima
Liceu
Notas excelentes no primeiro ano, bastante menos boas no segundo, mas estimado por colegas e professores.
Eleito aos 12 anos tesoureiro da associação acadêmica.
Escola de ensino profissional
Dos 14 aos 19 anos aprendeu o ofício de serralheiro mecânico.
Incluía, além do Francês, uma disciplina de Literatura.
Leitura
Livros meus, comprados por mim, só os pude ter aos 19 anos.

Fruição literária
Livros escolares de Português, pelo seu carácter “antológico”.
Poesia
Biblioteca pública de Lisboa
Frequentou nos períodos nocturnos de funcionamento.
Guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, o gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.

Ilda Reis
Casamento em 1944
Dactilógrafa, faleceria em 1998.
Violante
Nascimento em 1947
Filha única
Ausência
Até 1966
Ausente do mundo literário português
Poesia
Poemas possíveis, 1966
Publicação
Amizades

Trabalho em editora no final dos anos 50
Amizade com alguns dos mais importantes escritores portugueses
Tradução
A partir de 1955 até 1981
Colette, Pär Lagerkvist, Jean Cassou, Maupassant, André Bonnard, Tolstoi, Baudelaire, Étienne Balibar, Nikos Poulantzas, Henri Focillon, Jacques Roumain, Hegel, Raymond Bayer foram alguns
Crítica literária
Maio de 1967 e Novembro de 1968,

Separação
Divorciado em 1970

Isabel da Nóbrega
Relação de convivência, que duraria até 1986.
Escritora portuguesa
Escrita Cultural

1971-1973: editorialista e coordenador de suplemento cultural
Diário de Lisboa 
Escrita literária
Poema, romance e artigos de teor político
O Ano de 1993, anunciador das obras de ficção que dois anos depois se iniciaria; Manual de Pintura e Caligrafia e Os Apontamentos.
Lavre, uma povoação rural da província do Alentejo.
1975 e a decisão por dedicar-se inteiramente à literatura
Origem, em 1980, ao romance Levantado do Chão, em que nasce o modo de narrar que caracteriza a sua ficção novelesca.
Pilar del Río.
Casamento em 1988.
Jornalista espanhola
Censura
O evangelho segundo Jesus Cristo
Vetado ao Prêmio Literário Europeu sob pretexto de que o livro era ofensivo para os católicos
Ilha de Lanzarote, no arquipélago de Canárias
Moradia a partir de fevereiro de 1993
Pilar e José
Sociedade
participei em acções reivindicativas da dignificação dos seres humanos e do cumprimento da Declaração dos Direitos Humanos

Pessoa como prioridade absoluta

Fundação em Lisboa (2007)
Defesa e a exigência de cumprimento da Carta dos Direitos Humanos, além da atenção que devemos, como cidadãos responsáveis, ao cuidado do meio ambiente.
Defesa e a divulgação da literatura contemporânea,

Casa dos Bicos, em Lisboa
Sede da Fundação José Saramago
Julho de 2008


Projetos vivos de agitação cultural e propostas transformadoras da sociedade.
Morte
18 de Junho de 2010.




segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

3º Mediadores em Leitura Literária

O terceiro curso Mediadores em Leitura Literária ocorrerá em janeiro/fevereiro de 2017.
A novidade, este ano, é o local: será na Biblioteca Cristina Maria Rosa, durante as manhãs dos dias 30 e 31 de janeiro e 01 de fevereiro. A biblioteca está inserida nas dependências da E.E.E.F. Fernando Treptow, no Bairro Fragata.
Lá, em três dias, um grupo de 40 pessoas que amam ler vão se encontrar para dialogar sobre estratégias para tornar leitoras pessoas que ainda não leem ou não gostam de ler.
O programa completo tu podes conhecer aqui a partir de 18/01. Não deixe de participar. Mande um e-mail para cris@ufpel.tche.br e solicite sua inscrição.

Alfabetização Literária

Conceito grafado por mim pela primeira vez em 2016, a alfabetização literária vem sendo uma prática que desenvolvo desde 1995, quando dei início a um processo familiar de formação de um leitor que hoje atingiu a maturidade, caracterizada por mim como intensidade, diversidade, fluência, independência, autonomia e gosto literário próprio. Por isso mesmo, me atrevo a grafar o conceito e busco, em outras relações, oferecer princípios e procedimentos para que estes saberes extrapolem minhas conquistas pessoais e indiquem generalizações possíveis e mesmo desejáveis, uma vez que se trata de um campo de saber visceral para o cérebro humano e para a escola, em especial.
Uma das inteligências a ser desenvolvida – a verbal – ainda na infância, a alfabetização de alguém em algum campo do saber sempre é um processo que demanda reflexão/ação/reflexão. O tempo todo.
A alfabetização é e deve ser mediada por atitudes de escolha de procedimentos e artefatos cada vez mais sofisticados que exigem comprometimento do propositor e do sujeito que está sendo iniciado. Quando mais jovem este sujeito, menos certezas o alfabetizador tem.
Embora se utilize para tal artefatos culturais públicos como livros e seus conteúdos, leituras e diálogos sobre eles, a alfabetização literária é, também, um processo particular, ou seja, é vivida individualmente por cada sujeito a ela submetido que, necessariamente, atribui valores e sentidos muito próprios ao acontecimento, ao jogo e a suas regras, nem sempre os mesmos atribuídos por seu "professor".
Mas, o que é, para mim, alfabetizar literariamente uma pessoa? Como conceituo a alfabetização literária?
Compreendeo a Alfabetização literária como um processo de apresentação do mundo da literatura ao outro. Um processo que pressupõe um sujeito que deseja - o futuro leitor, a quem a apreciação deve ser ensinada, uma vez que o gosto pela leitura não é um atributo genético (Antunes, 2013) – um sujeito que ama – o leitor e suas práticas leitoras – e um objeto de desejo: o livro, a literatura.
O processo – a alfabetização literária – acontece através de um pacto, vivido no texto não escrito (Queirós, 2011): um diálogo proposto pelo autor ao leitor. Ao mesmo tempo insondável e experimentação, a obra não escrita, a interação, é que revela o literário do pacto e “produz” a obra literária, ao mesmo tempo em que inicia o sujeito nos “segredos” da leitura.
Para a completude do processo, é interessante que exista no mediador a capacidade de selecionar “livros que fascinam” e a compreensão de que a leitura literária pressupõe “uma prática cultural de natureza artística” na qual a “interação prazerosa” com o texto lido é estruturante. Para Graça Paulino (2014) a “dimensão imaginária” garante a invenção de “outros mundos, em que nascem seres diversos, com suas ações, pensamentos, emoções”.
Um desejo - ensinar o gostar de ouvir e ler - deve orientar todo o processo.
A certeza de que, maduro, o leitor pode escolher outros laços, outras letras, outras fontes, integra o despreendimento necessário e bem vindo de parte de quem alfabetiza.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Gabriela: um livrinho digital

Meu mais novo livro igital é um presente a minha priminha Gabriela de apenas quatro anos.
Eu a conheco desde bebê e sou encantada em seus cabelinhos ruivos, repletos de cachos.
Desde outubro, tive a oportunidade de conviver com ela em algumas ocasiões. Desses encontros, poucos mas intensos, surgiu Gabriela, um texto que originou o livro.
Solicitei à mãe da Gabriela que me enviasse algumas fotos e o resultado tu podes conhecer lendo página por página do livro, delicado como uma criança pequena. Bailarina, Gabriela inspirou com seu jeito e alegria, mais um execelente momento em minha vida. Se quiseres ler, escreva que compartilho contigo o arquivo. O texto original está a seguir:


Gabriela
Cristina Maria Rosa
07/01/2016

Eu conheço a Gabriela já faz um tempinho.
A primeira vez que a vi, ela era uma bebezinha. Estava no colo do pai, na missa de casamento da prima. Eu fiquei encantada pelos cabelinhos – crespos como os meus – e pela cor. únicos, como só os dela.
Fiquei encantada pelos cabelinhos, crespos como os meus, de cor única, como só os dela.
Em um dia de outubro, vi a Gabriela pela segunda vez. Ela estava com o cabelo arrumado, a roupa de ir à escola e queria muito brincar. Foi em uma livraria, a vanguarda. e na cidade dela, rio grande.
Olhei, observei, ouvi sua voz, perguntei algumas coisas...
E percebi que era uma menina linda, inteligente, determinada.
E eu gosto de meninas assim...
Passou um tempinho e chegou o verão.
fui à casa da Gabriela. A casa tem muitas janelas e portas transparentes. Parece um castelo de princesa. Desconfio que é um castelo...
Nesse dia de verão, lembro de ter visto uma foto da Gabriela. Na foto,ela estava com uma tiara nos cabelos.
Princesas usam tiaras...
Neste dia, descobri, que a Gabriela gosta de balanço, piquenique e bola.
Conheci alguns de seus amigos e até um peludo, o gurizinho. ele é muito esperto e vive nos jardins do castelo. Será que está cuidando da princesa?
Depois, ao subir uma escada imensa que tem no centro do castelo, puder ver, sobre a cama arrumadinha, a roupa que a gabriela iria usar na festa de fim de ano da escola: meia-calça branquinha, blusinha toda bordada, saia rodada em tule, e sapatilha de amarrar. Cabelo preso em um coque e tiara para  enfeitar...
Em janeiro, passeando no shopping, encontrei a Gabriela.
Ela estava de blusa e shortinho e nos pés uma sandalinha. Os cabelos cheio de cachos, reunidos em uma colinha. Ao vê-la desse jeitinho, lembrei-me da bailarina.
Onde deixara a saia de tule para bailar?
Onde a blusinha bordada e a tiara para enfeitar?
Será que esquecera em casa, as sapatilhas de amarrar?
Pensei: bailarinas também tiram férias, não gostam só de dançar. Quando podem escolhem outras roupas, para se divertir e brincar...
Neste dia no shopping, não resisti, perguntei:
- Gabriela, como foi a festa, de fim de ano na escola?
Ela, inteligente que só, perninha no ar, inclinada, uma pose de cisne mostrou.
Gabriela.
Menina, princesa, amiga, cisne...
Bailarina!